Cidades

5 vítimas e R$ 213 mil de prejuízo

Suspeita de aplicar o golpe do "benzimento de dinheiro" é procurada pela polícia. Apuração indica que a Cigana Milena, como é conhecida, age pela internet e enganou mulheres no Distrito Federal, Maranhão, Tocantins, Rio Grande do Sul e São Paulo

Correio Braziliense
postado em 17/07/2020 04:08
Cigana Milena teria lesado uma moradora do DF em R$ 82 mil

A Polícia Civil do Estado de São Paulo (PCSP) procura pela Cigana Milena, acusada de estelionato. A suspeita teria aplicado o golpe de “benzimento de dinheiro” em, pelo menos, cinco mulheres, moradoras do Distrito Federal, São Paulo, Maranhão, Tocantins e Rio Grande do Sul. O esquema deu um prejuízo de mais de R$ 213 mil.

O 7º Distrito Policial (DP), localizado na Lapa, bairro da capital paulista, apura duas denúncias. Uma das vítimas, a moradora do DF, lojista, perdeu R$ 82 mil. Outra, uma mulher de São Luís (MA), que teve prejuízo de R$ 19 mil. “A equipe identificou a suspeita e realiza buscas para localizá-la. Um segundo caso é , também, investigado pela unidade”, esclareceu a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, por meio de nota oficial.

A lojista de Brasília viajou à São Paulo para prestar depoimento na delegacia. “Tudo o que eu quero é que a Cigana Milene pague pelo que fez comigo e com as outras meninas. O que ocorreu destruiu a minha vida, perdi a confiança de familiares. Quero que com essa história, outras pessoas vejam quem essa mulher é e nunca a procurem”, ressaltou a brasiliense, sob a condição de anonimato.

As demais três vítimas da Cigana Milena devem registrar as ocorrências na Delegacia Eletrônica de São Paulo. Duas delas contrataram advogados para representá-las na ação criminal contra a acusada, assim como na esfera civil.

Esperança

Para as cinco vítimas da Cigana Milena, as buscas pela acusada simbolizam uma esperança. Não apenas de conseguir reaver o dinheiro, mas, para que a estelionatária seja autuada pelos crimes. Uma das mulheres, moradora do Rio Grande do Sul, foi enganada pela suspeita enquanto o pai estava em tratamento de câncer, e acabou perdendo R$ 110 mil no golpe, em dezembro de 2019.

“Eu fiz uma consulta, pois estava em um momento muito delicado da minha vida. Tínhamos feito empréstimo para o tratamento do meu pai, e estávamos fazendo de tudo para que ele conseguisse vencer a doença. Então, quando comecei a conversar com a Cigana Milena, ela disse que eu estava com um dinheiro amaldiçoado, que estava travando a minha vida”, relata, anonimamente.

Inicialmente, a vítima transferiu R$ 10 mil para a conta bancária da investigada. “Ela passou a me atormentar, com ligações seguidas e em tom ameaçador. Alegou que nada poderia ser feito para quebrar a maldição, porque os Orixás sabiam que eu tinha mais dinheiro e estava sendo desonesta. Então, passei a transferir cada vez mais. Hoje, eu olho para trás e sofro muito com tudo isso, porque pago um preço alto, até hoje”, lamenta.

“Eu estava desempregada à época, e o dinheiro que passei era de empréstimo familiar. Quando ela não devolveu os valores, entrei em desespero. Expliquei que havia pessoas que dependiam daquele montante, mas nada adiantou. Meu pai morreu de câncer e, por causa do golpe, também perdi a minha mãe. Ela parou de falar comigo, não confia mais em mim. Vi-me sozinha no mundo, sem um real e nenhum apoio. Quem sabe agora, com a investigação da Polícia Civil, eu consigo o perdão dela”, diz emocionada.

Atividade


Pelo perfil do Instagram, Cigana Milena se intitula como adepta de religiões de matriz afrobrasileira e espiritualista. Oferece serviços como de amarração amorosa, abertura de caminhos, prosperidade financeira e cura espiritual. Também afirma jogar tarô, cartas e búzios.

Em postagem realizada, na tarde de ontem, pelo stories de um segundo perfil criado pela acusada no Instagram, ela comentou: “Calúnia e difamação também é crime queridos! Estou com a consciência tranquila (sic)”. A reportagem respondeu à publicação, pedindo um posicionamento sobre os casos de estelionato, mas o perfil saiu do ar e não houve resposta. A página principal da suspeita, com mais de 350 mil seguidores, continua ativa.

De acordo com Rafael Moreira, presidente da Federação de Umbanda e Candomblé de Brasília e Entorno, os trabalhos espirituais não devem ser realizados em consultórios. “Nossos sacerdotes, que são pais e mães de santo, têm o ilê, os conhecidos terreiros. Pedimos, a quem procurar um atendimento espiritual, que busque a Federação, que indicaremos casas que têm o verdadeiro compromisso com o espiritual. É muito prático alugar uma sala no Setor Comercial Sul, por exemplo, fechar e mudar, após realizar os golpes. O terreiro, não”, explica.

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