Correio Braziliense
postado em 13/07/2020 06:00
Com poucos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) disponíveis na rede pública de saúde para o tratamento de pacientes diagnosticados com a covid-19, o Distrito Federal ultrapassou os 70 mil infectados, segundo dados do painel da Secretaria de Saúde. Desse total, 57.262 recuperaram-se e 12.548 ainda estão com o vírus ativo. Apenas ontem, foram notificados 2.306 novos casos. O número de mortes chega a 827 — 30 a mais do que o registrado no sábado.
Ceilândia, maior cidade do DF, é, também, a que reúne o maior número de infectados pela covid-19. São 8.939. Desses, 177 morreram. Em segundo lugar, aparece o Plano Piloto, com 5.211 notificações.
Os números preocupam os especialistas. A infectologista do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) Ana Helena Germoglio reforça a necessidade do isolamento social. “Mais do que uma medida governamental, o distanciamento precisa ser atitude voluntária e altruísta. Estamos lidando com uma doença sem tratamento específico, sem vislumbre precoce de vacina, onde o comportamento individual, infelizmente, não só pode, como está refletindo no coletivo”, detalhou.
A médica chama a atenção, também, para a sobrecarga do sistema de saúde. “É certo que 80% das pessoas terão formas leves da covid-19. Entretanto, outros 20% necessitarão de assistência médica, o que nos dá cerca de 600 mil pessoas em busca de atendimento hospitalar no DF. Ainda que nosso sistema de saúde fosse aos moldes tailandês ou suíço, restariam pessoas sem atendimento”, pontuou.
O alerta é importante, pois, esta semana, mais um segmento do comércio será reaberto, portanto a população deve redobrar os cuidados para evitar infecções. Na quarta-feira, os bares e restaurantes retomarão as atividades após mais de três meses de portas fechadas. A partir de 27 de julho, as escolas particulares poderão recomeçar as aulas presenciais.
Hospitais de campanha
Os hospitais das redes pública e privada do DF chegaram a 75% de lotação dos leitos de UTI para pacientes infectados pela covid-19. Para evitar uma sobrecarga no sistema público de saúde, o Governo do Distrito Federal inaugura, hoje, um hospital modular, anexo ao Hospital Regional de Ceilândia, segundo informou o secretário de Saúde, Francisco Araújo Filho, em entrevista ao Correio, ontem.
Ao todo, serão mais de 70 leitos para atender a pacientes diagnosticados com a doença. A instalação da unidade integra uma série de medidas adotadas pelo governo para conter o avanço da pandemia, principalmente em Ceilândia.
Também começam hoje as obras do hospital de campanha de Ceilândia, que teve a criação anunciada há dois meses. Ficará ao lado da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da região e comportará 60 leitos, sendo 20 com suporte respiratório e 40 de enfermaria. No futuro, após a pandemia, a unidade se transformará em um hospital materno-infantil.
Já o hospital de campanha do Complexo Penitenciário da Papuda segue sem previsão de entrega. O espaço será voltado à população carcerária acometida pela covid-19 e terá capacidade para 40 leitos — 10 de suporte avançado e 30 de enfermaria. O projeto foi anunciado em abril, mas a Secretaria de Saúde teve de lidar com alguns contratempos, como a dificuldade em contratar uma empresa para gerenciar a unidade. Precisou-se de dois processos de licitação para o recebimento das propostas. Segundo o secretário de Saúde, a obra está em fase final.
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