Correio Braziliense
postado em 23/06/2020 04:07
O governador Ibaneis Rocha (MDB) apresentou ontem queixa-crime contra o extremista Renan da Silva Sena, 57 anos. Em vídeo de pouco mais de 2 minutos, gravado na Esplanada dos Ministérios, ele chamou o chefe do Palácio de Buriti de “bandido” e difamou outros representantes de instituições da República, como o Supremo Tribunal Federal (STF), xingando-os de “bandidos” e “vagabundos”. Renan Sena é o mesmo que, em maio, hostilizou e agrediu verbalmente enfermeiras que estavam em um protesto silencioso na Praça dos Três Poderes.
De acordo com Cléber Lopes, advogado especialista em direito penal que representa o governador na ação, Renan será citado para responder a acusação. “O juiz vai receber a defesa do acusado, mas, como ele confessou o crime no depoimento, acredito que, dificilmente, será absolvido”, avaliou. “Nós esperamos que seja uma sentença condenatória na medida em que estão caracterizados os crimes de injúria e difamação. A liberdade de expressão não pode ser confundida com a autorização para praticar crimes, tem o limite, que é a legalidade”, concluiu.
Renan foi preso, em 14 de maio, por gravar vídeos xingando o governador e com ataques ao Supremo Tribunal Federal (SFT) e ao Congresso Nacional e liberado após pagamento de fiança. O Correio flagrou o momento da prisão, no Setor de Indústrias Gráficas (SIG), por agentes à paisana da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), da Polícia Civil do Distrito Federal.
Na filmagem, os agentes surgem em um carro descaracterizado e abordam o homem. Nesse momento, Renan estava acompanhado de um grupo de bolsonaristas. O restante dos membros tentou impedir a ação da polícia. Uma mulher inclusive chegou a ser detida no Complexo da Polícia Civil.
Outras acusações
Em 17 de maio, a Justiça concedeu a quebra de sigilo telefônico do celular do extremista. A informação foi confirmada ao Correio por uma fonte ligada à Polícia Federal. O aparelho de Renan foi apreendido logo após a prisão dele e, desde então, estava em custódia. A análise do conteúdo pode ajudar em investigações sobre o ataque com fogos de artifício ao STF. Em outro vídeo, Renan aponta os fogos contra o prédio do Supremo e dispara mais ameaças. O ataque, que teve a participação de integrante do grupo 300 do Brasil, liderado por Sara Giromini, mais conhecida como Sara Winter, culminou na exoneração do então subcomandante da Polícia Militar, Sérgio Luiz Ferreira de Souza. Sara está presa no Presídio Feminino (Colmeia).
Além disso, Renan está citado em outro suposto crime. Estudantes atacadas durante manifestação pró-governo em 7 de junho, na Esplanada, o reconheceram como um dos agressores. As jovens passavam de carro, com duas crianças, de 3 e 10 anos, próximas aos manifestantes quando teriam sido atacadas. Ao verem as imagens da prisão do bolsonarista, reconheceram-no e foram à Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin) acrescentar ao depoimento já registrado.
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