Cidades

Defesa afirma que Sara Winter foi ameaçada na prisão; secretaria nega risco

A Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal esclarece que a militante bolsonarista está em uma cela isolada das demais detentas

Correio Braziliense
postado em 17/06/2020 21:46
A Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal esclarece que a militante bolsonarista está em uma cela isolada das demais detentasA defesa de Sara Fernanda Giromini, mais conhecida como Sara Winter, afirma que a apoiadora do presidente Jair Bolsonaro sofreu ameaças de morte de dentro da Penitenciária Feminina do Distrito Federal, a Colmeia. A Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal nega a informação e garante que a militante extremista está em segurança, em uma cela isolada das demais detentas. A acusada foi transferida para o presídio nesta quarta-feira (17/6), após cumprimento de mandado de prisão temporária. 

O relato sobre as supostas ameaças foi realizado por meio de nota oficial, assinado pelos quatro advogados de defesa da líder do grupo “300 do Brasil”: Bertoni Oliveira Barbosa, Paulo César Rodrigues de Faria, Layane Alves da Silva e Renata Cristina Felix Tavares. “Em depoimento (15), Sara deixou claro que vem sofrendo ameaças de morte oriundas de dentro da penitenciária, sendo, inclusive, informado ao delegado responsável (da PF) e através de petição à ministra relatora do habeas corpus impetrado, Carmem Lúcia, requerendo a análise urgente da medida liminar para sua imediata soltura”, esclarece o texto. 

Os advogados afirmam ainda que a prisão temporária de Sara Winter é “ilegal, arbitrária e política”. “A defesa não teve acesso sequer à decisão que motivou a prisão temporária, o que entendemos uma grave ofensa ao exercício da ampla defesa. O habeas corpus foi impetrado no mesmo dia da prisão (15), mas, até o presente momento, não houve qualquer decisão, o que causa absoluta estranheza pela demora. A defesa está tomando todas as medidas cabíveis e necessárias para que o direito de Sara Winter seja respeitado”, destaca a nota. 

Ao Correio, o secretário Adval Cardoso, da Administração Penitenciária, afirma que não houve nenhum caso de ameaça de morte feito contra Sara Winter. “Ela está em uma cela isolada, sem qualquer possibilidade de estar em contato com as internas. É de praxe que presos temporários fiquem separados, sobretudo se tratando de uma pessoa pública. Se ela fosse colocada com a massa (carcerária), poderia sofrer algum risco, mas não é o caso”, explica. 

“Quando a Sara (Winter) chegou, a diretora do presídio, Rita de Cássia, conversou com ela. Explicou que ela poderia ficar tranquila, pois teria todos os direitos resguardados e a integridade física assegurada. Portanto, como já informado anteriormente, as chances de uma ameaça de morte ou de algum ataque são nulas. Nosso dever é mantê-la segura”, frisa o secretário.

A princípio, a bolsonarista deve ser liberada na próxima sexta-feira (19). Se o habeas corpus for aceito, Sara Winter deve deixar a Colmeia antes do previsto. No entanto, caso a Justiça decida prolongar o período de detenção ou converter a prisão temporária em preventiva, a militante extremista deve continuar na Penitenciária Feminina.

 
Líder do grupo extremista 300 do Brasil 

 
Sara Winter é natural de São Carlos (SP) e, no passado, defendia pautas de feminismo, liberação do aborto e da construção social dos gêneros. Em um ato, chegou a "castrar" um boneco que representava, à época, o deputado federal Jair Bolsonaro. Ela foi uma das fundadoras brasileiras da variante do grupo Femen, oriundo da Ucrânia, e integrou a vertente até 2012. 

A partir de 2015, passou a participar do "grupo Pró-Mulher" e, em 2018, chegou a se candidatar a deputada federal pelo Democratas do Rio de Janeiro, mas não conseguiu se eleger. Entre abril e outubro de 2019, foi coordenadora de políticas à maternidade no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, por indicação da ministra Damares Alves. 

Atualmente, Sara Winter é líder do grupo de extrema direita "300 do Brasil", que apoia o presidente Jair Bolsonaro. Os atos do movimento defendem ataques antidemocráticos, como o realizado no último sábado (13), em que foram atirados fogos de artifícios contra o Supremo Tribunal Federal (STF).

Sara tornou-se alvo de um mandado de prisão temporária em operação da Polícia Federal que investiga organizadores e financiadores de atos antidemocráticos realizados no país. A militante bolsonarista também foi denunciada pelo Ministério Público Federal (MPF) por injúria e ameaça, praticados de forma continuada, contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.  

As acusações ocorreram em outro inquérito, do supremo, de combate às fake news, resultando em uma busca e apreensão na casa de Sara Winter, em 27 de maio. Na ocasião, a bolsonarista atacou o ministro Moraes, chamando-o de “covarde”. Inclusive, afirmou que descobriria tudo sobre a vida do magistrado: "Nunca mais vai ter paz na sua vida”, ameaçou.

Na denúncia, o procurador da República Frederick Lustosa relata que Sara "utilizou-se das redes sociais para atingir a dignidade e o decoro do ministro, ameaçando de causar-lhe mal injusto e grave, com o fim de constrangê-lo". Se condenada por danos morais, ela pode ser obrigada a pagar R$ 10 mil a Alexandre Moraes. 

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