Cidades

Márcia Abrahão: UnB reverteu a tendência de queda

É o que afirma a reitora. A universidade subiu no ranking brasileiro e se manteve na mesma posição na classificação global. Em outra pesquisa, que considera instituições fundadas entre 1945 e 1967, a federal de Brasília melhorou em quatro de cinco quesitos

Correio Braziliense
postado em 27/06/2020 04:06
Márcia comemora a recuperação da UnB no ranking global da QS

No site da consultoria britânica Quacquarelli Symonds (QS), o perfil da Universidade de Brasília (UnB) vem acompanhado de gráficos de desempenho em rankings. No diagrama das comparações mundiais, a linha do tempo da universidade foi pintada de verde entre 2012 e 2016 (ocasião em que se classificou na faixa 491-500), indicando resultados melhores ou, pelo menos, iguais a cada ano. Daí até 2020, o traço ficou vermelho, cor usada pela QS para demonstrar queda. Com o resultado de 2021, a reta voltou a se tornar verde porque a UnB conseguiu manter o mesmo desempenho do ano anterior, classificando-se no último intervalo de colocações do ranking, entre a 801ª e a 1.000ª posição.

A consultoria batiza os estudos usando o nome do próximo ano. Assim, a lista liberada em 10 de junho é chamada de ranking de 2021, apesar ter sido publicada em 2020. No ranking divulgado recentemente, a UnB foi listada pela QS em 10º lugar entre as universidades brasileiras (duas posições acima da edição anterior), apesar de, globalmente, ela estar empatada no mesmo intervalo que outras cinco instituições de ensino. Em entrevista ao Correio, a reitora Márcia Abrahão atribui o declínio mundial da UnB em anos anteriores a problemas pré-existentes e comemora a recuperação da universidade.

“Mesmo num cenário de extrema escassez orçamentária, nós revertemos uma tendência de queda de indicadores pela qual a UnB passava. Isso que começa a acontecer agora, sim, é resultado do nosso trabalho: reverter a tendência de queda que eu herdei da gestão do professor Ivan (Camargo)”, afirma. Ela observa que os rankings não analisam apenas o que acontece no momento. O indicador de citações da QS, por exemplo, considera os últimos cinco anos. “Então, o índice de citações de agora pegou de 2014 a 2019”, diz. Para melhorar nesse quesito especificamente, a gestão dela lançou editais para apoiar publicações desde 2017. “Aí, agora, as citações começam a aparecer em revistas internacionais”, explica.



Tensão pré-eleitoral?

“O melhor resultado da UnB no QS, em 2016, veio porque consideravam-se os cinco anos anteriores. Depois disso, começou a cair. Você precisa computar para trás. Infelizmente, a queda (antes da edição atual) reflete a gestão do meu antecessor”, argumenta Márcia. “Agora, não houve queda, estamos segurando para começar a subir”, defende. “A UnB está em período pré-eleitoral. Então, há pessoas que, querendo atacar a figura da reitora, acabam prejudicando a figura da universidade. E isso se acirra agora.” A graduada, mestre e doutora em geologia confirmou que ela e o vice-reitor, Enrique Huelva, estão pensando em se candidatarem à reeleição. A chapa deles assumiu a Reitoria, em novembro de 2016, sucedendo Ivan Camargo, que foi empossado em novembro de 2012.

Em reportagem publicada pelo Correio, ontem, o ex-reitor Ivan Camargo destacou que a UnB caiu entre as instituições latino-americanas. Além do levantamento global, a QS tem uma pesquisa específica da América Latina, na qual a linha da universidade ficou verde de 2013 a 2017 (ano em que era a 9ª melhor da região), tornando-se vermelha daí até 2020, quando chegou à 29º posição. O resultado de 2021 ainda não foi liberado. Procurado pela reportagem, Ivan Camargo não quis se pronunciar sobre as afirmações de Márcia, dizendo que a resposta dele é a dedicação que deu “à nossa querida universidade” nos últimos 40 anos. Ele esclareceu, também, que “não é candidato a nada”.

Contexto externo


Márcia Abrahão observa que, a cada ano, fica mais difícil subir nos rankings internacionais pelo fato de que muitas universidades estrangeiras, em especial as asiáticas, tornaram-se fortes concorrentes. Desse modo, várias instituições nacionais, que costumavam aparecer no levantamento da QS, não estavam na lista este ano. Isso tem a ver, também, com o investimento na área. “Muitas universidades brasileiras, várias federais, saíram do QS enquanto a UnB está melhorando”, aponta.

“Enquanto o Brasil não investir fortemente em educação, ciência e tecnologia e de maneira contínua, nós vamos ser ultrapassados, principalmente pelas asiáticas”, adianta. “Enquanto o Brasil está reduzindo o investimento em pesquisa, China e Coreia do Sul estão colocando muito investimento nisso”, acrescenta. “A gente conseguir se manter neste ranking internacional é uma grande vitória e conseguir reverter a tendência de queda, que existia quando eu assumi, é uma grande vitória da nossa comunidade. É fruto de esforço dos nossos professores que fazem pesquisa de qualidade”, reflete.

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