Correio Braziliense
postado em 25/06/2020 09:55
Cem aviões gigantes de passageiros, uma Arena do Grêmio quase lotada ou 18 "onzes de setembro". Muitas são as formas buscadas para dar a dimensão da forma da tragédia que a pandemia da covid-19 vem tomando no Brasil. Ainda distante dos índices alarmantes registrados em outras unidades da federação, essa percepção talvez seja ainda mais distante no Distrito Federal. Mas, para se ter uma ideia, nesses três meses lidando com o novo coronavírus, o país perdeu 53.830 vidas - é como se toda a população do Sudoeste/Octogonal fosse dizimada em cem dias, mais gente que 18 das 33 regiões administrativas.
Se cidade formassem, os falecidos com o vírus Sars-Cov2 somariam população superior a pelo menos 3.950 municípios brasileiros (89% do total), considerando a projeção oficial do IBGE. Se isso ainda não clarear a noção do impacto que a doença tem causado, talvez o recorte temporal faça o serviço. Desde o dia 17 de fevereiro, quando o país registrou a primeira morte com covid-19, o Brasil resgistrou uma média de uma perda de vida com o vírus a cada dois minutos e quarenta segundos, considerando o tempo total desde o primeiro óbito. Mas o impacto vem só acelerando. Se considerarmos apenas as 24h desta terça (23/6) para quarta-feira (24/6), o valor cai para 1 minuto e 13 segundos. Sim, a cada "viagem" de um elevador comum, mais uma pessoa é vitimada pelo novo coronavírus no país.
Com uma parcela pequena da população brasileira, o Distrito Federal não enfrenta o mesmo impacto que o país como um todo. Desde o primeiro registro de óbito, no dia 23 de março, a média de fatalidades até hoje foi de uma morte a cada 5 horas. No recorte das últimas 24h, o valor cai para uma perda de vida a cada 1 hora e 25 minutos. A distância dos parâmetros registrados na média nacional não deve ser superestimada, uma vez que a taxa de contaminação da doença por cada 100 mil habitantes no Distrito Federal já é o dobro da registrada no Brasil, numa aceleração acentuada que teve início no fim do mês de maio e hoje faz com que a taxa de casos confirmados na região seja de 1.084 infectados por cada 100 mil habitantes, contra os 565 registrados na média nacional.
A diferença significativa das curvas de contaminação, no entanto, pode encontrar esclarecimentos na ciência. Na semana passada, um estudo da consultoria Bain & Company revelou que o Distrito Federal é a única unidade da federação a atingir o índice mínimo ideal de testes de covid-19 praticado no mundo: uma confirmação para cada 10 testes, enquanto a razão brasileira é de apenas dois testes. Ainda que as experiências internacionais de demonstrem que vacilar no combate ao vírus não é uma opção viável de proteção à saúde pública ou à economia, o mesmo estudo aponta que o DF está entre as três únicas UFs consideradas de risco baixo durante o platô de casos do novo coronavírus, que deve ser vivenciado entre julho e agosto.
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