Cidades

Morto ao manter a mulher refém

Policiais do Bope tentaram negociar com o acusado, um policial militar aposentado que mantinha a esposa em cárcere privado no apartamento do casal, na Asa Norte. Segundo a PM, ele atirou na equipe de rendição, que revidou com dois disparos

Correio Braziliense
postado em 15/05/2020 04:16
Equipes do Bope tentou negociar a rendição do acusado por cinco horas

Durante cinco horas, entre a noite de quarta-feira e a madrugada de ontem, policiais militares tentaram negociar a rendição de um tenente aposentado da PM, de 69 anos, acusado de agredir e manter em cárcere privado a mulher, de 67, no apartamento onde morava, na 111 Norte. Mas, de acordo com a PM, houve troca de tiros e o homem morreu.

Segundo a polícia, a equipe do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) foi recebida no local pela própria esposa e, ao entrar na sala, se deparou com o homem eito segurando duas armas de fogo. Ela aproveitou o momento para deixar o imóvel, e os militares recuaram para que o PM aposentado se acalmasse. Ainda assim, com o reforço de um negociador e horas de conversa, ele teria reaberto a porta, colocado as mãos para fora e começado a atirar contra os policiais.

“Nesse momento, houve dois disparos por parte dos policiais do Bope para evitar que ele acertasse a equipe. Eles precisaram revidar a injusta agressão, em legítima defesa. Os militares tentaram vários contatos com o homem, sem sucesso, e conseguiram ver que ele estava caído no chão com duas armas de fogo”, detalhou a nota oficial da Polícia Militar. A corporação acrescenta que “adotou todos os procedimentos protocolares previstos para estes casos, sempre com a preocupação de preservar a vida”. “Porém, o agressor não cedeu”, finalizou o texto.

A rua em frente ao prédio do casal ficou interditada. Um morador contou ao Correio que presenciou a chegada dos policiais. “Em um primeiro momento, eu achei que fosse alguma denúncia de vizinho fazendo festa no apartamento, algo menos grave, mas, quando vi o carro do Esquadrão Anti-Bomba e a quantidade de policiais armados, percebi que era sério”, relatou. Outro morador contou à reportagem que andava na quadra no momento em que ouviu os disparos. “Eram umas 23h30, e a gente ouviu uns quatro disparos, mas não dava pra saber se eram tiros ou se era barulho de moto”, contou.

Aos policiais, a mulher do tenente aposentado informou que ele estava transtornado e passava por problemas pessoais. Nas redes sociais, a última publicação do marido faz uma reflexão sobre o ano. “Percebi que não tenho que provar nada a ninguém. As opiniões de ninguém ditam a minha autoestima, apenas a minha. Contanto que eu acredite em mim, eu vou conseguir”, escreveu. A mulher do PM aposentado prestou depoimento ontem na 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte).

Violência doméstica
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, os registros de violência contra a mulher, com base na Lei Maria da Penha, apresentaram redução de 5,7%, no comparativo do primeiro quadrimestre deste ano com o de 2019. Foram 5.121 ocorrências entre janeiro e abril de 2020, contra 5.430 casos em igual período do ano passado.

Em relação ao feminicídio, o DF registrou quatro crimes em janeiro e duas ocorrências em março e abril, uma em cada mês, totalizando seis casos até agora. Apesar da atual queda, especialistas temem que haja alta nesse tipo de crime em decorrência do isolamento social exigido para conter o avanço da covid-19.

A secretária da Mulher, Ericka Filippelli, admite essa possibilidade e, para impedir qualquer aumento da violência,  criou uma série de facilitadores para tornar mais próximo o acesso das vítimas aos canais de denúncia na quarentena. “A nossa preocupação foi que, com o isolamento social, em um momento de tensão em família, e também possível insegurança financeira, poderia levar à violência doméstica, como aconteceu em outros países, como Itália e China. Pensando nisso, a gente quis estabelecer esses novos canais. Então, a gente abriu um canal de WhatsApp (veja Atenção), e os nossos núcleos de atendimento à família estão atendendo por telefone”, disse.

 

Atenção

A Secretaria da Mulher disponibilizou o número 99415-0635 para denúncias e orientações.

 

Na cadeia por atear fogo à companheira

O acusado de atear fogo à companheira, de 41 anos, entregou-se ontem à 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá). Luiz Carlos de Melo Cabral, 37, chegou acompanhado de um advogado e não prestou esclarecimento sobre o que ocorreu no dia do crime, no sábado, na residência do casal, na Quadra 2 do Paranoá. Mas o Correio apurou que o suspeito informou ter brigado com a vítima antes de jogar álcool nela. Em sequência, ateou fogo. A mulher sofreu queimaduras no rosto, nos braços, no tórax e nas costas. A vítima continua internada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e prestará novo depoimento após alta médica. Luiz Carlos foi preso preventivamente; portanto, ficará detido até julgamento. O agressor tinha passagens por tentativa de homicídio e roubo.
 

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