Cidades

Empresários ameaçam juiz e autores de ação popular que impediu reabertura

Circulam nas redes sociais vídeos com ameaças ao juiz que concedeu liminar suspendendo reabertura de segmentos do comércio e escolas no DF e também contra autores da ação popular que deu início ao processo

Correio Braziliense
postado em 09/07/2020 23:12
comércio fechadoCirculam nas redes sociais vídeos com ameaças ao juiz que concedeu liminar suspendendo reabertura de segmentos do comércio e escolas no DF e também contra autores da ação popular que deu início ao processo. O militante do PSol Marivaldo Pereira foi um dos ameaçados e prestou queixa na noite desta quinta-feira (9/7).

Em vídeos divulgados no Instagram, o empresário Felipe Carvalho, que tem uma marca de suplementos, chama Marivaldo Pereira, um dos signatários da ação popular, de “estrume” e convoca seus seguidores a agredi-lo. “Só entrar no perfil desse retardado mental que você ver que ele não gosta de cuidar nem dos próprios dentes e quer vir falar de saúde. Estamos cansados de ouvir essa palhaçada. Isso aqui está parecendo um circo”, diz no vídeo.
 
“Pode meter processo, não ligo não, você vai matar mais que o vírus, você está sendo assassino. Eu acho que quem devia ter medo de mim era você. Você não ganha mais do que eu. Tenho 21 anos e ganho mais que você. Eu peço a Deus que um dia eu te encontre na rua”, continua.  
 

Uma publicação compartilhada por (@felipehmoficial) em

 
 
Ao Correio, Felipe disse que os vídeos não se tratam de uma ameaça e que a intenção dele era fazer uma live com o deputado "Gostaria de dizer exatamente o que foi dito, sem cortes, não foi ameaça de violência , no meu caso não, falei que íamos fazer uma live de surpresa quando achasse ele um dia, não foi ameaça de violência física", afirmou. 
 
De acordo com ele, a live seria para que Marivaldo explicasse seu posicionamento. "Seria na íntegra, sem cortes, ao vivo pra perguntar pra ele o que o povo iria comentar na própria live, as pessoas que estão indignadas, não sou eu, as revoltas em massa na rede social dele já estavam muito antes de eu ver a publicação dele, a consequência do ato dele, mexer com o trabalhador, não foi eu o responsável por todo esse ódio disseminado lá", disse.
 
O empresário aproveita para fazer um convite a Marivaldo e disse que ele agirá com mais educação. "Mas o espaço tá aberto pra ele em uma live online, caso ele se sinta ameaçado pessoalmente , pode ser feito via celular mesmo aqui no perfil pra ele expor todo o pensamento, e a estratégia que ele usa no combate contra o covid, e se explicar pro pessoal de academia, sem palavrões, sem ofensas dos meus seguidores, não vou nem deixar comentários ativos pra não ter ofensa pra ele, dou total direito dele vir falar aqui, pois realmente tenho que ser mais educado, não podemos agir feito “animais” né, ele tem o direito dele de falar aqui", afirmou. 
 
Marivaldo Pereira informou que prestou queixa na noite desta quinta-feira (9/7). O militante diz ainda tentou falar com o dono da academia, mas não conseguiu. “Tinha um monte de gente de academia me atacando nas minhas redes. Ainda tentei dialogar, mas ele excluiu os posts e reiterou as ameaças, me chamando de estrume. Espero que ele reflita sobre essa conduta e mude essa opinião. Quem quiser eu estou disposto a debater”, disse. 

Ainda reiterou a defesa pelo fechamento das academias e restaurantes neste momento da pandemia. “Eu sigo firme. São pessoas que não entendem que a abertura  precoce não é ruim só para a saúde. Ele deixa bem claro que é indiferente ao número de mortes. Coloca o lucro na frente das pessoas. Mas é um raciocínio burro. Se abrir agora, vai obrigar o GDF a fazer lockdown, como foi na Itália e na Espanha. Inclusive é pior para o negócio dele”, argumentou.
 
Segundo ele, em 20 anos de vida pública isso nunca havia acontecido. “É a primeira vez que uma pessoa convoca como se fosse uma gangue para me atacar virtualmente e inclusive presencialmente. Quero agradecer o amplo apoio que recebi nas redes sociais, principalmente do movimento negro”, destacou.
 

Ameaça a juiz 

Em outra gravação, Gustavo Labareda, dono de academia, diz que meteria a “porrada” em um juiz que tiver sido responsável pela determinação de fechar novamente esses estabelecimentos e que é “revoltante” o que está acontecendo com a classe dele e dos donos de restaurantes, que tiveram que fazer investimentos para poder reabrir e, logo depois, tiveram que fechar.
 

em

 
 
“As pessoas gastam o que não têm, para dois dias depois fechar novamente. Estão brincando com os seres humanos. Se agora passa um responsável por isso, um juiz b* desse, que não foi gerado, foi cagado, que votaram para proibir a abertura, se passar aqui eu meto a porrada”, afirma. 

O empresário faz várias reclamações, usando palavrões e dizendo que tem contas que não está conseguindo pagar. “Você vai dar desconto no IPTU, se eu não pagar minha conta de luz", questiona.
 
O Correio entrou em contato com os Gustavo, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags