Cidades

Covid-19: Mais de 70% dos leitos de UTI estão ocupados no DF

O avanço do novo coronavírus na capital impacta a saúde do DF. Balanço da Secretaria de Saúde mostra que, dos 590 leitos, 417 estão preenchidos. Hospital de campanha prometido pela Fecomércio ajudaria a desafogar o sistema

Com o crescimento diário dos casos do novo coronavírus, o sistema de saúde do Distrito Federal começa a ficar sobrecarregado. Levantamento da Secretaria de Saúde mostra que mais de 70% das vagas em unidades de terapia intensiva (UTIs) para pessoas diagnosticadas com a covid-19 estão com pacientes. Ao todo, somando a rede pública e privada, são 590 leitos e há 417 pacientes internados neles. Ontem, a capital ultrapassou os 23 mil diagnósticos e chegou a 288 mortes provocadas pela doença.

Na rede privada de saúde, a situação é mais alarmante. De acordo com informações da pasta, há 218 vagas de UTI para pacientes com o novo coronavírus e 173 diagnosticados com a doença no sistema. Ou seja, há apenas 44 vagas livres para pessoas infectadas com a covid-19, uma taxa de ocupação de 79,82%.

No sistema público, que sofre exaustão da capacidade de UTI desde o início da pandemia, há atualmente 372 vagas e 244 pacientes internados. A taxa de ocupação está em 65,59% e ainda há 128 leitos para pessoas contaminadas com o coronavírus, segundo dados da Secretaria de Saúde.

Por meio de nota oficial, a pasta informou que está ampliando, de forma gradativa, a quantidade de leitos para receber os doentes graves. A Secretaria de Saúde ressaltou que, além do Hospital de campanha do Mané Garrincha, a capital contará com unidades desse modelo em Ceilândia e no Complexo Penitenciário da Papuda.
Além disso, o Hospital Regional de Ceilândia (HRC) ganhará a instalação de outra unidade de saúde para atender pacientes da covid-19. Segundo a pasta, o Hospital da Polícia Militar também servirá de apoio no combate à pandemia.

Alerta

O médico especialista em operações humanitárias e desastres no Brasil e no exterior Hemerson Luz, que atua nos hospitais de Base e das Forças Armadas, ressalta que a taxa de ocupação dos leitos de UTI acima de 70% é um cenário preocupante. “O ideal é que ficasse abaixo dos 60%, no máximo, para que se tenha um controle da situação. Passando disso, é sinal de que se deve tomar algumas medidas, como foi feito em Ceilândia, de suspender todas as atividades por três dias”, ressaltou.

De acordo com o especialista, uma das saídas para o problema é implementar medidas nos locais de maior disseminação da doença. Além disso, segundo Hemerson, o Executivo deve pensar em uma estratégia de ampliação de leitos de UTI e na contratação de equipes para compô-las. “Por exemplo, um médico ou enfermeiro trabalha em dois ou três locais. Caso ele fique doente, é mais de um lugar que terá a falta do profissional. Por isso, é importante pensar em contratação, treinamento e capacitação das pessoas que vão atender”, comentou.

O médico esclarece que a disponibilidade de vagas em UTI está diretamente relacionado com a taxa de letalidade. “Se você tiver alta demanda para a baixa capacidade, vai ter aumento desse índice, que são mais pessoas morrendo. Seria frustrante pensar que uma pessoa pode morrer por não ter estrutura adequada”, alertou. O estudioso defende que as únicas medidas preventivas, hoje, são o isolamento e o distanciamento social. “As regras devem ser rigorosamente seguidas. Quem puder ficar em casa, se exponha o menos possível”, aconselhou.

Incidência

Apenas ontem, o Distrito Federal registrou 812 novos diagnósticos de coronavírus e 12 mortes provocadas pela doença. Balanço da Secretaria de Saúde mostra que o total de contaminados chegou a 23.638. Apesar da quantidade de óbitos e infectados, 13.878 pessoas estão recuperadas da covid-19, ou seja, do total de registros, 9.486 casos são considerados ativos.

Das mortes registradas ontem, todos os pacientes tinham mais de 40 anos. Além disso, havia alguma comorbidade — outras doenças que agravam os sintomas da covid-19. As vítimas moravam em Ceilândia (5), Estrutural (2), Planaltina (1), Sobradinho (1), Sobradinho 2 (1), Taguatinga (1) e Varjão (1). Além disso, a secretaria registrou os óbitos de mais duas pessoas que residentes em Goiás, mas faleceram em unidades hospitalares da capital.

Com 2.918 infectados, Ceilândia continua como a região administrativa de maior incidência da doença. Em seguida, está o Plano Piloto, que soma 1.855 diagnósticos, e Taguatinga, com 1.630 notificações da covid-19. O relatório da pasta ainda mostra que a quantidade de profissionais da saúde contaminados pelo coronavírus chegou a 1.332 e da segurança a 452.

Ocupação da UTI

Rede pública 

Leitos 
372

Pacientes 
244

 Taxa de ocupação 
65,59%

Rede privada

Leitos 
218

Pacientes 
173

Taxa de ocupação 
79,82%