Correio Braziliense
postado em 16/06/2020 04:07
Reação ao anti-Brasil
Havia algo que me deixava deprimido aos domingos: as carreatas da insanidade contra a democracia na Esplanada dos Ministérios. Elas são duplamente insensatas em razão de serem realizadas em plena pandemia e de reivindicarem intervenção militar no STF, fechamento do Congresso e hostilidade à imprensa. Envergonham Brasília.
Havia algo que me deixava deprimido aos domingos: as carreatas da insanidade contra a democracia na Esplanada dos Ministérios. Elas são duplamente insensatas em razão de serem realizadas em plena pandemia e de reivindicarem intervenção militar no STF, fechamento do Congresso e hostilidade à imprensa. Envergonham Brasília.
Querem simplesmente destruir os pilares da democracia. Piora muito a já distorcida imagem da capital. O restante do Brasil pensa que eles representam a vontade de Brasília ou que Brasília é a casa da mãe Joana, onde qualquer um pode fazer o que lhe der na veneta, ignorando as recomendações das autoridades da saúde ou o que reza a Constituição.
Embrulham-se em bandeiras do Brasil, mas representam o anti-Brasil pelos valores que tentam propagar. Cometem delitos. Não sou eu quem diz, mas, sim, a Constituição. É o samba do integralista doido. Autoproclamam-se patriotas e ostentam as bandeiras dos Estados Unidos e da Ucrânia. E, em relação a esse aspecto, os militares que fazem parte do governo silenciam.
Por isso, é preciso elogiar a atitude correta do governo do DF no sentido de desfazer o acampamento de manifestantes inconstitucionais e de não permitir mais a baderna dos ataques antidemocráticos. Finalmente, alguém resolveu aplicar a lei. O acinte chegou ao ápice no sábado quando o grupo lançou fogos de artifício rumo ao prédio do STF, que integra o conjunto de monumentos de uma cidade tombada como patrimônio cultural da humanidade.
É como se fosse, simbolicamente, um bombardeio contra o STF. “Esse tipo de conduta não será tolerada. Vou pedir a prisão de todos os que agirem com truculência”, afirmou o governador em entrevista à repórter Ana Maria Campos, do Correio.
É muito estranha a reação tímida, fraca e envergonhada do Congresso Nacional. Eles são 513 deputados e 81 senadores, alguns chegam a negar ou minimizar as ameaças anticonstitucionais quando deveriam fazer a defesa cerrada da democracia.
Se conhecessem um pouquinho da história do Brasil, saberiam que muitos parlamentares que apoiaram regimes de exceção foram cassados e perseguidos, logo em seguida. Tudo pode acontecer em uma situação em que impera o arbítrio. É como se, em meio a uma grave crise política, não houvesse Congresso Nacional. A omissão é a pior atitude para este momento.
Como diz o padre Antonio Vieira, a omissão é o pecado que se faz não se fazendo. Especialmente em tempos de restrições de manifestações públicas, as instituições democráticas têm de funcionar. Se as instituições funcionam, a democracia fica preservada.
Brasília é representação do Brasil. Se Brasília vacila, o Brasil se rebaixa. Se Brasília se eleva, o Brasil se engrandece. Menos Brasília, menos Brasil. Mais Brasília, mais Brasil.
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