Correio Braziliense
postado em 19/05/2020 04:06
Apesar da mobilização para o enfrentamento do novo coronavírus, o Distrito Federal enfrenta uma batalha antiga que parece estar longe do fim. O número de casos de dengue ultrapassou 27 mil este ano no DF, com uma taxa de incidência de 892,83 infectados por 100 mil habitantes. De acordo com o boletim mais recente da Subsecretaria de Vigilância à Saúde da Secretaria de Saúde, em uma semana, houve 2,8 mil novos registros e duas mortes. O informativo contabiliza as ocorrências registradas até 2 de maio.
Os dados da pasta revelam ainda um aumento de 66,72% no número de casos prováveis, comparado ao mesmo período de 2019, quando havia 16.347 pessoas com a doença. Além do incremento, de um ano para o outro, houve uma mudança nos subtipos do vírus circulantes no DF. Em 2020, o DenV-1 foi detectado em 319 amostras, e o DenV-2, em 26 do total de amostras analisadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (Lacen-DF). No ano passado, contudo, o tipo 2 predominou, sendo detectado em 71,1% dos casos.
Entre as regiões do DF com maior taxa de incidência estão: Cruzeiro, Lago Norte, Plano Piloto, Varjão do Torto, Candangolândia, Guará, Núcleo Bandeirante, Park Way, Riacho Fundo 1, SIA, Itapoã, Paranoá, São Sebastião, Fercal, Planaltina, Sobradinho 1, Sobradinho 2, Brazlândia, Ceilândia, Águas Claras, Recanto das Emas, Samambaia, Taguatinga, Vicente Pires, Gama e Santa Maria.
Com relação ao número de casos da doença, Ceilândia é líder, com 3.365. Em seguida estão: Gama, com 3.075; Santa Maria, com 2.423; Taguatinga, com 2.068; Samambaia, com 1.943; e Guará, com 1.799 (veja Ranking).
Os dois óbitos mais recentes ocorreram em Vicente Pires e Planaltina e, agora, somam-se às 14 mortes confirmadas no boletim anterior. Sendo três em Ceilândia e Gama; dois no Guará; um no Riacho Fundo II, Sobradinho I, Sobradinho II, Samambaia, Vicente Pires e Santa Maria.
Coletivo
Moradora do Gama, uma mulher de 40 anos, que preferiu não se identificar, perdeu a prima na semana passada por conta da dengue hemorrágica. “Foi muito rápido. Ela morreu em menos de 48 horas depois do diagnóstico”, conta. Quando recebeu o resultado, em um sábado, a familiar, de 39 anos, estava com as plaquetas baixas, muitas dores no corpo e se sentindo fraca. Apesar do mal-estar, ela preferiu voltar para casa. Na madrugada de 11 de maio, a mulher foi encontrada desmaiada na residência. “O Samu socorreu e entubou ainda em casa. Ela foi transferida para o Hospital Regional do Gama (HRG), mas não resistiu. O velório foi fechado, por conta do risco da covid-19. Mas o exame dela saiu na semana seguinte e deu negativo”, acrescenta.
Ainda segundo o relato da moradora, no Gama, há muitos casos de dengue, e a Secretaria de Saúde tem entrado em residências para aplicar o fumacê no quintal, algo que não tinha visto nos outros anos, além da aplicação nas ruas. “O número de casos aqui aumentou muito. Todo mundo conhece alguém que já teve. Tive no ano passado, mas a forma mais simples”, relembra. Ela ficou 10 dias em repouso, sentindo muitas dores no corpo.
Ações
Diretor de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde, Edgar Rodrigues explica que todas as regiões do DF têm um núcleo de vigilância com estudos e ações de rotina. “O trabalho é basicamente na pesquisa e na eliminação dos focos e criadouros com a orientação aos moradores”, afirma. Neste período de quarentena, ele pede aos brasilienses que tirem alguns minutos do dia para fazer uma inspeção em casa. “Se todos entenderem que a população faz parte do problema, nós vamos conseguir diminuir o número de vetores e, consequentemente, o número de casos”, acrescenta.
A pasta trabalha em dois projetos. O Sanear dengue consiste em uma união das áreas que estão melhores preparadas para dar suporte e apoio às regiões que mais precisam. Além disso, em parceria com a Secretaria de Segurança Pública, com o DF Legal e com o Serviço de Limpeza Urbana (SLU), servidores recolhem sucatas nas ruas para diminuir a possibilidade de reprodução do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. “Essas carcaças são levadas para um determinado ponto, onde são monitoradas”, detalha. Na avaliação de Rodrigues, dois fatores explicam o incremento de casos. O primeiro é o aumento da quantidade de chuvas, associado à longa vida do ovo do mosquito. O segundo está relacionado ao novo vírus. “Nessa época, muitas pessoas não estão procurando as unidades básicas de saúde, nem fazendo a vistoria nas casas.”
Ranking
Cidades com o maior número de casos de dengue:
Ceilândia 3.365
Gama 3.075
Santa Maria 2.423
Taguatinga 2.068
Samambaia 1.943
Guará 1.799
Sobradinho II 1.746
São Sebastião 1.595
Plano Piloto 1.191
Sobradinho 1.182
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.