Cidades

"Lockdown", mas nem tanto

Apesar da determinação, do governador Ibaneis Rocha, de suspender todas as atividades não essenciais em Ceilândia, população continua nas ruas. Comércios estavam prestando serviços, normalmente. A maior cidade do DF registra mais de 8 mil infectados

Correio Braziliense
postado em 10/07/2020 04:07
Reportagem observou aglomeração em diversos pontos de Ceilândia e pessoas sem máscaras ou usando o item de maneira errada
Mesmo após o decreto de suspensão de todas as atividades não essenciais, como medida de combate à disseminação do novo coronavírus, o movimento nas ruas de Ceilândia continua intenso. A cidade lidera o ranking de casos de covid-19 no Distrito Federal, com 8.769 registros e 173 óbitos. O Correio esteve na região administrativa, ontem, e observou diversos pontos com aglomeração de pessoas, muitas delas sem máscaras, alguns comércios proibidos de funcionar estavam com as portas abertas pela metade e outros mantinham os serviços de forma escancarada.

O governador Ibaneis Rocha (MDB) decretou o fechamento dos comércios não essenciais em Ceilândia e no Sol Nascente/Pôr do Sol desde 0h01, de ontem. De acordo com o chefe do Executivo local, a decisão foi motivada pela falta de engajamento da população às orientações sanitárias. O prazo das medidas, segundo o texto publicado em edição extra do Diário Oficial do DF (DODF) de quarta-feira, é indeterminado. As restrições (Veja O que vale) incluem shoppings, academias, templos religiosos e lojas de roupas, entre outras.

Administrador regional de Ceilândia, Marcelo Piauí informou que, diariamente, será realizada uma operação, em conjunto com outros órgãos do GDF, para fiscalizar os comércios. “Desde o início da pandemia, temos feito esse tipo de inspeção. Os casos crescem, porque algumas pessoas não têm responsabilidade e não tomam os devidos cuidados. O governo tem feito a parte dele, agindo de forma rápida e acertada”, disse.

Criticas
A determinação do GDF causou indignação entre empresários e pessoas que vivem nessas regiões. A feirante Helena da Rocha, 37 anos, soube do decreto quando chegou para trabalhar, ontem pela manhã, na Feira Central de Ceilândia. Dona de uma banca de queijos, ela não pôde abrir as portas. “Do que adianta fechar Ceilândia, se Taguatinga continua aberta, outras cidades estão abertas. Aqui (na banca), estamos cumprindo todas as recomendações e fomos pegos de surpresa com o fechamento”, protesta.

Morador de Ceilândia há 30 anos, Fernando Dias, 49, é dono de uma loja de sapatos no centro da cidade. Para ele, as determinações do GDF têm sido injustas com os moradores da região. “Os casos têm aumentado em todo lugar. Infelizmente, só aqui há esse tipo de restrição. Sei e vejo que muita gente não cumpre as orientações do Ministério da Saúde, mas, se sair por outros lugares, vai encontrar a mesma situação”, opina.

No Sol Nascente, as medidas têm sido melhor acatadas. As ruas estão mais vazias e os comércios, praticamente, todo fechado, exceto os de atividades essenciais, como mercados, padarias, drogarias, clínicas médicas, entre outros.

Na avaliação do presidente da Associação Comercial de Ceilândia, Clemilton Saraiva, o GDF se perdeu em meio a tantas medidas. “As pessoas sentiam segurança no início. Agora, não mais. O problema é que o governo fala uma coisa e adota outra. Essa postura tem deixado o setor muito preocupado. Os empresários estão sem saber o que fazer”, disse.


O que vale

Veja as atividades liberadas em Ceilândia e Sol Nascente/Pôr do Sol:

» Clínicas e consultórios médicos e odontológicos, laboratórios e farmácias;

» Clínicas veterinárias, somente para atendimento de urgências;

» Supermercados, hortifrutigranjeiros, minimercados, mercearias, açougues, peixarias, comércio estabelecido de produtos naturais, bem como de suplementos e fórmulas alimentares, sendo vedado, em todos os casos, a venda de refeições e de produtos para consumo no local;

» Padarias e lojas de panificados, apenas para a venda de produtos, sendo vedado o fornecimento de refeições de qualquer tipo para consumo no local;

» Lojas de materiais de construção e produtos para casa, incluídos os home centers;

» Postos de combustíveis;

» Lojas de conveniência e minimercados em postos de combustíveis, sendo vedados o consumo de produtos no local e a disponibilização de mesas e cadeiras;

» Petshops e lojas de medicamentos veterinários ou produtos saneantes domissanitários;

» Relativas a toda a cadeia do segmento de veículos automotores;

» Empresas que firmarem instrumentos de cooperação com o Distrito Federal no enfrentamento da emergência de saúde pública relativas ao coronavírus ou à dengue nas áreas de atendimento à saúde básica, atendimento odontológico, assistência social, e nutrição, tanto para o fornecimento de alimentação preparada com embalagem para retirada individual, quanto para recolhimento e distribuição de alimentos em programas para garantir a segurança alimentar;

» Funerárias e serviços relacionados;

» Lotéricas e correspondentes bancários;

» Lavanderias, exclusivamente no sistema de entrega em domicílio;

» Floriculturas, exclusivamente no sistema de entrega em domicílio;

» empresas do segmento de controle de vetores e pragas urbanas;

» Atendimento ao público em todas as agências bancárias e cooperativas de crédito no DF, públicas e privadas;

» Sistema S;

» Óticas.



Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags