Cidades

Sociedade de Infectologia do DF repudia ameaça a médica do Hran

Em nota, demonstrou apoio à infectologista que orientou a médica com sintomas da covid-19 não realizar o plantão no Hospital Regional da Asa Norte

Correio Braziliense
postado em 27/05/2020 23:45
Médica foi dar plantão em UTI mesmo com sintomas da covid-19A Sociedade de Infectologia do Distrito Federal se posicionou sobre o caso da médica que foi dar plantão no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), mesmo após relatar que estava com sintomas do novo coronavírus, na última sexta-feira (22/5). Em nota, a entidade afirmou que repudia todo e qualquer tipo de ação para coagir médicos ou quaisquer outros profissionais a trabalharem com sintomas da covid-19, além de repudiar qualquer ameaça a profissionais infectologistas que atuam de acordo com os protocolos técnicos de saúde.

“Todo profissional merece respeito e cuidados adequados quando apresentarem sintomas ou confirmação de contágio, não havendo qualquer razão ou recomendação para continuar atuando se houver indício ou risco de estar contaminado, mesmo em ambiente com pessoas já contaminadas pela covid-19”, diz trecho do comunicado.

Em relação a situação que ocorreu no Hran, a sociedade de infectologia espera que os fatos sejam rapidamente apurados e que os protocolos e as recomendações das autoridades competentes sejam seguidos por todos os escalões da saúde para que o combate ao novo coronavírus tenha o menor impacto nas vidas da sociedade.

A nota ainda expressa solidariedade à médica intensivista do Hospital da Asa Norte e desejou que ela possa receber os cuidados adequados para retornar à sua rotina regular,  em breve, para continuar atuando no combate à pandemia. 

“À nossa colega Infectologista, nosso profundo respeito e apoio incondicional para que possa atuar sem qualquer tipo de assédio no exercício da profissão, tão importante em qualquer tempo e cuja orientação técnica é indispensável neste período crítico de pandemia que estamos vivendo”, finaliza o comunicado. 

Entenda o caso


Na última sexta-feira (22/5), uma médica intensivista do Hran relatou que estava com sintomas do novo coronavírus. Preocupada se ela deveria dar o plantão mesmo podendo estar contaminada, a médica perguntou para uma infectologista se ela deveria ir trabalhar. A profissional orientou que o melhor era não ir.

Em troca de mensagens, o chefe da UTI questiona a infectologista sobre a orientação dada. “Você ta querendo desfalcar um plantão da UTI sem motivo real para isso?”, escreve. E a profissional responde: “Você quer colocar plantonista que disse que está com dispneia (falta de ar) hoje para dar plantão ou você está me ameaçando?”. Em outra mensagem ele diz que a obrigação dela é orientar, aconselhar, conversar, emitir opinião e parecer especializado e não fazer escala de plantão.

Ao Correio, o chefe da UTI se posicionou sobre os fatos. “Durante o plantão, ela me disse que se sentiu mal e que iria fazer alguns exames. Nos falamos por ligação à tarde e ela disse que o exame de tomografia havia dado normal e a saturação de oxigênio deu 100%. Eu a perguntei se ela tinha condições de ir para o plantão e se fosse preciso substituí-la. Mas ela disse que não e, quando chegou ao hospital, estava ótima, alegre, corada e tranquila. Perguntei novamente se ela estava bem e ela disse que sim.”

Segundo ele, a profissional concordou em assumir o hospital. “Afirmou que estava bem e disse para esperar o resultado sair, porque ela estava com um sintoma leve, o que poderia ter outras causas. E eu disse: ‘Se der positivo, te afastamos, mas o importante é estar bem'”, ressaltou.
 
No sábado (23/5), a intensivista do Hran afirmou que o teste para o novo coronavírus resultou positivo. A Secretaria de Saúde irá abrir um processo administrativo disciplinar para apurar a situação. 

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