Cidades

Mudança no bom e velho cafézinho

Correio Braziliense
postado em 25/05/2020 04:30
A barista Luciana Araújo é uma das organizadoras do Coletivo do Café



Com muitos setores do comércio ainda fechados devido à pandemia do novo coronavírus, a relação entre os estabelecimentos e os clientes passam por mudanças. As cafeterias estão entre as empresas que devem se adaptar para manter a saúde financeira, e o desafio é conseguir alcançar os consumidores que frequentavam os espaços para tomar café e, agora, precisam ficar em casa seguindo as medidas de distanciamento social.

A partir da necessidade de as cafeterias continuarem a gerar renda, surgiu uma iniciativa Coletivo do Café que uniu profissionais envolvidos no setor. “A intenção é não perder o timing, fazer o maior número de novos projetos para ajudar o máximo de pessoas do meio que pudermos em vez de ficar procurando um projeto perfeito e chegarmos atrasados”, explica Luciana Araújo, consultora de baristas e uma das organizadoras do coletivo.

Preocupados com a situação dos trabalhadores, o grupo lançou um curso on-line sobre café, que ensina desde como fazer a bebida até o cultivo da planta. A iniciativa estuda, também, implementação de venda de vouchers. “O café, para nós, nunca foi só um produto. Tudo é pensado para a melhor experiência do consumidor, como a louça, a organização do espaço e a música que toca no ambiente”, afirma Luciana Araújo. “A gente dá um duro danado, há anos, para não ser só apenas uma xícara de café”, pontua.



Hoje, o desafio é gerar, a distância, as sensações que as pessoas tinham quando frequentavam uma cafeteria. “Uma coisa que precisamos entender é que o consumidor também faz parte da cadeia do café, e agora mais que nunca, pessoas estão fazendo o café especial de casa”, comenta Luciana. “O café é um encontro que envolve pessoas, lugares, rituais, sensações e memórias, e quem consome também faz parte disso tem um próprio sentimento que o café traz”, considera Luciana.

As cafeterias se organizaram de forma que haja diálogo sobre a situação de cada estabelecimento. O objetivo é discutir projetos e ideias a fim de amenizar os impactos econômicos da crise provocada pela covid-19. Um grupo de WhatsApp do Coletivo do Café conta com 21 representantes de diferentes empreendimentos do setor de cafés especiais de Brasília. Estão presentes profissionais ligados ao Ernesto, Los Baristas, Clandestino, Castália, Civitá, Antonieta, Café e um Chêro, Batelada, Bellini, Mercado do Café, Nero, Mokado e Seu Patrício. “Uma questão importante é que este grupo não está fechado, ele aceita mais pessoas que possam contribuir e enriquecer as discussões e ações que serão feitas”, complementa Luciana Araújo.

Clientes

Não são só os comerciantes que estão sofrendo com as cafeterias fechadas, os frequentadores também sentem falta de ter um momento para apreciar um bom café com o toque do barista. Este é o caso da arquiteta Ana Clara Caetano, da professora universitária Gabriela Netto, e da professora de português para estrangeiros Lorena Timo. 

As três veem a iniciativa do coletivo de forma muito positiva. “Espero que isso tudo seja para além da quarentena”, afirma Gabriela. A professora disse que tem aproveitado o delivery para presentear os amigos com cafés. “Minha esperança é que continue este clima de solidariedade para que possamos passar deste período”, completa.

Apaixonadas pelo café e, principalmente, pelos espaços de Brasília destinados ao consumo da bebida, as amigas acreditam ser necessário ajudar os estabelecimentos da capital nestes tempos de pandemia. “Em situações como essa, é melhor despender mais dinheiro para pessoas que estão a sua volta”, defende Lorena.

Para Ana Clara, os espaços tornaram-se cenários de histórias e de memórias, e a preservação financeira deles é uma maneira de manter estes pontos de encontro vivos. “É muito claro qual a cafeteria é só um negócio e qual tem alma”, pontua Ana Clara.

Estagiário sob a supervisão de Guilherme Marinho



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