Correio Braziliense
postado em 17/06/2020 04:06
O Distrito Federal está, há três meses, em isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus. Nas últimas semanas, alguns setores e espaços retomaram as atividades, com várias medidas de prevenção à covid-19. No entanto, para as pessoas com 60 anos ou mais — consideradas grupo de risco da doença —, o isolamento é essencial. Sem poder retornar à rotina, alguns projetos voltados para esse público estão se adaptando às restrições impostas pelo momento.
Em Ceilândia, a Associação dos Idosos, localizada na EQNM 5/7, viu a necessidade de promover alguma alternativa para suprir a falta da vivência no espaço. O local recebe cerca de 100 pessoas e oferece oficinas de costura e artesanato, terapia ocupacional e ginástica. “Com as atividades suspensas, percebemos que eles estão sentindo falta de estar aqui. Muitos vinham, praticamente, todos os dias, e, agora, estão em casa, cumprindo o isolamento, sem poder ver a família ou amigos pessoalmente”, revela Nayara Gonçalves Silva, 29 anos, pedagoga da Associação.
Em parceria, ela e outros profissionais adaptaram as atividades ofertadas no espaço para serem feitas em casa. “Vamos confeccionar um livro com passatempo, cruzadinha, caça-palavras, mandalas para pintura e um guia de alongamento para eles se exercitarem”, conta Nayara. Para complementar o material, foi criada a campanha A vida pode ser colorida. O intuito é arrecadar lápis de cor e de escrever, que serão entregues junto com os livros de atividades.
“Como, geralmente, eles não têm esse material em casa, resolvemos lançar a campanha. O principal objetivo é ocupar o tempo ocioso deles com algo que gostem. E, como muitos não sabem mexer no celular, essa foi a forma que encontramos de prestar assistência a eles”, ressalta a pedagoga. Além da campanha de arrecadação de lápis, a Associação dos Idosos da Ceilândia está recebendo doações de alimentos e produtos de higiene, que serão doados aos idosos que estão precisando.
Maria da Silva, 70, é frequentadora assídua do local. Agora, com a quarentena, ela está ansiosa para voltar. “Eu não tenho muita paciência de ficar em casa, estou ficando na marra. Com essa novidade das atividades, será melhor. Tudo que vier será bem aproveitado”, afirma Maria. De acordo com a presidente da Associação dos Idosos da Ceilândia, Maria Florência, 70, a essência é o amor. “Antes de assumir a presidência eu era uma usuária do espaço. É muito gratificante estar aqui e proporcionar essa troca”, pontua.
Tecnologia
Além da ação em Ceilândia, outros projetos tiveram que se adequar ao isolamento. Os encontros presenciais tornaram-se on-line, e a tecnologia virou uma aliada, mas, ao mesmo tempo, um desafio. Há 10 anos com aulas voltadas para mulheres dos 50 aos 95 anos, o projeto Divas Dance se reinventou. Devido ao fechamento das academias, o programa, que era realizado nesses locais, ganhou a web e passou a ter conteúdo on-line gratuito.
Roberta Marques, 43, idealizadora do Divas, conta que, mesmo antes da publicação do decreto que fechou todos os espaços, ela percebeu a necessidade de se adaptar. “Nós temos um público que está na idade de risco, e a atividade gera aglomeração e contato físico. Sabemos a importância que tem o exercício físico, por isso, mudamos para as aulas no YouTube”, explica Roberta.
O processo de transição, no entanto, não foi uma tarefa fácil. O primeiro desafio encontrado foi a falta de familiaridade das alunas com a tecnologia. Mércia Albuquerque, 75, relata que teve dificuldade, no início, e que precisou pedir ajuda para o marido e para o filho. Depois, ela passou a acessar os conteúdos sozinha. “A experiência está sendo ótima. A gente tem mais liberdade para fazer as aulas no horário que preferir e quantas vezes quiser. Tenho feito mais aulas do que na academia”, avalia.
Para a aposentada Maria Alice Mamede, 70, a ideia de colocar o projeto na internet foi ótima. “Já estava acostumada com o YouTube, então, para mim foi mais tranquilo. E está sendo divertido. Faço as aulas sorrindo e sempre que tenho a oportunidade, eu indico para alguém. Não tem coisa melhor, eu costumo dizer que vou morrer Diva. Não largo de jeito nenhum”, afirma
Equilíbrio
Outra proposta que ganhou destaque nesta quarentena foi o projeto Saúde de Ferro — Prevenção de Quedas, desenvolvido pela Faculdade de Educação Física, da Universidade de Brasília (UnB), em 2008. O programa traz um circuito de exercícios voltados para o fortalecimento muscular e o equilíbrio da pessoa idosa e seria oferecido em uma academia do Lago Sul. Com a pandemia, a iniciativa se adaptou para a internet e está disponível gratuitamente no YouTube.
A professora de educação física da Unb Juliana Costa explica que as aulas on-line vão além da série de exercícios. “Temos o cuidado de conversar com os alunos e explicar o que está sendo proposto. Além de passar movimentações seguras para o corpo e a limitação que a idade traz”.
Juliana chama a atenção para o programa de prevenção de quedas. “A minha maior preocupação são as quedas, que costumam ocorrer, com maior frequência, em casa. Quando o idoso diminui a prática de atividades física, ele aumenta o risco de queda. O corpo não foi feito para ficar parado”, alerta a educadora física, que convida, a quem quiser participar, a acessar ao canal do projeto no YoutTube.
Confira as iniciativas
Doação para a Associação dos Idosos
De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
Na sede da associação, localizada na EQNM 5/7, Ceilândia.
Telefone: 3373-5059.
Aulas Divas Dance
Canal no YouTube — Divas Dance Vip
Saúde de Ferro — Prevenção de Quedas
Canal no YouTube — Academia Vip Training
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