Cidades

Cartilha da Sejus ajuda a explicar a origem de termos racistas

Objetivo é conscientizar população sobre como o preconceito pode estar escondido na linguagem

Correio Braziliense
postado em 24/06/2020 16:00 / atualizado em 16/09/2020 13:04
Algumas expressões cotidianas contribuem para a desqualificação dos negrosA Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF) lançou nesta quarta (24/6) uma cartilha com 27 termos racistas e como substituí-los. Segundo a cartilha, apesar de parecer simples brincadeiras ou jeito de falar, na verdade essas expressões são ofensivas e contribuem para a desqualificação dos negros e manutenção do racismo na cultura. 

Manifestações como “a dar com pau”, “criado mudo”, "meia-tigela”, “tem caroço nessa angu”, “bucho cheio” e “lavar a égua” são alguns exemplos de falas comuns que na verdade escondem preconceitos. A cartilha explica que a maior parte dessas expressões tem origem na época colonial, quando os negros foram trazidos da África para serem escravizados no Brasil, um longo e triste período da nossa história e com consequências que perduram até hoje. 

De acordo com o documento, o termo criado mudo era o escravizado que ficava em pé, ao lado da cama a noite inteira em silêncio. A cartilha propõe a substituição por mesa de cabeceira. A expressão meia-tigela tem origem no período colonial, quando os escravos faziam o serviço ao agrado do dono, recebiam  uma  tigela cheia de comida. Aqueles que não faziam, recebiam a tigela pela metade. A cartilha propõe que a expressão seja substituída por mal feito ou medíocre.

O documento está disponível em versão digital e reforça a campanha do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT), que contou com a parceria da Sejus. Segundo a secretária de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani, o material será mais um instrumento na luta contra o preconceito e a discriminação racial. Ela lembrou que a maior parte dos brasileiros reproduz essas frases sem saber seus reais significados. 

“É importante alertar as pessoas de que esse tipo de linguagem está relacionado com o processo de desqualificação dos negros e reforçam, no inconsciente coletivo da sociedade, a relação preconceituosa entre negritude e negatividade”, afirmou  Passamani.

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