Correio Braziliense
postado em 05/06/2020 21:03
Após prestar depoimento ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) contra áudios vazados de Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, Adna Santos recebeu com alegria a notícia de abertura de inquérito policial nesta sexta-feria (5/6) pelo Ministério Público Federal (MPF) no DF sobre o caso. "Eu me encontro, nesse momento, mais fortalecida. Passei dois dias sem dormir refletindo sobre a atitude racista e de intolerância religiosa. Ao descobrir sobre os áudios vazados, eu refleti muito sobre o que fazer, até que cheguei à conclusão de que não poderia ficar sentada. Sinto muito se magooei alguém, mas tive que me levantar e denunciar o fato. Hoje, recebo a notícia com fé de que haverá justiça. Acredito na Justiça do nosso Brasil", comenta a mãe de santo.
O pedido do inquérito foi enviado pelo procurador federal dos Direitos do Cidadão, Carlos Alberto Vilhena, nesta quinta-feira (5/6), e questionava a conduta de Sérgio Camargo em razão de possíveis declarações de cunho racista proferidas contra praticantes de religião de matriz africana e de palavras depreciativas direcionadas ao movimento negro.
O procurador responsável pelo caso, Peterson de Paula Pereira, solicitou que a Polícia Federal apure a veracidade dos relatos e que realize prova pericial a fim de confirmar a autenticidade dos áudios. A PF tem 30 dias para encaminhar ao MPF a portaria inaugural do inquérito. “Concedo o prazo de 90 (noventa) dias para o desenrolar das investigações. Findo tal prazo, retornem-se os autos para análise de diligências”, acrescentou Peterson em documento.
Em um dos áudios vazados, em que se ouve o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, chamar o movimento negro de escória, ele também ofende Adna Santos. Mais conhecida como Mãe Baiana, Adna Santos ocupa o cargo de Coordenadora de Políticas de Promoção e Proteção da Diversidade Religiosa da Subsecretaria de Direitos Humanos e Igualdade Racial no Distrito Federal.
Ela conta que, além de difícieis, desde que recebeu a notícia do áudio, os dias também foram de luta. "Para mim houve crime de racismo e intolerância religiosa. E sou conhecida no Brasil por lutar contra esse tipo de conduta. Ele (Sérgio) me coloca publicamente nos áudios dizendo que eu fazia esquema em Palmares. Se houve esquema, ele tem que provar", declara Adna.
As declarações de Camargo foram feitas em uma reunião interna com assessores. Em nota pública emitida no dia em que os áudios foram vazados, a Fundação Cultural Palmares afirmou que reprova "quaisquer formas de discriminação, racismo ou violência manifestas e empregadas no Brasil e no mundo". "A Fundação Palmares entende que todas as vidas importam independentemente de cor,
raça ou etnia. Confiamos no caminho do diálogo, respeito e tolerância como sendo fundamentais para a solução de nossos problemas", continuou o texto.
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