Começa na próxima semana a testagem gratuita de trabalhadores da indústria do Distrito Federal para covid-19. Em entrevista ao Correio, o presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), Jamal Bittar, explicou que estarão disponíveis, inicialmente, 10 mil testes, em ação em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os primeiros contemplados serão os funcionários da construção civil. Em seguida, os demais segmentos - mobiliário, gráfico, mecânico, entre outros - serão atendidos.
Assim que a logística para aplicação dos testes for definida, a federação divulgará os locais e a data de início da ação. É provável que já na segunda-feira (1º/6) os primeiros trabalhadores comecem a ser testados.
Outra parceria, dessa vez com Sesi e Senai, tem permitido auxílio importante no enfretamento à pandemia do coronavírus. Oitenta respiradores estão sendo recuperados e devolvidos, sem custos, para o Governo do Distrito Federal. Além disso, até a semana que vem, 500 milhões de máscaras faciais, para evitar contágio, estarão prontas para distribuição gratuita à população. A expectativa é de que esse número chegue a 1 milhão até o fim de junho.
A produção desses equipamentos de proteção individual para distribuição à população mais vulnerável - as entregas têm sido feitas pelo gpverno em pontos de grande circulação, como terminais rodoviários - foi uma das condições impostas pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) para a reabertura gradual do comércio na capital federal.
"É um cenário impesável, triste e muito preocupante. Talvez alguma coisa parceida tenha ocorrido apenas na Segunda Guerra Mundial ou durante a Gripe Espanhola. Mas, para os tempos hoje, nada parecido", avalia Jamal Bittar sobre os efeitos sociais e econômicos da pandemia.
"Parece que a gente está numa fição, quando você abre o jornal e vê que tiveram mil mortes num único dia por conta de uma doença", lamenta o presidente da Fibra. "O que precisamos ter é esperança e otimismo, sempre, de as coisas começarem a fluir, de forma responsável e gradual", completa.
Para a indústria do DF, afirma ele, o cenário começou a se agravar por volta de 15 dias após o fechamento do comércio, por meio de decreto que teve como objetivo evitar a disseminação do coronavírus. Com a ponta da cadeia paralisada, a produção passou a virar estoque e o setor sentiu o peso da crise causada pela covid-19.
O índice de confiança dos empresários do setor caiu de 50% em abril para 39,8% em maio. E a queda na intenção de investimento também foi grande: de 42,8% para 20,9% - menos da metade. "Você precisa do comércio funcionando para poder girar a roda da economia, isso não é novidade", afirma Bittar. Agora, com a reabertura, se as contaminações forem mantidas sob controle, a expectativa é de que haja retomada.
Os resultados, no entanto, só devem ser vistos a partir do segundo semestre. "Serão necessários pelo menos 60 dias para que a gente tenha respostas mais adequadas: ter demanda para os estoques começarem a ser consumidos e a produção começar a ir para os níveis normais. Não é coisas rápida", avalia.
Apesar disso, o presidente da Fibra considera que a capacidade de recuperação do setor é grande e deve ter como gancho a construção civil. "A construção civil tem volume, recursos e, principalmente, capacidade de apresentar resultados rápidos", finaliza.