Correio Braziliense
postado em 23/05/2020 04:06
Pacientes internados no Hospital Regional de Ceilândia (HRC) e acompanhantes denunciam a falta de estrutura do local para lidar com casos de coronavírus. Segundo relatos, não há uma separação adequada da ala que trata pessoas com covid-19 e uma área com pacientes com quadros graves de outras enfermidades. Vídeos e fotos recebidas pelo Correio mostram que dois blocos são separados apenas por uma pequena parede, sem nenhum outro tipo de isolamento. A falta de álcool em gel também é um problema constante, de acordo com eles. A preocupação é maior a cada boletim divulgado com dados de coronavírus no DF. Ceilândia e Sol Nascente, juntas, são as regiões do Distrito Federal com mais mortes por covid-19 — 20 óbitos.
Segundo denúncias, a ala do HRC separada para contaminados e suspeitos não teria qualquer outro tipo de isolamento, além do bloco de concreto de cerca de um metro de altura. A preocupação se agrava ainda mais pela proximidade com pessoas com quadros clínicos graves, pois nestes casos a letalidade do coronavírus é ainda maior. O Correio recebeu relatos de acompanhantes de pacientes em estado terminal que temem infecções dentro da unidade de saúde.
A Secretaria de Saúde afirma que o HRC segue os protocolos estabelecidos pela pasta para casos de covid-19, respeitando o isolamento, mas reconhece que há uma grande demanda de quadros suspeitos recebidos no pronto-socorro e que há necessidade de uma “adequação na emergência, para isolamento de um espaço”.
A secretaria detalhou que começou ontem a ampliação do espaço de isolamento para mais seis leitos, onde poderão ficar pessoas com suspeita de covid-19 que aguardam resultados de exames. “O HRC atualmente tem seis leitos de quarentena, onde ficam pacientes já confirmados, cinco leitos com ventilação mecânica, para internados em situação crítica, que aguardam resultado do teste para a doença, e seis poltronas para casos suspeitos, mas que apresentam bom estado.”
Infectado no hospital
Nesta mesma semana, um homem de 55 anos morreu após ser infectado pelo coronavírus enquanto estava internado no HRC. O óbito foi divulgado na quarta-feira. Além da contaminação dentro da unidade de saúde, chamou atenção o vácuo no sistema de acolhimento público. O paciente havia sido internado para tratamento de doenças crônicas e tinha uma deficiência não especificada. Ele recebeu alta em fevereiro, mas estava no hospital aguardando uma vaga em abrigo, pois não tinha familiares em condições de recebê-lo e encaminhá-lo a hemodiálises, três vezes por semana. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) informou que o caso chegou ao órgão somente em 15 de maio.
“A Promotoria de Justiça de Defesa da Pessoa com Deficiência (Proped) requisitou à central de vagas da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) o acolhimento em residência inclusiva para pessoas com deficiência adequada às suas necessidades”, informou o MPDFT, em nota. O caso foi tratado com prioridade pela central de vagas da Sedes, que acrescentou que o acolhimento institucional de longa permanência era concedido após a realização de um diagnóstico socioassistencial, para identificar se a família do paciente realmente não tinha condição de acolhê-lo.
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