Cidades

Juliana Pacheco, 43 anos, psicóloga

Correio Braziliense
postado em 01/07/2020 04:16
Psicóloga atuou pelo fim dos manicômios e práticas opressoras

Clínica criativa e professora inspiradora. Essa é a memória que fica na mente dos amigos e familiares da professora, psicóloga e militante Juliana Pacheco, 43 anos. A psicóloga faleceu na segunda-feira, após parada cardíaca antes de fazer um procedimento cirúrgico. O sepultamento ocorreu na tarde de ontem, em espaço reservado da família, no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. A cerimônia contou com a presença de familiares e amigos.

Juliana formou-se em psicologia pela Universidade de Brasília (UnB) e completou sua carreira acadêmica na instituição, após concluir o mestrado e o doutorado. Em 2000, foi residente de saúde mental, quando ainda não havia o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) no Distrito Federal.

Esse conhecimento serviu para inspirá-la a ser uma das principais vozes na luta antimanicomial em Brasília. Psicóloga no Caps do Paranoá desde 2010, Juliana abraçou a causa em diferentes frentes, entre conferências, pesquisas, grupos de estudo, artes e acompanhamentos terapêuticos.

Entre 2014 e 2015, a psicóloga viajou para o norte da Itália, onde aprofundou sua pesquisa sobre o paradigma da desinstitucionalização, pelo fim dos manicômios e práticas opressoras. A paixão pela racionalidade científica aflorou e foi retratada em sua tese, que resultou no livro Reforma Psiquiátrica, uma realidade possível: representações sociais da loucura e a história de uma experiência.

“Juliana foi uma militante para desvendar o mundo da saúde mental. Era apaixonada pelo trabalho. A saúde pública do DF perde, hoje, uma grande profissional”, afirmou a tia e também psicóloga Elizabeth Garcia Campos. Em 2001, a médica participou da construção da Lei da Reforma Psiquiátrica 10.216/01. O texto dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.

Atualmente, Juliana atuava como supervisora da Inverso, centro de convivência e cultura em saúde mental do DF, e no campo formativo, como monitora em residência de saúde mental e estágios na área. Além disso, ajudava na formação de psicólogos, psicólogas e militantes.

Em nota, o Conselho Regional de Psicologia do DF (CRP-DF) lembrou do legado deixado pela psicóloga: “Defensora inconteste das políticas públicas de saúde, Juliana deixa o campo da saúde mental cedo demais; deixa trabalhadoras e trabalhadores, usuários e seus familiares e diversos militantes na tarefa de prosseguir a luta pelo cuidado digno no DF e no Brasil”.

* Estagiária sob supervisão de Adson Boaventura

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