Correio Braziliense
postado em 12/07/2020 04:14
Recuperados são 80% do total
O percentual de pessoas que se recuperaram da covid-19 no Distrito Federal está acima da média nacional. Até o fim da semana, 80,8% (54.402) dos contaminados na capital tinham conseguido vencer a doença. No Brasil, a média dos que superaram a covid-19 é de 59,3% (1.054.043). Na avaliação dos técnicos do Executivo local, o DF está no pico da pandemia e o total de mortos e infectados deve cair daqui para frente. Especialistas, entretanto, alertam que a queda do distanciamento social e a retomada de atividades podem fazer com que, ainda assim, os casos e os óbitos continuem — ou voltem posteriormente, a crescer.
Nova investida
O GDF concentra forças de fiscalização contra a covid-19 em Ceilândia, Sol Nascente e Pôr do Sol. A situação nessas cidades é mais séria e não foi controlada mesmo com medidas similares adotadas nos meses anteriores. Atualmente, o comércio dessas áreas está fechado por determinação do governador Ibaneis Rocha (MDB) e não há previsão para que a liberação ocorra. Na avaliação do Executivo, a população não seguiu recomendações, como evitar aglomerações, usar máscara e álcool em gel, o que fez com que a situação se tornasse mais grave.
Refis
A ideia de aprovar ainda este ano um programa de refinanciamento de dívidas com o GDF não morreu na Câmara Legislativa. Distritais que votaram contra a proposta do Executivo, como Eduardo Pedrosa (PTC), articulam e buscam apoio de empresários para tentar construir um novo texto para avaliação da Casa. Entretanto, do lado do GDF, pelo menos por enquanto, a ideia está descartada. O próprio Ibaneis já declarou que não trabalhará para que a medida seja reencaminhada aos deputados.
Debates
Uma iniciativa nova da Câmara Legislativa coloca dois deputados frente a frente, on-line, para discutir temas importantes do Distrito Federal. Os dois primeiros debates foram sobre a crise econômica da capital federal e a retomada das atividades comerciais. O programa, batizado de Live CLDF, pode ser assistido ao vivo, a divulgação é feita no site da Casa, ou posteriormente no canal da Câmara no YouTube.
Mandou bem
O número de pessoas recuperadas pela covid-19 no Distrito Federal que se voluntariaram a participar do estudo da UnB que testa o uso do plasma de quem venceu a doença para o tratamento de pacientes em estágio moderado superou o esperado pelos pesquisadores e foi maior até do que a capacidade atual da análise.
Mandou mal
Nas redes sociais, alguns dos autores da ação popular que suspendeu por cerca de um dia o decreto que permitia abertura de academias e salões de beleza foram ameaçados. As manifestações lamentáveis foram carregadas de ofensas e de discurso de ódio. O caso é investigado pela Polícia Civil.
Parceria
A Secretaria de Saúde e o Conselho Regional de Educação Física estudam parceria para que profissionais da área atuem na atenção primária da rede pública. As conversas começaram nesta semana e o projeto deve ser fechado na próxima. A intenção é de que, inicialmente, a iniciativa seja adotada em regiões onde a situação do coronavírus está mais grave, como Ceilândia.
Nacional
O Distrito Federal manteve lugar e influência na Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). O presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (ADEMI-DF), Eduardo Aroeira Almeida, tomará posse amanhã como vice-presidente da CBIC. Em tempos de pandemia, o setor é visto por economistas como uma das áreas que poderá ser fundamental para retomada na capital federal depois da covid-19.
A pergunta que não quer calar….
Quando tempo vai levar até que aconteça uma nova reviravolta no que pode ou não ficar aberto no Distrito Federal?
Siga o dinheiro
R$ 2.264.808
Total gasto em maio com pagamento pelo GDF do benefício Renda Emergencial, de R$ 408 por pessoa. O auxílio é voltado para ajudar as pessoas em situação de vulnerabilidade que não contam com outros apoios governamentais.
Só papos
“O Bolsonaro testou positivo para covid-19. Agora onde estão os falastrões da mídia que diziam que ele estava infectado e escondeu os resultados dos primeiros exames?”
Alberto Fraga (DEM), ex-deputado federal pelo DF
“O descrédito do Bolsonaro permite suspeitar que sua doença foi combinada com o ministério do Meio Ambiente para facilitar a passagem da boiada e esconder o genocídio dos povos indígenas?”
Cristovam Buarque (Cidadania), ex-governador do DF
À QUEIMA-ROUPA
Izalci Lucas (PSDB-DF), senador
O senhor liderou a criação de uma comissão para acompanhar as ações e gastos do GDF para o enfrentamento da covid-19. Como será a atuação do grupo?
