Cidades

Tem que haver criatividade

Secretário de Desenvolvimento Econômico do DF afirma que o foco da pasta para mitigar impactos da covid-19 é pensar em alternativas econômicas para a retomada do crescimento e a geração de emprego. Para ele, a doença criou um cenário nunca visto antes

Correio Braziliense
postado em 28/05/2020 04:06
Com cenário de alta de desemprego e agravamento da crise econômica no Distrito Federal devido à pandemia da covid-19, o titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, José Eduardo Pereira Filho, empossado na segunda-feira, comentou sobre os principais desafios da pasta pela frente. Ele foi o convidado do CB.Poder de ontem, parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília. “É um mundo novo, são circunstâncias absolutamente desconhecidas. O vírus é invisível. Há possibilidade de uma segunda onda? Nós não sabemos nada disso. Por isso que nós estamos trabalhando com o que é possível, de uma forma cautelosa, com pé no chão e sem gerar entusiasmos que podem ser exagerados, mas, também, sem desistir”, explicou.

O secretário reforçou que a sinergia entre instituições e órgãos do governo, neste momento, é crucial para adoção de novas estratégias econômicas. “A covid-19 vem de forma disruptiva mexer na economia, nos métodos e no futuro do trabalho”, afirmou. 





Como está a situação do DF, hoje?
Estamos atravessando um rio caudaloso e tortuoso. É um momento de repensar, ressignificar e reconstruir, buscando engenharias capazes de enxergar pontos pelos quais nós vamos nos guiar. Quais são as luzes que nos levam para o momento seguinte.

Que medidas, efetivamente, a secretaria tomou para tentar minimizar o impacto da covid-19?
Nós temos o Entrega DF, que é um programa que vinha sendo tocado, e muito bem, na atração de novos investimentos com incentivos, capaz de gerar novos empregos. Na quinta-feira, o Coutinho (ex-secretário de Desenvolvimento Econômico) assinou, com três empresas, protocolo para a geração, em dois anos, de 17 mil empregos. O ramo da saúde é outro segmento que vai efervescer neste momento e é um dos focos atrativos que vamos desenvolver na nossa secretaria para fazer com que os empresários desenvolvam soluções capazes de atender não só a esta pandemia, mas ao que vem pela frente.

A economia do DF é pouco diversificada. Ela depende basicamente do setor de serviços, que é movido pela renda do servidor público. Como diversificar e gerar emprego?
Tem que haver criatividade, principalmente neste cenário. Tem que haver iniciativas capazes de fazer com que nós enxerguemos um mapa de possibilidades de como dar ao DF uma personalidade empresarial. Seria fortalecer a nossa matriz econômica. Realmente, como eu falei em sinergia, vamos trabalhar com o BRB e outras instituições bancárias; com a Secretaria de Empreendedorismo, recém-criada; com o campo das próprias relações de trabalho; e buscar estabelecer uma matriz econômica com a Secretaria de Economia.

A gente sabe que o DF tem o segundo maior índice de desemprego do país. Como a secretaria vai fazer para requalificar essa mão de obra e tentar reduzir e equiparar mais o índice de Brasília ao índice do país?
É onde entra a sinergia com instituições como o Sesi, o Senac, a indústria e o comércio, porque não se trabalha só. Em um momento deste, de pandemia, tem que se pensar no Estado e nisso entra o GDF, com o Estado parceiro na estratégia e no desenvolvimento das soluções que o empresariado precisa, tanto o pequeno quanto o grande. Nós temos essa sinergia, mas tudo isso está sendo repensado. Nós estamos sentando para pensar em novas soluções. A covid-19 vem de forma disruptiva mexer na economia, nos métodos e no futuro do trabalho.

Quais são as áreas do DF que têm mais potencial de crescimento e de geração de emprego?
Neste momento da covid-19, a área de prestação de serviços e, também, todos os setores comerciais, que fazem as suas entregas por meio dos mecanismos de uberização.

Existe uma previsão para retomada total da economia depois desta pandemia?
É difícil prever, porque nós sabemos pouco como será a própria economia no mundo, e tudo que acontece no mundo tem reflexos internos. Mas, o que nós estamos fazendo no GDF é, justamente, preparar o terreno para que possamos pensar e fazer, com maior cuidado e a maior segurança, nestes próximos momentos.

A secretaria trabalha com a possibilidade de uma segunda onda do coronavírus e a necessidade de fechamento total do comércio de novo?
Ouve-se falar em segunda onda, são ruídos de comunicação que chegam. Há que se preparar um terreno para que se possa recuar, como na Arte da guerra: avança-se, se necessário, recua, observa-se o inimigo. Agora, observar um inimigo invisível? Como se faz isso? Então, nós estamos nos alimentando das melhores informações e gerando essa amálgama dentro do GDF para que possamos ter um ambiente seguro para abertura total.

Quais são, hoje, as regiões do DF com maior potencial de investimento e crescimento?
Nós temos, por meio das Áreas de Desenvolvimento Econômico (ADEs), polos em Santa Maria, no Guará, no Gama e em Ceilândia. No polo de Santa Maria, por exemplo, vamos entregar, agora, uma subestação elétrica capaz de fazer com que o empresário receba a energia segura para desenvolver os seus trabalhos.

Quais são os segmentos que devem sustentar a retomada da economia? A gente viu que, antes da pandemia, o setor da construção civil vinha crescendo.
O índice de confiança da indústria, em dezembro de 2019, estava na ordem de 66%, ou seja, imagine que se sai de um ano que o índice de confiança do proletariado no futuro da economia, na possibilidade de empreender, de contratar, de fazer efervescer a economia era altíssimo e, hoje, ele caiu à metade. Mas, ainda que na metade, é um índice bem satisfatório, tendo em vista a pandemia. A crise faz com que nós tenhamos que trabalhar bem, principalmente, o setor da construção civil, que emprega muito e precisa, neste momento, do apoio do governo.





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