Correio Braziliense
postado em 28/05/2020 04:06
Ao menos 12 jovens, de 14 a 21 anos, participantes de um grupo de liturgia da paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Gama, acusam um homem de 30 anos de abusos sexuais. A denúncia chegou à Polícia Civil por meio do padre da igreja, que tomou conhecimento dos fatos após o suspeito, líder do grupo religioso, convocar uma reunião com as vítimas para pedir desculpas.
Segundo o delegado da 20ª Delegacia de Polícia (Gama) Renato Martins, todas as vítimas eram do sexo masculino e teriam sofrido as violações fora da igreja, em reuniões denominadas como “Dos cuecas”. “Todos os relatos dão conta que os abusos ocorreram fora, em reuniões que eram marcadas alheias à igreja. Isso acontecia em retiros e casas de alguns dos membros e, segundo as vítimas, os abusos ocorriam após essas reuniões", detalhou.
Os crimes vieram à tona há cerca uma semana, após uma live do grupo musical do acusado. Durante a apresentação, um espectador o apontou como autor dos crimes, e logo o assunto tomou conta da comunidade religiosa. O delegado explica que, como forma de contornar a situação, o homem teria chamado as vítimas para se desculpar.
Até o momento, 20 pessoas foram ouvidas pela polícia, entre elas as 12 vítimas e o próprio suspeito dos crimes. Segundo a polícia, ele compareceu à delegacia na segunda-feira passada acompanhado do advogado e exerceu o direito de permanecer calado, não respondendo a nenhum dos questionamentos dos agentes. Como não houve flagrante, o homem aguarda o resultado da investigação em liberdade, mas poderá ser preso, eventualmente, a qualquer momento, segundo o delegado.
Algumas vítimas foram encaminhadas ao Instituto de Medicina Legal (IML) para a realização do exame de corpo de delito. Segundo o delegado, a polícia aguarda o resultado dos laudos e dá prosseguimento à investigação em caráter de sigilo. A polícia acredita que outras vítimas possam aparecer após a divulgação dos crimes.
O acusado atuava na paróquia Nossa Senhora Aparecida como auxiliar geral, e morava nas dependências da igreja desde 2017. O abrigo foi ofertado pelo próprio padre da igreja, levando em consideração que o homem não tinha outro exercício profissional, nem condições financeiras. Acima de qualquer suspeita, ele era considerado um homem de confiança pelos fiéis e pelas famílias dos jovens.
“Essa é a minha paróquia há 40 anos, tenho crianças da minha família que fizeram eucaristia aqui. Isso é uma surpresa horrível para a gente. Se o padre o denunciou, é porque a coisa é séria”, relatou um comerciante que não quis se identificar.
Em nota, a Arquidiocese de Brasília lamentou o ocorrido. “Para contribuir com as autoridades na apuração de fatos de tamanha gravidade, o pároco já esteve na delegacia e apresentou todas as informações que tinha ao alcance dele e que possam auxiliar no trabalho de investigação, assim como se colocou à inteira disposição para contribuir no que for necessário”, informa a nota. Segundo o delegado, o padre e a igreja não são objetos de investigação.
O acusado não tem passagens pela polícia. Caso sejam comprovados os crimes de estupro e violação sexual mediante fraude, ele poderá pegar de seis a12 anos de prisão.
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