Cidades

Ambulantes voltam às ruas, mas GDF diz haver menos

Correio Braziliense
postado em 17/07/2020 04:08
Para especialista, desemprego elevou o número de vendedores informais

Mesmo antes da reabertura do comércio, as ruas do Distrito Federal estavam cheias de vendedores ambulantes tentando garantir alguma renda, em meio à pandemia do novo coronavírus. Apesar do aumento visível na quantidade, o Governo do Distrito Federal (GDF) alega que, atualmente, há mil desses trabalhadores em atividade no DF. Antes da crise sanitária, eram 10 mil. Segundo o DF Legal, órgão responsável pela ordem urbanística da cidade, a fiscalização, intensificada desde março, retirou cerca de 3,2 mil ambulantes das ruas.

O economista Roberto Piscitelli, assessor do Conselho Federal de Economia (Cofecon), considera, no entanto, improvável que tenha havido uma redução. De acordo com o especialista, em períodos de crise, há um aumento do trabalho informal. “Eu acho indiscutível que isso (queda) esteja ocorrendo. Seria esperado o contrário, o desemprego aumentou, a renda média caiu, muita gente ficou sem nenhuma renda. As pessoas vão às ruas como estratégia de sobrevivência”, argumenta.

Algumas pessoas, que ficaram desempregadas devido aos impactos do novo coronavírus, têm no comércio de rua uma alternativa para se sustentar. É o caso do morador de Taguatinga Jaílson Araújo Costa, 34 anos. Técnico de luz em eventos culturais, ele viu sua renda desaparecer durante a quarentena. “A área cultural foi a primeira a parar e não tem prazo para voltar.” Após ficar 2 meses sem trabalhar, começou a vender películas para celulares, no centro de Ceilândia, para conseguir colocar seu aluguel em dia.

Rodrigo Barbosa, 19, também recorreu ao comércio irregular após perder o emprego de empacotador em um supermercado de Taguatinga, onde mora, em março. O rapaz, agora, vende máscaras, na Rodoviária do Plano Piloto. “Quando eles me mandaram embora, eu comprei umas máscaras com o dinheiro da rescisão e estou vendendo. Se a pessoa não trabalhar, ela morre de fome.”

A última Pesquisa de Emprego e Desemprego do Distrito Federal (PED/DF) mostra um aumento na taxa de desemprego, entre abril e maio, passando de 20,7% para 21,3%. A pesquisa indica que regiões de baixa renda são as mais impactadas com o fechamento de postos de trabalho, 1,6% a mais de desempregados, de abril para maio, enquanto que áreas de média-alta renda, a variação foi de 0,4% a mais.

Exposição

Carlos André Dias Cardoso, 39, é técnico de radiologia, mas sem conseguir emprego há 8 anos, vende chinelos com a esposa, Vanessa, na Rodoviária do Plano Piloto. Para o morador de Valparaíso de Goiás, é flagrante o crescimento na quantidade de ambulantes. “Aumentou muito, muita gente iniciando aqui na área de vendedor ambulante devido ao desemprego. A maioria das empresas falindo, mandando muita gente embora, em massa, e as pessoas estão sendo obrigadas a cair na informalidade.” Vanessa completa: “Tem gente que é cliente nosso e hoje está aqui. Passava todo dia pela gente, antes do serviço, e hoje está aqui vendendo.”

Os ambulantes, também, lidam com o medo da exposição ao novo coronavírus. Moradora de Ceilândia, Larissa Cassemira, 31, vende bijuterias e acessórios para o cabelo nas ruas da cidade.  Ela foi diagnosticada com a covid-19, mas se recuperou. No entanto, testemunhou de perto os efeitos graves da doença. Sua mãe passou oito dias internada e precisou de oxigênio. “Eu fico pensando muito no próximo, porque a situação da minha mãe foi bem difícil pra mim. E eu não quero que ninguém passe pelo que ela passou”, diz

Em nota, o GDF informou que implementou o programa Renda Emergencial, um auxílio de R$ 480 para suporte a emergências de saúde. Outro projeto é Cartão Prato Cheio, um crédito de R$ 250 para compra de alimentos, voltado para pessoas em situação de insegurança alimentar. Segundo o GDF, caso o ambulante se encaixe nestas situações, pode recorrer aos auxílios.


  • Aulas na UnB vão até 18 de dezembro

    Em reunião ontem, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade de Brasília (Cepe/UnB) aprovou o calendário acadêmico referente ao primeiro semestre de 2020, que será feito de forma remota. Como previsto na reunião de 9 de julho, o retorno das aulas será em 17 de agosto. A novidade é que o período de aulas vai até 18 de dezembro. Até 27 de julho, os professores de cada departamento devem definir quais disciplinas podem ser ministradas on-line e quais não têm possibilidade de ensino remoto, por serem práticas. De 3 a 10 de agosto, os estudantes devem solicitar matrículas em disciplinas e definir a grade horária. Para facilitar a volta às aulas, o Cepe também aprovou um período de adaptação de três semanas, de 17 de agosto a 4 de setembro.



  • Carreata na cidade com 200 mortos

    Com mais de 2,5 mil casos confirmados de covid-19 e 200 mortes em Ceilândia, comerciantes da cidade fizeram, ontem, uma carreata para pedir a reabertura dos estabelecimentos. Manifestantes chegaram a sair dos veículos, o que causou aglomeração. Segundo a organização do protesto, mais de 200 veículos participaram do ato. Durante o trajeto — da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ceilândia até a administração da cidade — os condutores eram aplaudidos pelos moradores. O administrador de Ceilândia, Marcelo Piauí, e o subsecretário de Inovação da Casa Civil, Paulo Medeiro, estiveram na manifestação. À população, ambos disseram que retorno das atividades deve ocorrer na segunda-feira. O comunicado foi recebido com frustração pelos comerciantes.

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