Cidades

Manifesto contra a flexibilização do isolamento tem 15 mil assinaturas

Texto assinado por políticos, professores, jornalistas e membros da sociedade civil criticam as ações de combate ao coronavírus no Brasil e no Distrito Federal

Correio Braziliense
postado em 03/07/2020 16:20
Manifesto afirma que Ibaneis cedeu à pressão de empresários e do governo federal para a flexibilização do isolamento socialA declaração lançada ontem (2/7) e intitulada Manifesto em Defesa da Vida no Distrito Federal e no Brasil teve cerca de 15 mil assinaturas no seu primeiro dia. O texto do manifesto critica as ações do governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha (MDB) e do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no combate à pandemia de coronavírus e se inspirou nos manifestos nacionais que apareceram em junho em defesa da democracia.

O movimento foi organizado, inicialmente, por seis pessoas: o jornalista, professor da UnB e diretor da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) no DF, Helio Doyle; a médica, ex-parlamentar e ex-secretária da Saúde do DF, Maria José Maninha; o advogado, auditor federal de finanças e controle da Secretaria do Tesouro e candidato ao senado em 2018, Marivaldo Pereira; o servidor público e conselheiro de Saúde do DF, Rubens Bias; o psicólogo Toninho do Psol; e o analista de planejamento e orçamento Leandro Freitas Couto.

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manifesto conta com a assinatura de outros nomes da política, como os deputados distritais Arlete Sampaio (PT), Chico Vigilante (PT), Fábio Félix (Psol) e Leandro Grass (Rede Sustentabilidade), os ex-governadores Rodrigo Rollemberg e Cristovam Buarque. Também assinaram os deputados federais Erika Kokai (PT) e Israel Batista (PV).

“Fizemos questão de não ter um líder ou vinculá-lo a nenhum grupo político. A busca pela pluralidade foi a tônica, buscamos agentes políticos e sociais desde o Partido Comunista até o Partido Novo. Obviamente, não buscamos os agentes aliados ao governador Ibaneis ou ao presidente Bolsonaro, muitos aderiram e alguns declinaram do convite”, diz Leandro Freitas Couto, um dos organizadores.

Leandro diz ainda que espera que esse movimento inicial de coleta de assinaturas mostre o tamanho da indignação da população do Distrito Federal e sirva de base para um movimento suprapartidário e da sociedade civil para barrar “as irresponsabilidades do GDF”. Ele explica que os dados coletados no momento da assinatura servem para garantir que as pessoas que assinam são reais e para continuar a mobilização nos próximos dias. 

“Nas próximas mobilizações, vamos continuar pautando esse movimento pela pluralidade, com a preocupação de não permitir a captura política do processo por figuras políticas A ou B. Priorizaremos o envolvimento geral das cidadãs e cidadãos que estão cada vez mais preocupados com o momento que estamos passando”, concluiu Leandro. 

Críticas de políticos


O deputado federal Israel Batista afirma que assinou o Manifesto porque acredita que o governador cedeu a pressões para flexibilização e passou a culpar a sociedade pela falta de isolamento social. “Uma das características que fizeram o controle da pandemia ser adequado no início foi a assertividade do governador, então dizer que as pessoas não estão seguindo o isolamento e por isso não adianta implementá-lo é um erro”, disse. O deputado ainda afirma que Ibaneis precisa liderar nesse momento. 

O deputado distrital Chico Vigilante afirma estar preocupado que, nos próximos dias, falte leitos de UTI para a população do DF. “As medidas do governador são uma temeridade, porque não resolvem nada da economia. Ele está desnorteado, não segue as orientações médicas e científicas, os infectologistas que entendem disso”, afirmou.

A professora Fátima de Souza, ex Diretora da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB, e que disputou o cargo de governador com Ibaneis em 2018, diz que o GDF está colocando em risco a saúde da população. “Por um lado, o governo decreta calamidade pública para ter liberdade de fugir das regras de controle administrativo, por outro, decreta a liberação de todas as atividades comerciais e industriais. Essa não é uma guerra entre a economia e a saúde”. 

A professora afirma ainda que os resultados dos testes que vêm sendo feitos deixam dúvidas, o painel de informação dos casos confirmados e mortes não condizem com a realidade e a sociedade desconhece o quantitativo de leitos de UTIs. 

O Palácio do Buriti não comentou o manifesto e a reportagem será atualizada em caso de retorno. 

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