Enquanto Brasília se desenvolvia, a vida em Taguatinga pulsava com trabalhadores por todos os lados e um comércio ativo. A região foi fundada em 5 de junho de 1958 e reconhecida como cidade, oficialmente, em 1970. Hoje, ela é uma das maiores regiões administrativas do DF, com mais de 250 mil moradores. Ali, muitas vidas se iniciaram e sonhos foram conquistados. A cidade abriga pessoas que vieram de diversos cantos do Brasil em busca de uma nova vida na capital do país. No aniversário de 62 anos, o Correio conta algumas dessas histórias que reforçam o orgulho que Taguatinga carrega.
O advogado Wílon Wander Lopes, 75 anos, é um dos pioneiros da cidade. Ele chegou a Brasília em 1959. Ele veio de Governador Valadares (MG) com a família, em um caminhão. “Quando anunciaram a construção da capital, meu tio ficou encantado e convenceu meu pai a vir”, comenta. Wílon morou até 1960 na então Cidade Livre, quando se mudou para Taguatinga.
“Como veio muita gente para a construção, o governo determinou que não podia mais entrar ninguém”, relata. “O pessoal resolveu ir atrás do Jucelino Kubitschek para exigir uma posição coerente, pois ele havia convidado o povo para vir para Brasília. Ele precisava resolver o problema”, conta.
Taguatinga foi mais um espaço para abrigar os trabalhadores. A cidade foi fundada em uma área do município de Luziânia (GO), na Fazenda de Taguatinga. O advogado viu a cidade sair do barro e crescer. “Eles (os pioneiros) faziam Basília, de dia, e Taguatinga, à noite. Isso tudo sem material. Faziam do jeito que dava. Se precisava de um quarto, colocava um lençol em cima de dois paus e dormia ali mesmo”, recorda. Aos poucos os barracos foram crescendo e a cidade tomando forma. Hoje, é uma das regiões mais desenvolvidas do DF.
De fato, Taguatinga teve um desenvolvimento rápido e grande, como explica o professor de arquitetura e urbanismo da Universidade de Brasília (UnB) Cláudio Queiroz. Para ele, o planejamento, com duas vias que se cruzam, permitiu lotes maiores, contribuindo para os comércio. “Por conta da configuração, daquele traçado que cruzou as duas principais alas da cidade, houve uma amplitude maior à paisagem e permitiu parcelamentos maiores no centro. E na corrida urbanística, Taguatinga oferecia possibilidade de comércios mais amplos”, detalha. O desenvolvimento rápido da região foi reconhecido até mesmo por Lucio Costa, que, passeando pelas então cidades satélites, ressaltou o poder delas no DF.
Paixão
Cleia cresceu em Taguatinga e hoje tem um carinho especial pela cidade. Para guardar as memórias, ela abriu um grupo nas redes sociais em homenagem aos pioneiros, no qual as pessoas compartilham suas melhores recordações. “Taguatinga é uma herança de gente que veio e batalhou muito”, destaca.
Registros
Getúlio ajudava o pai cobrando as passagens dos clientes. A empresa funcionou até 1961. Em 1962, o pai de Getúlio voltou a trabalhar com fotografia e abriu o Studio Leal. Consequentemente, Getúlio também embarcou no mundo das fotografias. Ele fotografou para o Correio Braziliense entre 1963 e 1980. Getúlio reuniu todo o seu amor por Taguatinga e os registros feitos durante a sua carreira na em um livro: Retratos & Memórias: a Taguatinga objetiva de Getulio Romão Campos. Hoje, em mais um aniversário da região, ele destaca que a sua raiz na cidade é profunda e de lá não sairá. Sobre os 62 anos, ele destaca: “Eu vi tudo aqui nascer, crescer e até morrer. Aqui criei meus filhos. Ela é um orgulho para mim e todos os seus habitantes”, ressalta.