Cidades

GDF não vai impedir manifestações na Esplanada, mas quer evitar confusões

Objetivo é evitar confusões e ataques a instituições como os que ocorreram no fim de semana diante do Supremo Tribunal Federal (STF). Polícia Militar monitora grupo de extrema direita

Correio Braziliense
postado em 16/06/2020 06:00
Fogos contra o Supremo Tribunal Federal foram uma das razões para maior rigidez na fiscalização por parte do Governo do Distrito FederalA escalada de ameaças contra autoridades, ataques a instituições e atos antidemocráticos no Distrito Federal, no fim de semana, fizeram com o que o governador Ibaneis Rocha (MDB) apertasse o cerco contra ações irregulares e protestos extremistas na capital, epicentro das manifestações nos últimos dias. Depois de ser ameaçado, o emedebista reagiu e prometeu coibir os excessos. Ontem, o GDF multou, em R$ 2 mil, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, por falta de uso de máscaras em ato no domingo.

A ação do Executivo local, garantem integrantes do Executivo local, não será contra as manifestações em si, mas, sim, contra atos agressivos e vandalismo. A intenção é impedir quebra-quebra e confusões, como as que foram registradas no fim de semana.

A reação de Ibaneis começou no sábado. Um acampamento do grupo bolsonarista 300 do Brasil foi desmantelado em ação do GDF, com participação da Polícia Militar e da Secretaria DF Legal. Revoltados, manifestantes atacaram verbalmente militares e publicaram vídeos em que ameaçavam autoridades, como o próprio governador. O clima ficou mais tenso, porque integrantes do 300 do Brasil direcionaram fogos de artifício para a sede do Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, chegou a ligar para o governador para pedir medidas contra iniciativas do tipo, que ameaçam e desafiam as instituições.

Ibaneis publicou um decreto que fechou a Esplanada dos Ministérios, para evitar aglomerações e atos antidemocráticos. Mesmo assim, um grupo se reuniu no local e contou com o apoio do ministro Weintraub, que dispensava o uso do equipamento de proteção (veja quadro). Veio daí o flagrante para a multa aplicada ontem.

Ousadia

Mesmo com o rigor do GDF, Renan Sena, 57 anos, depois de ficar um dia detido, o apoiador do presidente Jair Bolsonaro voltou à Praça dos Três Poderes. Renan deixou a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos, após prestar depoimento e assinar termo circunstanciado de ocorrência.

Segundo Reinaldo de Oliveira, participante do mesmo grupo que Renan, os apoiadores desejam que o direito “constitucional” à manifestação seja atendido. “Nossa intenção é pedir um mandado de segurança contra o GDF e exigir nossos direitos”, declarou.

Segundo ele, cerca de 30 pessoas estão concentradas em um estacionamento ao lado da Praça dos Três Poderes. “Estamos usando uma Kombi como ponto de apoio para nossa concentração. Não vamos sair. Ficaremos o tempo que precisar até conseguirmos os nossos direitos”, reforçou Reinaldo. Em nota, a Comunicação da Polícia Militar do Distrito Federal informou que “até o momento (início da noite de ontem), não havia nenhum indicativo de montagem de acampamento na Esplanada” e que está monitorando o local.

Renan Sena foi preso no domingo, acusado dos crimes de calúnia e injúria, contra o governador Ibaneis Rocha (MDB). A mulher que dirigia o carro em que ele estava no momento da prisão também foi detida, confirmou a Polícia Civil ao Correio. Agentes deram ordem de parada, informando se tratar de policiais civis. Nesse momento, a motorista acelerou o veículo para tentar fugir da abordagem. Após alguns metros, os policiais mandaram ela parar novamente e, só então, ela desacelerou. Vídeo gravado por Marcelo Agner, da equipe do Correio mostra o momento da ação policial (confira no site www.correiobraziliense.com.br).

No Departamento de Polícia Especializada, mulher foi impedida de ingressar — qualquer cidadão precisa se identificar na portaria do local antes de entrar. Em meio à confusão, os agentes decidiram abordá-la, mas ela resistiu. A todo momento ela xingou a equipe, gritando que se tratavam de “policiais nojentos e desonestos”, entre outras ofensas.

A mulher é analista do TJDFT e acabou presa em flagrante. Segundo o delegado Dário Taciano de Freitas Júnior, a suspeita foi indiciada pelos crimes de desobediência, desacato e resistência.  Assim como Renan, ela pagou fiança de R$ 1,5 mil e foi solta.

Em nota, o DF Legal informou que três pessoas que foram multadas no DF por não usarem máscara, e 61,8 mil, abordadas. A orientação é de que, primeiro, seja feita abordagem para orientar quem está sem o equipamento. Apenas diante da negativa ou da impossibilidade desse tipo de medida, a penalidade será, de fato, aplicada.

O Correio ainda questionou a Secretaria de Segurança Pública sobre as próximas ações da pasta para coibir esse tipo de comportamento, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.

  • Regras

    - O uso de máscaras é obrigatório desde 30 de abril

    - A partir de 18 de maio as multas passaram a ter validade

    - Para pessoas físicas, a penalidade é de R$ 2 mil

    - Para pessoas jurídicas, o valor é de R$ 4 mil

    - Desde o início da fiscalização, 67 mil pessoas foram abordadas

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