Correio Braziliense
postado em 22/05/2020 04:06
Agentes da Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCC) prenderam em flagrante dois homens acusados de ameaçarem juízes de morte. A ação ocorreu na manhã de ontem, um dia após o ministro da Casa Civil, general Braga Netto, solicitar rigorosa apuração sobre a autoria e responsabilização pelos crimes. A delegacia especializada continuará investigando Celio Evangelista Ferreira do Nascimento e Rodrigo Ferreira para chegar a demais envolvidos e em possíveis financiadores.
Policiais cumpriram um mandado de busca e apreensão no escritório dos suspeitos, no Lake Side Apart Hotel, localizado no Setor Hoteleiro Norte. Do local foram recolhidos um vasto material de conteúdo contra a democracia e violento, além de HD de computador, telefones celulares e um pen drive com a anotação “matar juízes, matar todos”. Os equipamentos eletrônicos passarão por perícia da Polícia Civil. Celio e Rodrigo produzem vídeos para um canal do YouTube e realizavam ameaças para representantes dos três poderes: Judiciário, Executivo e Legislativo.
O delegado Dário Taciano de Freitas Júnior, da DRCC, explicou que a dupla produziu grande quantidade de panfletos e banners. O conteúdo das mensagens gerou preocupação. “Entre os materiais apreendidos, encontramos um modelo de revista que determina à população que mate o presidente Jair Bolsonaro, o procurador-geral, e outros representantes políticos. Alegam que o Estado está falido e que as autoridades são verdadeiros terroristas que atuam contra a Constituição”, destacou. “Todos os objetos foram apreendidos, incluindo os documentos. Também encontramos listas de anotações avulsas, contendo nomes de pessoas, endereços físicos, eletrônicos, senhas, números de telefone e outras informações. Os materiais serão analisados para a auxiliar nas investigações”, acrescentou o investigador.
De acordo com o chefe da DRCC, delegado Giancarlo Zuliane, o local onde funcionava o escritório dos acusados não estava locado no nome deles. Portanto, pode-se tratar de um grupo por trás dos e-mails ameaçadores enviados a juízes, promotores e políticos. “Sabemos que é um grupo maior, porque percebemos que essas pessoas não têm condições financeiras de manter-se naquele local privilegiado aqui em Brasília. Eles também ostentam veículos, gastos (exagerados) com combustível, impressões em grande quantidade de material baseado no pensamento antidemocrático, voltado para a atuação do estado de sítio por militares”, afirmou.
Financiador
Ainda conforme Giancarlo, será apurado se o financiamento recebido pela dupla é político ou de entidades, sejam públicas ou privadas. Nenhuma linha de investigação será descartada. “Identificaremos isso por meio da análise do computador. Aí poderemos ter uma linha de investigação nesse sentido. No momento, seria prematuro fazer algum tipo de afirmação quanto ao verdadeiro financiador do grupo”, finalizou.
Celio e Rodrigo foram autuados nos crimes contra a segurança nacional, a ordem política e social. A lei prevê delitos que lesam ou expõem perigo a integridade territorial e a soberania nacional, o regime representativo e democrático, a Federação e o estado de direito, além dos chefes dos poderes da União. Se condenados, podem pegar de 3 a 15 anos de reclusão.
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