Cidades

HRC vira unidade de refêrencia

Hospital Regional de Ceilândi terá UTIs exclusivas para tratamento de pacientes com coronavírus. A cidade é a região mais afetada pela covid-19 no Distrito Federal. Ontem, DF registrou recorde de novos casos, foram 1.285 confirmações

Correio Braziliense
postado em 06/06/2020 04:06
Hospital de Ceilândia passou por adequações e terá 10 leitos individualizados de UTI exclusivos

Após três meses do primeiro diagnóstico de coronavírus no Distrito Federal, Ceilândia tornou-se epicentro da doença, com o maior número de casos confirmados e de óbitos. Devido à incidência, na quinta-feira, o Executivo local instalou um gabinete de crise na região para tentar frear a disseminação da doença. Além disso, o hospital regional da cidade passa a ser referência no tratamento à covid-19.

A partir de hoje, a unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Regional de Ceilândia (HRC) será exclusiva para pacientes com coronavírus. O lugar passou por adequações para receber os infectados e os leitos foram individualizados para facilitar o processo de desinfecção. Ao todo, são dez vagas para os diagnosticados.

Ainda, na segunda-feira, o pronto-socorro ortopédico e da cirurgia-geral da unidade será transferido para os hospitais regionais de Santa Maria e Taguatinga. A medida é temporária e entra em vigor para abrir espaço para que o HRC possa receber mais pacientes com coronavírus. Segundo a Secretaria de Saúde, o remanejamento dos pacientes de outras especialidades será mantido por, pelo menos, 60 dias.

Ontem, o DF registrou 1.285 casos de coronavírus, maior quantidade de diagnósticos em um dia. Dos infectados, 72 têm quadro clínico considerado grave e 235, moderado. No mesmo dia, cinco pessoas perderam a vida para a covid-19 na capital. As vítimas tinham idade entre 40 e 90 anos.

Gabinete de crise

Boletim mais recente da Secretaria de Saúde mostra que Ceilândia tem 1.601 diagnosticados e 40 mortos pela covid-19. Ao todo, o Distrito Federal tem 14.208 casos e 186 óbitos provocados pela doença. Por isso, um gabinete de crise foi instalado na cidade, para que representantes da pasta possam tomar medidas a fim de diminuir a incidência da doença e dar conta do fluxo de pacientes.

Ao Correio, o subsecretário de Vigilância à Saúde, Eduardo Hage, informou que a pasta realizou visitas em algumas regiões, como Ceilândia, Samambaia e Estrutural, para checar se as recomendações dos órgãos sanitários estavam sendo cumpridas. “Como Ceilândia está com maior número de casos, decidimos reforçar as ações no campo da saúde. Uma das coisas que observamos é que de 20% a 30% das pessoas não usam máscaras ou utilizam de forma inadequada”, ressaltou.

Entre as medidas que o gabinete de crise deve adotar nos próximos dias, está o fortalecimento da atenção hospitalar. “Na quinta-feira, foi publicado edital para a construção do hospital de campanha, que deverá ser readequado para uma unidade permanente, após a pandemia. Além disso, pretendemos ampliar o teste rápido para 18 unidades básicas de saúde da região. Dessa forma, poderemos cessar o modelo itinerante”, esclareceu.

De acordo com Hage, a divulgação do resultado de exames dos moradores de Ceilândia terão prioridade. A pasta pretende lançar um aplicativo para que os profissionais de saúde consigam acompanhar o quadro clínico dos pacientes em isolamento domiciliar. Segundo o subsecretário, o gabinete de crise poderá ser implementado em outras regiões administrativas de grande incidência da doença, porém, o foco, no momento, é Ceilândia.

OAB faz vistoria

Vistoria da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB/DF) encontrou irregularidades no HRC. De acordo com a presidente da Comissão de Direito à Saúde da OAB/DF, Alexandra Moreschi, a unidade recebia pacientes com o novo coronavírus, antes de se tornar referência. “Encontramos oito pessoas com suspeita e três casos confirmados”, disse. Segundo Alexandra, esses pacientes deveriam ser encaminhados a hospitais de referência, para evitar contaminação na unidade. 

De acordo com o subsecretário de Vigilância à Saúde, como aconteceu em Santa Maria, Ceilândia passará por uma ampliação para receber mais pacientes de coronavírus. “Vamos aproveitar a estrutura do hospital, evitando deslocamento. Isso faz parte da centralização do atendimento”, considerou.


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