Cidades

Perícia analisará celulares apreendidos em acampamento de bolsonaristas

Os conteúdos dos aparelhos auxiliarão na investigação de possíveis financiadores dos grupos bolsonaristas 300 do Brasil, Patriotas e CQG Rural, suspeitos de promover treinamento paramilitar

Correio Braziliense
postado em 23/06/2020 19:14
A operação ocorreu no domingo, em chácara de ArniqueirasOs celulares apreendidos em operação no acampamento de grupos extremistas de direita serão analisados por perícia do Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Agentes da Coordenação Especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Cecor) desarticularam o alojamento de integrantes dos “300 do Brasil”, “Patriotas” e “QG Rural”, localizado em Arniqueiras, no domingo passado (21/6). Os bolsonaristas são investigados por realizar treinamento paramilitar no espaço.

A Justiça concedeu a quebra dos sigilos telefônicos dos aparelhos apreendidos para análise policial. Os integrantes dos grupos são suspeitos de formar milícia privada — o artigo 288-A da Constituição Federal considera ilegal “constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar crimes”, e a pena varia de quatro a oito anos de reclusão.

Segundo o delegado Leonardo de Castro, chefe da Cecor, as informações poderão auxiliar para avançarmos nas apurações sobre a atuação dos grupos e quanto a possíveis financiadores. "No entanto, o caso está sob sigilo e, portanto, o conteúdo dos celulares não pode ser informado antes de uma nova fase da operação ou no fim das investigações.”

Os dados da perícia devem ficar prontos, no mínimo, nos próximos 30 dias. O cofre apreendido durante a operação chegou a ser aberto, entretanto, o conteúdo não auxiliará na apuração da Cecor. “Encontramos documentos e, inclusive, notas fiscais. Mas são dados muito antigos, que datam de 2009 e anos anteriores. Não há nenhuma informação que tenha relação com os atos realizados pelos grupos atualmente”, acrescenta Leonardo de Castro. 

Atualmente, um dos investigados é André Luiz Bastos Paula Costa, dono da chácara em Arniqueiras. Ele terá de prestar esclarecimentos para a polícia. O fazendeiro já é alvo de uma apuração da Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCC), por ter ameaçado o governador Ibaneis Rocha em vídeo obtido e divulgada em primeira mão pelo blog CB.Poder.

Acampamento na Rajadinha

Os manifestantes de extrema direita se mudaram para a chácara em Arniqueira após deixarem um acampamento anterior, no Núcleo Rural Rajadinha, região localizada entre o Paranoá e Planaltina. O espaço ficava próximo a uma vasta área verde e tinha espaço para barracas, ocupadas pelos integrantes dos “300 do Brasil”. 

A Cecor realizou apurou que a área tinha sido ocupada após o acampamento próximo ao Supremo Tribunal Federal (STF) ter sido desfeito pela polícia. A chácara contava com espaço de acomodação dos manifestantes, além de água potável e estrutura de treinamento militar. Não foram encontradas, no entanto, armas no local.
 
Os extremistas mantinham barracas instaladas e câmeras de segurança em toda a área da chácara. Além disso, os policiais apreenderam fogos de artifício, vários manuscritos com planejamento de ações e discursos, cartazes, aparelhos de telefone celular, um facão, um cofre (que ainda será aberto), e outros materiais destinados a manifestações. 

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