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Vidas por trás das estatísticas

Correio Braziliense
postado em 15/06/2020 04:05
Familiares de detentos doentes questionam a falta de comunicação por parte da direção dos presídios. A reportagem conversou com mães de presos que receberam o diagnóstico positivo para a covid-19. Por medo de represálias, elas preferiram não se identificar.
 
Cláudia*, de 52 anos, tem um filho de 25 lotado na Penitenciária do Distrito Federal I (PDF I). Em 29 de maio, ela recebeu, por meio da advogada, a notícia de que o jovem estava infectado pelo vírus. “Ela me disse que há dois dias ele começou a apresentar os sintomas. Estava com febre, dor de cabeça e tosse. O problema foi que a direção do presídio só me avisou sobre o estado dele em 5 de abril. Eles me ligaram e só disseram que ele estava contaminado. Questionei sobre os sintomas e os agentes informaram que qualquer agravo no quadro clínico eu seria comunicada”, conta.
 
O detento precisou ser transferido para o Centro de Detenção Provisória II (CDP II) — unidade recém-inaugurada em que estão sendo abrigados presos com sintomas ou confirmados com o novo coronavírus. Ele ficou nesse local entre 7 e 26 de maio e, após se recuperar, retornou à PDF I. “Em todo esse tempo, não recebi nenhuma notícia dele. Foi um momento muito doloroso, mas de descaso, principalmente pela falha na comunicação. Do lado de fora, sempre ficamos (familiares) preocupados”, afirma.
Viviane* só descobriu que o filho de 24 anos estava internado com a covid-19 no hospital. Segundo ela, no site em que constam as informações dos custodiados, aparecia que o jovem estava lotado em uma cela no CDP II. Contudo, a mãe conta que soube por terceiros que o jovem estava no Hran. “Cheguei lá e pedi para a recepcionista informações do meu filho, mas ela disse que, como ele era do sistema prisional, não me podia passar nada”, relata.
 
O interno faz parte do grupo de risco. Ele sofre de bronquite asmática e usa medicamento para a doença. O jovem se recuperou e recebeu alta ontem. “O governo tem que fazer alguma coisa para melhorar o sistema prisional. Está sem controle e nós, familiares, estamos sofrendo muito. Já que não podemos entrar para vê-los, poderiam permitir ligações ou videoconferência.”

* Nomes fictícios

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