Correio Braziliense
postado em 18/06/2020 16:02
Em tempos de covid-19, o setor hospitalar tem vivenciado novos desafios. Com a integração dos sistemas público e privado, o medo das pessoas de irem aos hospitais e o vislumbre de um possível colapso, as instituições de saúde precisaram fazer adaptações no serviço. As alternativas de enfrentamento adotadas foram apresentadas pelo presidente do grupo Santa Lúcia, Raul Stuari Junior, durante entrevista ao CB.Poder, uma parceria do Correio com a TV Brasília, na tarde desta quinta-feira (18/6).
Segundo o presidente, a sociedade vive diferentes dilemas. Enquanto algumas pessoas, contaminadas pelo coronavírus, enchem os leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), há aquelas que possuem outras doenças, mas não vão até o hospital por medo. “Temos percebido que muitos têm chegado com quadros clínicos mais graves. Um AVC, que poderia ser diagnosticado na fase inicial, mas chega na fase tardia”, exemplifica. “Nós nos preparamos para atender essas pessoas com segurança, e deixar de ir ao hospital em um momento desses pode ser a diferença entre a vida e a morte”, adverte.
Raul ressalta que, para evitar a contaminação e continuar recebendo os pacientes que não estão contaminados, consultórios e hospitais fizeram adaptações nos serviços. “Já temos quase três meses de pandemia. As pessoas prepararam os seus consultórios para o distanciamento social, higiene adequada, oferecimento de proteção para pacientes”, ressalta.
“É preciso recorrer ao hospital. É muito difícil ter o discernimento, sozinho, do que é algo simples, e do que é mais grave. As descobertas tardias em casos de câncer aumentaram significativamente. É um risco enorme”, reforça.
Uma das alternativas adotadas foi a integração dos sistemas de saúde público e privado. De acordo com Raul, no atual cenário, é importante que um possível colapso ocorra e que as diferenças sejam deixadas de lado. “Estamos enfrentando o mesmo desafio. O medicamento que falta hoje para tratar pacientes em ventilação mecânica, falta tanto para o público, quanto para o privado. É um problema da indústria”, diz.
Para o presidente, Brasília foi uma das cidades que soube evitar o possível colapso, e a integração entre o público e privado foi fundamental. “Fomos muito felizes por termos uma conversa franca e transparente, deixando picuinhas de lado, para não passarmos por situações que vemos em outros estados, como sequestro de leitos, tomada a força de equipamentos, porque isso não leva a lugar nenhum.” “Paciente é um só. Existem as questões de convênio, plano de saúde, mas a vida humana em primeiro lugar”, completa.
Entre as unidades da Federação, o quadro de covid-19 do Distrito Federal está entre os melhores, conforme diz Raul: “Existe uma capacidade de resposta dos sistemas de saúde, tanto público quanto privado. Se observarmos as estatísticas, ficamos entre o menor número de mortes por milhão de habitantes. A situação aqui, hoje, ainda é confortável”.
Apesar da situação do DF, o especialista explica que ainda não há previsão de fim da doença. “Temos que viver uma semana após a outra. Tem informações sim, somos abastecidos de várias fontes, mas fazer projeções em um ambiente absolutamente incerto, não é o mais producente”, ressalta. Para isso, o presidente diz que foram criados diferentes cenários. “Eu tenho de quatro a cinco cenários, para o curto e médio prazo, e vou executando o plano conforme o cenário vai acontecendo. Prever o que vai acontecer daqui a três, seis meses, é impossível”, diz.
Assista ao vídeo completo:
* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer
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