Em razão do volume de recursos e equipamentos disponibilizados ao GDF e a falta de transparência nas informações, vamos analisar as medidas emergenciais direcionadas, especialmente, a quatro frentes que são as seguintes: 1. Saúde, com o intuito de avaliar o planejamento e os investimentos em prevenção e tratamentos; 2. Social, a fim de avaliar a eficácia dos desembolsos do auxílio emergencial durante a pandemia, tanto às pessoas que estão em situação crítica de vulnerabilidade social quanto no que tange a crimes cometidos por obtenção do benefício por meio de informações falsas; 3. Economia, para analisar a efetividade das medidas destinadas às micro, pequenas e médias empresas, com o objetivo de garantir sua saúde e os empregos dos trabalhadores; 4. Educação, para acompanhar as consequências da suspensão das aulas e avaliação das providências encaminhadas para retorno à normalidade. Além disso, como temos várias ações de fiscalização feitas por diversos órgãos e instituições como o MPDFT, TCDF, Senado, Câmara, OAB, CLDF, a ideia é de que façamos juntos. É mais eficiente e reduz tempo e custo.
Como o senhor vê a condução dessa crise pelo governador Ibaneis Rocha?
Creio que a condução não está sendo feita com base em dados confiáveis e tampouco com base técnica. Por isso, ora ele anuncia a liberação das atividades, ora volta atrás. Também com relação a equipamentos e leitos, ora tem, ora não tem. Portanto, creio que precisa achar um rumo.
E pelo presidente Jair Bolsonaro?
Com relação ao governo federal, o Ministério da Saúde olha a árvore, a questão da saúde, já o presidente tem que olhar a floresta. Daí, a preocupação com a retomada das atividades econômicas.
Acredita que já é hora de, de fato, haver liberação geral das atividades comerciais?
Muita coisa já poderia estar funcionando. Cada segmento e porte de empresas teriam de ter tratamentos diferenciados e, com cuidado, prudência e respeitando os protocolos de segurança, em alguns locais, acredito que poderiam voltar a funcionar.
O quanto essa série de confusões no Ministério da Educação atrapalha o desenvolvimento da área no país?
A educação no Brasil é prioridade só nos discursos, quando entra na prática, deixa de ser prioridade. A situação aqui é caótica. Desde a merenda, passando pela tecnologia, falta total de apoio aos profissionais da educação, descaso com os alunos com deficiência, descaso com o repasse de recursos para as escolas, dificuldade de aplicação de emendas. Não há falta de recursos, o que falta é execução.
Que avaliação o senhor faz das ações na educação no governo Bolsonaro?
Creio que houve boa intenção e alguns projetos, se tivessem seguido, poderiam trazer alguma mudança interessante, mas a comunicação falhou não só junto ao Poder Legislativo, mas principalmente junto aos professores e aos alunos. Teve um momento em que se dizia: não vi e não gostei. Quer dizer, havia uma animosidade total.
O senhor foi cotado algumas vezes desde o início do governo Bolsonaro. Aceitaria se o convite tivesse sido feito de fato?
Minha principal bandeira é e sempre foi a educação. Mas, o cargo de ministro é prerrogativa do presidente e assim tem que ser. Se ele tivesse feito o convite, eu teria aceitado.
O que seria possível mudar já de início?
Creio que algumas coisas já podem ser melhoradas como a aprovação do Fundeb como definitivo; a definição do retorno às aulas com a participação e decisão do município, pois o aluno está lá e essa discussão tem de ser feita no município, envolvendo os profissionais da saúde, a capacidade do município de fazer a prevenção e entendimentos com os pais. Também fazer investimentos com recursos do Fust (Fundo da Universalização dos Serviços de Telefonia) e da Telebrás para dotar as escolas e os alunos de tecnologia e internet banda larga. Sempre defendi que aqueles alunos que foram beneficiados com bolsas ou financiamento poderiam dar uma contrapartida no atendimento aos estudantes com defasagem de aprendizagem e também na implantação da educação em tempo integral. A educação infantil e a expansão da educação profissional são duas áreas que precisam de investimentos urgentes.
O que o senhor achou da escolha do pastor Milton Ribeiro para o MEC?
Não o conheço, mas espero que ele tenha condições de fazer toda a articulação com o Congresso, com os secretários municipais e estaduais e com a sociedade civil organizada. Na prática, como o MEC está com dificuldades, isso é muito importante. Como não o conheço, não sei se ele tem esses atributos, mas torço, de qualquer forma, para que faça uma boa gestão.
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