Cidades

Autor de ameaças a Ibaneis abrigava acampamento de extremistas

De acordo com a Polícia Civil, o endereço pertence ao fazendeiro André Luiz Bastos Paula Costa, que já era investigado pela Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos por ter feito ameaças ao governador

A Polícia Civil do Distrito Federal desarticulou mais um acampamento de grupos extremistas de apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Os grupos “300 do Brasil”, “Patriotas” e “QG Rural” estavam alojados em uma chácara de Arniqueira. De acordo com a corporação, segundo o programa Fantástico, o endereço pertence ao fazendeiro André Luiz Bastos Paula Costa, que já era investigado pela Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos por ter feito ameaças ao governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB).

No último dia 13, quando o governador ordenou que a Polícia Militar do DF retirasse da Esplanada dos Ministérios um acampamento formado por simpatizantes do presidente, André Luiz gravou um vídeo para ameaça Ibaneis. A filmagem, divulgada em primeira mão pelo blog CB.Poder, mostra o fazendeiro enfurecido.

“Pois é, governador, o senhor derrubou o acampamento de todos os produtores rurais do Brasil. Somos nós que estamos mantendo esse país e nós não vamos a aceitar a truculência, a forma como o senhor agiu, senhor Ibaneis. Nós vamos mostrar pro senhor com quem que o senhor mexeu”, disse ele.

Com dedo em riste, André Luiz reforça as ofensas a Ibaneis. “Nós sabemos seus podres, sabemos que você foi o líder dos 20 governadores em Brasília que tentaram derrubar o presidente. E nós estamos aqui pra defender o presidente e vamos defendê-lo. O recado está dado”, esbravejou.

“Agora, é conosco. Nós vamos mostrar pro senhor, dia 21, com quem que o senhor mexeu. O senhor mexeu com o povo brasileiro. É uma falta de respeito, seu agiota safado, nós vamos te pegar, seu safado. Você vai ver, vamos descobrir seus podres e colocar você no seu devido lugar igual a todos os governadores que traíram o presidente”, concluiu o fazendeiro.

Ataque

Ainda naquela data, a ativista Sara Fernanda Giromini, mais conhecida por Sara Winter, líder do grupo “300 do Brasil”, mobilizou os integrantes do acampamento que acabara de ser desmontado a tentar invadir o Congresso, além de desacatar policiais. Mais tarde, a ativista também participou do ataque a fogos de artifício feito pelo grupo de bolsonaristas ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em um dos vídeos feitos durante o ato, um ativista diz: “(Estamos) em frente aos bandidos do STF. Isso é para mostrar para eles e para o bandido do GDF: não vamos arregar”.

Dois dias depois, a Polícia Federal prendeu Winter, em um desdobramento do inquérito da Suprema Corte que apura a realização de movimentos antidemocráticos no país — organizados por apoiadores de Bolsonaro e políticos próximos a ele —, que defendem pautas como o fechamento do Congresso e do Supremo. Devido aos episódios, o Governo do Distrito Federal passou a adotar algumas medidas para monitorar mais de perto apoiadores radicais do presidente na área central de Brasília.