Cidades

Bolsonaristas de acampamento desativado são suspeitos de formar milícia

Na manhã de ontem, agentes da especializada, com apoio das divisões de Operações Especiais (DOE) e de Operações Aéreas (DOA) cumpriram um mandado de busca e apreensão em um acampamento dos grupos 300 do Brasil, Patriotas e QG Rural, localizado em uma chácara em Arniqueira.

Correio Braziliense
postado em 22/06/2020 06:00
Chácara em Arniqueira foi alvo de busca e apreensão em operação policialA Coordenação Especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Cecor) investiga uma possível milícia privada estruturada por bolsonaristas. Na manhã de ontem, agentes da especializada, com apoio das divisões de Operações Especiais (DOE) e de Operações Aéreas (DOA) cumpriram um mandado de busca e apreensão em um acampamento dos grupos 300 do Brasil, Patriotas e QG Rural, localizado em uma chácara em Arniqueira.

Segundo apuração da Cecor, os extremistas alojaram-se em Arniqueira após deixarem a chácara no Núcleo Rural Rajadinha, região localizada entre o Paranoá e Planaltina, em maio. Na nova instalação, havia duas casas ocupadas pelos apoiadores do presidente, além de barracas armadas. O espaço era monitorado por meio de câmeras de segurança.

Integrantes dos grupos bolsonaristas são investigados pela Polícia Federal, mas também são alvos da Polícia Civil do Distri Federal (PCDF). O delegado Leonardo de Castro, chefe da Cecor, explicou que a investigação ocorre porque “houve abertura de inquéritos para apuração de crimes relacionados a bens, autoridades e moradores do DF. Há casos de ataques ao governador (Ibaneis Rocha), assim como contra jornalistas e profissionais de saúde, por exemplo”.

Por meio das investigações, os agentes da Cecor identificaram a possível formação de uma milícia privada. “Esse agrupamento tem como fim o cometimento de crimes. Pode ser que se trate de manifestantes que ultrapassaram os limites de um protesto, ou que o objetivo, específico, dos suspeitos, seja colocar em prática possíveis ataques”, esclareceu Leonardo de Castro.

Ainda segundo o investigador, a suspeita de milícia ocorre porque o grupo “organiza manobras e atos que são diferentes de uma simples associação ou organização criminosa”. Na primeira chácara ocupada pelo grupo, foram identificados aparatos e planos para treinamento paramilitar. O artigo 288-A da Constituição Federal considera ilegal “constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar crimes”, sendo que a pena varia de quatro a oito anos de reclusão.

“Não está confirmada a formação da milícia, mas isso está sendo apurado. Se confirmado, iremos investigar os financiadores por trás de toda a ação. Também pode ocorrer o indiciamento por porte ilegal de arma de fogo, pois os próprios integrantes dos grupos afirmaram ter armamento em vídeos publicados na internet”, acrescentou o delegado Leonardo de Castro.

Na operação de ontem, participaram 30 policiais civis. Houve a apreensão de fogos de artifício, diversos manuscritos com planejamento de ações e discursos, cartazes, celulares, um facão, um cofre (que ainda será aberto) e outros materiais destinados às manifestações. Durante a ação, havia dois hóspedes na chácara. Eles foram intimados a comparecerem na Cecor para prestar depoimento nesta semana.

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