Cidades

Flores, um bom negócio

O setor de floricultura, considerado não essencial, recria-se para manter as vendas e enfeitar a casa das pessoas durante o período de isolamento social. O sistema de delivery ajuda a manter a clientela e as contas em dia

Correio Braziliense
postado em 21/05/2020 04:06
Eiiti Yuri: %u201CCriamos um kit %u2018faça você mesmo%u2019. Enviamos todos os insumos para a construção de um terrário%u201D

Ser otimista e resiliente em situações adversas é a melhor receita para esses tempos de pandemia. Em meio à crise, o comércio de flores se reinventa. Hoje, no Brasil, existem cerca de 8,3 mil produtores, 680 atacadistas e mais de 20 mil pontos de venda de flores, segundo dados do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor).

Para sobreviver no ramo, o empresário Eiiti Yuri foi diligente e se antecipou em soluções que pudessem aumentar o volume de vendas na sua floricultura. “Desde o início da doença, fiquei atento ao que estava ocorrendo com o comércio das áreas mais afetadas, China e Itália. Então, tive algum tempo para bolar uma estratégia e não perder fluxo de caixa e distribuição dos produtos”, relembra.

Assim como grande parte dos prestadores de serviços e distribuidores, o empresário adotou o sistema de delivery, assim pôde manter as vendas sem colocar clientes e funcionários em risco. “Além da venda por catálogo, no site e redes sociais, eu passei o meu workshop de preparação de terrários para as plataformas digitais. Hoje, dou aula por videoconferência, mas estou gravando conteúdo para montar um curso inteiramente on-line”, conta Eiiti.

Existem ações seguras para quem não abre mão da experiência de compra in loco, e Eiiti também oferece essa opção aos seus clientes. “Nós atendemos a alguns clientes aqui, na Nano Garden, mas, para isso acontecer, eles precisam agendar um horário conosco. Nós atendemos assim, pois não há aglomeração e a vida de ninguém é colocada em risco”, diz o empresário.

Para uma mente criativa, até o pior fato pode se tornar inspiração. Eiiti desenvolveu um produto para contemplar o momento de quarentena. “Criamos um kit de ‘faça você mesmo’. Nós enviamos todos os insumos que são necessários para a construção de um terrário junto a uma instrução com sete passos. O retorno que recebemos é que esse produto é uma verdadeira terapia para quem está em casa em situação de estresse, além de juntar a família em torno de um propósito”, destaca.

Os sistemas de telepedido, delivery e take out estão sendo os maiores aliados para os empresários e consumidores neste momento. Fabiana Ungaretti, dona do Petit Jardin, lançou mão desses recursos para manter a saúde de seu negócio. “Desde o início, passamos as vendas para o nosso Instagram, com uma vendedora disponível das 10h às 19h para tirar dúvidas e fazer as encomendas. Na semana do Dia das Mães, por exemplo, colocamos nosso site em funcionamento e estamos migrando gradativamente as comercializações para lá”, explica.

Para Fabiana, essas alternativas foram tão bem-aceitas que podem virar o carro-chefe da empresa por mais um tempo após a quarentena. “Continuamos fechados e não pretendemos voltar nos próximos meses, estamos investindo no on-line. Não digo que nunca mais reabriremos a loja, mas creio que levará um tempo grande para isso. Este momento vai fazer com que as pessoas mudem seus hábitos de consumo”, sugere.

O universo digital parece mesmo a melhor saída neste momento para todos que ainda estão proibidos de abrir as portas. João Medina, 22 anos, é um grande consumidor do mercado de plantas. Ele é sócio de uma empresa de paisagismo e, para entregar seus projetos, precisa contar com o bom funcionamento dos viveiros e produtores. “Nós, da Limão Paisagismo, temos parceria com ótimos distribuidores, privilegiamos os produtores locais. É importante o comércio aberto para que possamos ir lá escolher as nossas plantas, mas estamos aprendendo a fazer todas essas operações por catálogo”, conta o jovem empresário.

Conhecendo os dois lados da moeda, João é mais um daqueles que acreditam que o mundo digital vai mudar os hábitos de consumo da população. “Nossa empresa não tem escritório, ela é totalmente home office. E, apesar de termos entrado agora no mercado, os projetos estão pipocando. Todo mundo está em casa e a atenção se voltou ao lar. Inegavelmente, as plantas trazem uma grande sensação de bem-estar e aconchego, por isso, estamos sendo bastante procurados para projetos de paisagismo, além das vendas avulsas de plantas”, diz Medina.

Fazer a diferença

O gerente nacional de relacionamento com cliente Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Enio Pinto, explica que as dificuldades são uma chance de crescer, mesmo nesses tempos. “O verdadeiro empreendedor enxerga sempre uma oportunidade onde todos enxergam um problema”.

Para o especialista em mercado, a palavra-chave agora é “diferença”. “Hoje, temos um cenário problemático, os empreendedores devem direcionar suas parabólicas para um novo prisma de oportunidades. A diferenciação vai ser a maior arma de combate, é fazer diferente para tempos e necessidades diferentes. A transformação digital aconteceu a fórceps e, até o negócio mais conservador, deve se revestir com uma casquinha de tecnologia para continuar atendendo bem”, aconselha.

“O raciocínio que a gente precisa ter é que uma empresa existe para resolver um problema. Não porque a pessoa tem um espaço ocioso ou uma ideia. Em momento de crise, eu devo revisitar o problema original ‘para que eu existo’ e analisar se continuo sendo necessário. Se sim, devo me adequar às demandas”, enfatiza Enio Pinto.



Aperfeiçoamento

O Sebrae presta consultorias e cursos voltados ao empreendedorismo. Os pontos
de atendimento permanecem fechados em respeito ao decreto, mas a equipe de profissionais segue operante. Você pode encontrá-los no portal com opção de chat,
redes sociais e teleatendimento.

Telefone: 0800 570 0800

Site: sebrae.com.br

Facebook: /sebrae

Instagram: @sebra
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