Cidades

Paralisação reúne entregadores de aplicativos do DF em prol de direitos

Categoria pede melhores condições de trabalho, principalmente devido à pandemia do novo coronavírus. O ato ocorre em todo o país

Correio Braziliense
postado em 01/07/2020 10:25
A paralisação é um protesto pela falta de apoio das empresas e pelo valor baixo repassado aos entregadoresEntregadores de comida por aplicativo estão reunidos, nesta quarta-feira (1/7), na Esplanada dos Ministérios. Eles reivindicam melhores condições de trabalho. A paralisação ocorre em todo o país, e, no Distrito Federal, é coordenada pela Associação de Motoboys, Autônomos e Entregadores do Distrito Federal (AMAE-DF).
 
Segundo o conselheiro fiscal da AMAE-DF, Abel Rodrigues dos Santos, entre as reivindicações dos trabalhadores está o fim dos bloqueios feitos pelas plataformas, considerados injustos pela categoria, o aumento das taxas por quilômetro percorrido e a responsabilidade dos aplicativos na prevenção dos motoristas contra a covid-19, distribuição dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
 
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“A maior prova do descaso com a categoria foi a questão da pandemia, só viemos ter álcool em gel recentemente, distribuído por uma única plataforma. Tivemos que tirar recursos do próprio bolso  para nos proteger durante o trabalho. Além disso,  as empresas de entregas por aplicativo utilizaram a situação da pandemia para lucrar mais e não repassaram os aumentos aos entregadores. Não tivemos  nenhuma ação preventiva, nem  por parte do Estado e nem por parte da plataforma”, afirma o conselheiro. 
 
O grupo de entregadores pretende permanecer na Esplanada até 13h. De acordo com Abel, a expectativa é de 2 mil a 3 mil pessoas no ato, cerca de 70% dos entregadores do Distrito Federal. Ainda segundo ele, a mobilização conta com o apoio do Sindicato dos Enfermeiros (SindEnfermeiro-DF) e da Polícia Militar (PMDF). Eles pretendem fazer um percurso pela Esplanada dos Ministérios. Depois, estacionarão próximo ao Palácio do Buriti.
  
O Correio entrou em contato com as empresas de entregas de comida por aplicativo, mas, até o momento, somente a Rappi e o Uber Eats responderam aos e-mails.
 
Em nota, a empresa Uber Eats, associada à Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (“AMOBITEC”) esclarece que "desde o início da pandemia, tem realizado diversas ações de apoio aos entregadores parceiros, tais como a distribuição gratuita ou reembolso pela compra de materiais de higiene e limpeza, como máscara, álcool em gel e desinfetante, e a criação de fundos para o pagamento de auxílio financeiro para parceiros diagnosticados com covid-19 ou em grupos de risco. Além disso, os entregadores parceiros cadastrados nas plataformas estão cobertos por seguro contra acidentes pessoais durante as entregas". 
 
O texto ressalta que as empresas associadas à AMOBITEC não trabalham com esquema de pontuação para a distribuição de pedidos e deixam claro que a participação em atos como a manifestação desta quarta-feira (1/7) não acarretará em punições ou bloqueios de qualquer natureza.

A AMOBITEC e empresas associadas que atuam no setor de delivery reafirmam a abertura ao diálogo, sempre atentas às reivindicações dos entregadores parceiros para aprimorar a experiência de todos nas plataformas.
  
A empresa Rappi disse, informou que reconhece o direito à livre manifestação pacífica e busca continuamente o diálogo com os entregadores parceiros de forma a melhorar a experiência oferecida a eles. Em virtude do momento, aumentamos o suporte no atendimento, com priorização do contato com o entregador, oferecendo suporte 24x7 por meio do aplicativo. Além disso, a nota afirma que a empresa já oferece, desde o ano passado, seguro para acidente pessoal, invalidez permanente e morte acidental. "Com ele, queremos garantir, dentro das coberturas e limites fixados, o pagamento de indenização a todos os entregadores parceiros, em caso de acidente durante a prestação de serviço por meio da plataforma", diz a nota.  
 
A Rappi afirma ainda que também criou um mapa de demanda para ajudar os entregadores a identificar as regiões com maior número de pedidos de forma a orientá-los sobre os locais com melhores oportunidades. O frete varia de acordo com o clima, dia da semana, horário, zona da entrega, distância percorrida e complexidade do pedido. Dados da empresa mostram que cerca de 75% deles ganha mais de R$ 18 por hora, quando ativos em entregas, e quase metade dos entregadores parceiros passam menos de uma hora por dia conectados no app. Ainda, a Rappi possibilita que os clientes deem gorjeta aos entregadores por meio do aplicativo de forma segura. Entre fevereiro e junho, a empresa identificou um aumento de 238% no valor médio das gorjetas e de 50% no percentual de pedidos com gorjeta. Todo valor pago no aplicativo a título de gorjeta é integralmente repassado ao entregador.
 
O ifood, esclareceu por meio de nota que os principais casos de desativação acontecem quando a empresa recebe denúncias e tem evidências do descumprimento dos termos e condições que pode incluir, por exemplo, extravio de pedidos, fraudes de pagamento ou, ainda, cessão da conta para terceiros.
 
Ainda, a empresa afirma que também não adota nenhuma medida que possa prejudicar aqueles que rejeitam pedidos. "Ao rejeitar muitos pedidos, o sistema entende que o entregador não está disponível naquele momento e pausa o aplicativo, voltando a enviar pedidos, em média,  15  minutos depois. O iFood também não possui um sistema de ranking e nem de pontuação. 
 
Quanto a seguros, desde o fim de 2019, o iFood oferece a todos os entregadores cadastrados em sua plataforma o Seguro de Acidente Pessoal. Sobre medidas de enfrentamento do Covid-19, desde o início da pandemia, em março, foram implementadas medidas protetivas que incluem fundos de auxílio financeiro para quem apresentar sintomas e para aqueles que fazem parte dos grupos de risco. Também foi disponibilizado gratuitamente até o final do ano um plano de benefícios em serviço de saúde. Até o momento, foram destinados mais de R$ 25 milhões a essas iniciativas."

O motoboy, Daniel Titan, 25, trabalha entregando refeições em três aplicativos de entrega. Ele conta que a paralisação é necessária para pressionar as empresas a reforçarem os suportes aos motoristas. “Não há como sustentar uma família pelo o que é pago por esses aplicativos. Álcool em gel e máscaras é o mínimo que eles devem oferecer a nós trabalhadores”, ressalta.  

Ele relata ainda que vários amigos já sofreram acidentes de trânsito trabalhando e não tiveram suporte da empresa. Além disso, Daniel reclama dos preços pagos por quilômetro percorrido, do bloqueio sem motivações dos trabalhadores e pede melhorias nos endereços de entregas dos aplicativos.  “Nós precisamos de muitos ajustes, trabalhamos com muitas dificuldades e não somos bem atendidos pelas empresas que prestam esse tipo de serviço, o que recebemos não paga nem mesmo a manutenção da moto”, afirma. 
  
*Estagiária sob supervisão de Nahima Maciel  

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