Cidades

Suspeito de tentar matar artista teria envolvimento com neonazistas

Investigadores tentam confirmar se o acusado integra um grupo neonazista e procuram o segundo envolvido no crime. A polícia pede que a população ajude com denúncias anônimas

Correio Braziliense
postado em 30/06/2020 20:41
A polícia tenta identificar o segundo envolvido na tentativa de homicídio do artista Jhamau Sant'annasuspeito preso temporariamente pela tentativa de homicídio do artista Jhamau Sant’anna tem envolvimento com integrantes de um grupo neonazista de Ceilândia, de acordo com investigações da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). O acusado, de 36 anos, é morador da região administrativa e ficará detido por 30 dias. O período pode ser prorrogado. A corporação pede que a população ajude, com denúncias anônimas, na identificação do segundo envolvido no crime (veja Denuncie). 

O grafiteiro e punk rapper Jhamau, conhecido como Kaninez, foi atacado por dois homens, em 16 de agosto de 2019, em uma via pública da QNN 17, em Ceilândia. A dupla chegou ao local em um carro preto e iniciaram o espancamento. A vítima foi agredida com um pedaço de pau e só não morreu porque foi socorrida por moradores locais, que acionaram o Corpo de Bombeiros. Ele passou dois dias internado em estado grave em uma unidade de terapia intensiva (UTI). 

O primeiro suspeito foi detido, na segunda-feira (29/6), por meio de mandado de prisão expedido pela Justiça. Inicialmente, o crime seria apurado pela 19ª Delegacia de Polícia (Setor P Norte). Contudo, como poderia se tratar de um crime de ódio, o inquérito foi encaminhado para a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual, ou Contra a Pessoa Idosa, ou com Deficiência (Decrin).

Segundo a delegada Ângela Maria dos Santos, chefe da especializada, o homem negou ter participado do crime. “Apesar disso, nossa apuração comprovou que se trata, sim, do agressor. Temos provas que o colocam no local do crime no momento em que o espancamento ocorreu. Ele é o dono do veículo usado para chegar até a quadra e, inclusive, afirmou não ter o costume de emprestar o carro para outras pessoas”, afirma.

De acordo com a investigadora, o caso precisou de uma investigação técnica, sobretudo porque as testemunhas tinham medo de coloborar com a investigação. “As pessoas tinham muito medo de sofrerem retaliações, porque os suspeitos são pessoas violentas. Então, tivemos que estimular os moradores a auxiliarem no caso por meio de denúncias anônimas”, explica. 

Ângela Maria esclarece que o preso “tem ligação com o círculo neonazista, com amigos que defendem esse discurso. Mas não há nenhuma prova que confirme que ele integre o grupo e, até o momento, não identificamos outra motivação para o crime que não seja essa (posição neonazista). Inclusive, a vítima é grafiteiro e encobria pichações com discursos de ódio, afirmações neonazistas e frases de cunhos preconceituosos no geral, com ataques homofóbicos e racistas, por exemplo. Então, o próprio sobrevivente apontou que o ataque ocorreu porque ele cobria esses materiais ofensivos com grafites.”

Agora, os investigadores tentam identificar o segundo envolvido na tentativa de homicídio qualificada. A corporação pede que quem tiver qualquer informação sobre o acusado repasse os dados por denúncia anônima pelos canais de comunicação disponíveis da PCDF. “Ninguém precisa se identificar. Todas as informações ficarão em sigilo, mas necessitamos que a comunidade se comprometa em nos ajudar. Assim, poderemos tirar das ruas indivíduos perigosos, que pregam uma supremacia deturpada, cujo objetivo é promover o ódio contra diversos grupos, como negros, judeus e homossexuais”, frisa a delegada Ângela Maria. 
 

Denuncie

Telefone: 197 ou (61) 98626-1197 (WhatsApp)
E-mail: denuncia197@pcdf.df.gov.br
Denúncia Online: ttp://www.pcdf.df.gov.br/servicos/197
 

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