Cidades

Hran atinge lotação máxima

Referência no combate à covid-19 no DF, o Hospital Regional da Asa Norte tem 100% dos leitos de UTI para tratamento da doença ocupados. Secretaria de Saúde afirma que 21 novas vagas serão disponibilizadas em breve para atender aos pacientes

Correio Braziliense
postado em 12/07/2020 04:15
Alguns pacientes precisam receber o atendimento inicial sentados em poltronas e cadeiras na unidade de saúde

A lotação dos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) da rede pública dedicados ao tratamento da covid-19 ultrapassa os 80% no Distrito Federal. Os dados são da Secretaria de Saúde. No Hospital Regional da Asa Norte (Hran), referência no combate à doença, não há mais vagas. Por isso, pacientes se aglomeram pela unidade e precisam aguardar em poltronas por vaga. A pasta informou que trabalha para liberar mais de 20 leitos na unidade

O Correio obteve imagens que mostram a situação de superlotação no hospital, que está com todas as 20 vagas de UTI ocupadas. Uma fonte do hospital conversou com a reportagem sob a condição de anonimato e informou que há várias pessoas diagnosticadas com a covid-19 aguardando vaga. “Há um grande fluxo de pessoas e poucos profissionais para acompanhar todos. Na ala de medicação, há, pelo menos, 20 infectados sendo medicados e aguardando atendimento”, explicou.

Para a profissional da saúde, no entanto, o mais preocupante são os pacientes em estado gravíssimo que, por falta de leito na UTI, estão acomodados no box de emergência do hospital. “A área tem estrutura para atender a até nove pessoas, mas havia 16 (ontem). Tratam-se de doentes que estão medicados e também intubados e que, no entanto, não conseguem uma vaga no hospital”, afirmou. Além desses pacientes, havia mais de 40 pessoas sentadas em bancos do Hran, já com diagnóstico positivo para a covid-19, também esperando uma vaga para internação.

Os dados apresentados pela Secretaria de Saúde no site da Sala de Situação confirmam que todos os leitos de UTI do Hran estão ocupados, mas registra que, dos 31 leitos de unidade de cuidados intermediários (UCI), 13 estão liberados para acomodar pacientes. Por nota oficial, a pasta argumentou que o levantamento acerca da ocupação do Hran é atualizado em tempo real pelo site. Esclareceu, ainda, que “os novos pacientes e aqueles oriundos de outras unidades hospitalares e que necessitam de internação, ao chegarem, são acomodados em poltronas enquanto é disponibilizado um leito no pronto-socorro ou nas enfermarias”.

“Havendo necessidade, o paciente já recebe oxigênio ainda sentado, ou seja, o paciente não deixa de ser atendido”, acrescentou. Por fim, a pasta frisou que está “preparando uma adequação para abrir 21 leitos novos, usando a antiga área de recepção do pronto-socorro”.

Ocupação

De acordo com dados da Secretaria de Saúde, o Distrito Federal contabiliza 626 leitos para tratamento do novo coronavírus na rede pública. Destes, 428 são de UTI e 198 de UCI e unidade de cuidado intermediário neonatal (UCIN). Até as 17h05 de ontem, 432 deles estavam ocupados, o que representa uma taxa de 73,72%.

Em Ceilândia, região administrativa com o maior número de casos da doença, também não havia mais vagas de UTI no hospital regional e a UPA da cidade contava com, apenas, três vagas até o início da noite de ontem. Em Taguatinga, também não havia leitos disponíveis, segundo os dados da Sala de Situação.
Casos

O número de mortes registradas ontem chegou a 11, segundo boletim divulgado pela Secretaria de Saúde. O DF contabiliza, portanto, 796 óbitos no total. Entre os 68.406 infectados pelo coronavírus, 56.120 se recuperaram e 11.415 pacientes ainda enfrentam a doença.

Em comparação a outras unidades da Federação, a capital ainda apresenta um número menor de vítimas da covid-19, segundo o professor de epidemiologia da Universidade de Brasília (UnB) Wildo Navegantes. “A relação do número de casos se dá por incidência. O DF não está, ainda, com o tamanho de incidência como outros estados do Ceará, São Paulo, Roraima e Amazonas, por exemplo. Mas acontece que nós não temos uma quantidade de leitos de rede pública e privada suficientes para responder à necessidade da doença”, aponta o especialista.

A chegada ao pico da doença, além de ser difícil de prever, acontecerá de maneira diferente no DF. “Eu tenho dito que esse pico não é algo muito agudo. Se trata de uma grande onda que tem um pico muito raso, ou seja, o número de casos se mantém constante e não diminui. O grande problema é justamente esse. Não dá para dizer se essa onda vai passar rapidamente e se nós poderemos ter uma outra grande onda no futuro”, afirma Wildo.

Para ele, a redução do número de infectados pelo novo coronavírus será possível apenas se, somado aos esforços de aumentar a quantidade de insumos e leitos nos hospitais, sejam adotadas as medidas de investigação de contatos, isolamento social e oferta de testes diagnósticos. “O DF tem um ótimo corpo técnico e o governo tem que confiar nele para o combate da pandemia e busca da redução do número de casos”, finaliza.

  » Ocupação de leitos no DF


Ocupados Vagos Bloqueados Total

Hospital de Base 50 16 0 66
Hospital da Asa Norte 20 0 0 20
Hospital de Ceilândia 9 0 1 10
Hospital de Santa Maria 83 7 0 90
Hospital de Samambaia 20 0 0 20
Hospital de Taguatinga 0 0 5 5
UPA de Ceilândia 7 3 10 20
UPA Núcleo Bandeirante 24 18 0 42
UPA São Sebastião 4 6 0 10
Hospital São Francisco 5 0 0 5
Home H Ort Med Esp 5 0 0 5
Hospital da Criança de Brasília 4 6 0 10
Hospital São Mateus 17 3 0 20
Hospital Santa Lúcia Norte 28 2 10 40
Hospital Daher 49 2 4 55

Total 327 56 33 428
 
 

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