Cidades

No pico, DF registra 22 mortes

Segundo a Secretaria de Saúde, a capital atravessa o auge da pandemia, sendo que a queda de casos deve ocorrer em até duas semanas. Unidade referência de enfrentamento à covid-19, Hran tem 20 leitos de UTI, todos ocupados

Correio Braziliense
postado em 05/07/2020 04:07
Flagrante de aglomeração na Ponte JK: desrespeito ao isolamento social em pleno pico pandêmico

O Hospital Regional da Asa Norte (Hran) atingiu a capacidade máxima de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI). A Secretaria de Saúde divulgou ontem que a “UTI da unidade tem capacidade para 20 leitos, que estão ocupados com 20 pacientes”. A lotação ocorre quando o Distrito Federal registrou mais 22 mortes em decorrência do novo coronavírus, segundo o mais recente boletim epidemiológico. Atualmente, a capital acumula 55.760 infecções e 610 óbitos, com 12.587 pessoas que lutam contra a infecção ativa, ou seja, em tratamento. Os números podem representar o pico da pandemia no DF, segundo projeções do governo.

A Secretaria de Saúde acrescentou que pacientes do Hran podem ser encaminhados a outras unidades da rede. “Os pacientes internados nas alas, nos boxes de emergência e na enfermaria dos andares, se tiverem quadro clínico agravado e houver a necessidade, serão intubados e, em seguida, regulados para leito de UTI nos hospitais da rede. Também podem ser encaminhados para leitos de suporte avançado, pois passam a ter classificação vermelha e ganham prioridade 1 para irem para UTI”, detalhou a pasta, em nota.

Além disso, o hospital de campanha do Estádio Nacional Mané Garrincha confirmou a alta de 400 pacientes durante o funcionamento, em pouco mais de um mês. Aberto oficialmente em 22 de maio, o espaço conta com 197 leitos, que são utilizados para casos que não são considerados graves, de pacientes que já enfrentaram o período crítico da doença, mas necessitam de cuidados médicos e não podem recorrer ao isolamento domiciliar.

Sobre a lotação de leitos, Walter Ramalho, epidemiologista e professor da Universidade de Brasília (UnB), integrante do grupo Observatório Covid-19 do Distrito Federal, considera que são necessárias ações contínuas de combate ao vírus que estudem o momento atual, para impedir o colapso. “Temos de acompanhar a evolução da doença diariamente. Hoje, a curva de contaminação está ascendente. Pelas informações da Secretaria, há como lidar com a capacidade instalada atualmente, mas, se houver aumento ou casos nessa mesma velocidade, a situação muda”, explica. “A partir da semana que vem, devemos diminuir a quantidade de casos, segundo projeções. Se isso acontecer, ótimo. Mas se continuar crescendo, temos de pensar em novas ações”, disse.

O especialista avalia que o cenário ideal é algo complicado em uma situação de pandemia. “Estamos em um momento delicado e, desde março, em um regime de afastamento de pessoas. Mas precisamos observar países com sucesso, que tiveram comprometimento social, das próprias pessoas e de uma articulação institucional, de forma muito bem-feita e coordenada. Ou seja, para a população, é preciso ficar em casa, enquanto para o lado governamental, é preciso dar subsídios para que elas fiquem”, avalia.

Dados

Além dos 22 óbitos, foram registrados, ontem, mais 1.764 casos de infecção no DF. O levantamento mostra que Ceilândia continua como a cidade com mais confirmações da doença, 7.223. Em seguida, aparece o Plano Piloto, com 4.003 registros. Taguatinga, com 3.880, ultrapassou Samambaia e é a terceira região com maior número de infectados. O DF também registra 42.502 pessoas que se recuperaram da covid-19. “Provavelmente, estamos atravessando o pico (ou platô) da ocorrência de casos, de acordo com as projeções realizadas pela pasta. Com base na curva da pandemia em outros estados, em geral, a diminuição do número de casos ocorre, aproximadamente, uma a duas semanas após o pico”, inform ou a Secretaria de Saúde.

Enquanto isso, o Correio flagrou ontem aglomerações. Algumas à beira do Lago Paranoá, que, à noite, foi tomada por dezenas de jovens. Eles reuniram-se ao lado da Ponte JK, e várias pessoas estavam sem a máscara de proteção facial. Os frequentadores usaram o espaço para conversar, beber, comer e se divertir, sem cumprir as recomendações mínimas de especialistas em saúde. O DF Legal realiza orientações em casos como esse. O órgão só atua em eventos que exijam licença do governo e informa que não pode restringir direitos individuais.



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