Cidades

DF passa das 500 mortes

Correio Braziliense
postado em 29/06/2020 04:14
Estão vagos, na rede pública de saúde do DF, 199 leitos de UTI para pacientes com covid-19

Projeção da Secretaria de Saúde estima que o Distrito Federal deve atingir o pico da pandemia do novo coronavírus até a primeira quinzena de julho. Ontem, a capital registrou 2.139 diagnósticos e 11 vítimas. Com as novas notificações, a quantidade de infectados passou para 44.905 e a de óbitos, para 501.

Para especialistas, a flexibilização das regras de restrição pode impactar o tempo de disseminação da covid-19, postergando a chegada do pico da crise. Ontem, Taguatinga, a terceira região administrativa de maior incidência do coronavírus, chegou a 3.205 casos do novo coronavírus. A cidade aproxima-se do Plano Piloto, que ocupa a segunda colocação do ranking e soma 3.209 infectados.

Ceilândia continua em primeiro lugar e chegou a 6.002 registros de covid-19. Setor de Indústrias e Abastecimento (SIA) (24), Fercal (26) e Varjão (53) são os locais da capital com menos infectados. Até agora, a Secretaria de Saúde contabiliza 30.070 pacientes recuperados do coronavírus.

Por isso, 14.287 casos são considerados ativos. Desses, 37 têm quadro clínico considerado grave; 78, moderado; 55, leve; e 14.117 ainda estão em análise. No total, 21.747 homens e 23.158 mulheres pegaram a doença. O primeiro caso de coronavírus no DF foi registrado em 5 de março e, 14 dias depois, o governador Ibaneis Rocha (MDB) decidiu suspender as atividades não essenciais na capital.

Após esse período, diversos setores receberam autorização para reabrir as portas, o que desencadeou o crescimento do número de casos, segundo especialistas. Em 27 de maio, o Executivo permitiu a abertura dos shoppings. À época, o DF tinha 7.761 casos, número mais de 40 vezes menor do que o atual.

Apesar da expectativa da Secretaria de Saúde de que o pico da pandemia no DF ocorra na primeira quinzena de julho, o epidemiologista Walter Carvalho, da Universidade de Brasília (UnB), explica que o termo é usado quando cerca de 70% da população é diagnosticada com uma doença e consolida-se uma espécie de imunidade coletiva, quando uma grande parte da comunidade não contrai a patologia e o vírus não encontra mais espaço para se propagar.

“Nós ainda temos uma margem muito grande de agravamento. Essa previsão do governo funciona dentro de um cenário com restrições de socialização, que pode ser alterada conforme ocorram flexibilizações”, afirmou. O estudioso esclarece que, ainda, não há solução farmacológica para combater a covid-19, como vacina ou remédio efetivo.

Por isso, as medidas de restrição são necessárias para afetar a curva de contaminação. “Vamos chegar a um pico, mas não acredito que ele seja daqui a duas ou três semanas. Porque isso está modelado por políticas. A única forma de diminuir os casos é o isolamento. Sem isso, eles podem voltar a subir novamente”, reforçou.

  O infectologista do Hospital Brasília, Alexandre Cunha, reforça que, quanto mais flexibilização, maior o risco de sobrecarga no recebimento de pacientes. “A gente tem previsão de um pico enorme e há chances de colapso no sistema de saúde. O número de casos já está crescente e a quantidade de óbitos deve atingir o pico após 10 ou 20 dias do de infectados. Por isso, quanto mais distanciamento social, menor a chance de faltar atendimento”, comentou.

Leitos

Balanço mais recente da Secretaria de Saúde mostra que 60,60% dos leitos de UTI da rede pública exclusivos para pacientes com coronavírus estão ocupados. Ao todo, são 502 vagas e 303 internações.

Na rede particular, o sistema está, ainda, mais sobrecarregado. Ontem, segundo monitoramento da pasta, a taxa de ocupação das unidades particulares atingiu 90,41%, a maior desde o início da pandemia. Ao todo, são 219 leitos e 191 pacientes internados. Restam apenas 21 vagas, porque sete delas estão bloqueadas.


  • Possibilidade de esgotamento

    A sétima edição do boletim Covid-19 UnB em Ação, iniciativa da Universidade de Brasília (UnB), aponta para uma possibilidade de esgotamento na área da saúde do Distrito Federal, devido ao aumento do número de casos de infectados  pela novo coronavírus. O informe traz dados referentes ao avanço do vírus no Brasil e na capital da República, entre 22 e 26 de junho. Segundo o estudo, as regiões mais populosas da capital, como Ceilândia e Taguatinga, são as mais propensas a atingir uma capacidade insustentável de atendimento do sistema de saúde. De acordo com o levantamento, os principais fatores para a vulnerabilidade e para o crescimento do número de casos são a reabertura de alguns segmentos econômicos, além da menor adesão ao distanciamento social. O boletim também apontou para a classificação de risco moderado, pela OMS, no DF. A avaliação explica que, na capital, “não há evidências para mudanças de fases em direção crescente”. Entre as recomendações, estão reforçar o monitoramento das populações vulneráveis, além de garantir a disponibilidade de insumos e testagens na região.

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