Correio Braziliense
postado em 18/07/2020 04:21
O advogado baleado pelo deputado estadual Alexandre Knoploch (PSL/RJ) teve alta, ontem, e se recupera do tiro em casa, depois de 13 dias no hospital. Ao Correio, Helvídio Neto apresentou novas versões do ocorrido na madrugada de 2 de julho. Disse que o restaurante onde o evento acontecia antes da confusão omitiu socorro e que o parlamentar propôs pagar R$ 15 mil para que as duas partes acordassem que não houve desproporcionalidade na reação.
Inicialmente, o advogado conta que aceitou a proposta, e que chegou a receber R$ 1.250. Depois, no entanto, diz que se arrependeu do acordo pois, segundo relatou, teria que mudar o depoimento feito à polícia. Prints de conversas mantidas com representantes do parlamentar mostram o acordo sendo feito e, depois, em nova troca de mensagens, a desistência de Helvídio, que devolveu o valor.
Segundo Helvídio, o convite para participar de uma “balada privada” no restaurante Noah, na 408 Sul, partiu de uma amiga. Após a chegada de três deputados estaduais do PSL do Rio de Janeiro, o advogado baleado narra que o burburinho entre os convidados era de que os parlamentares deram uma “carteirada” na entrada do restaurante. “O comentário entre os participantes da festa era de que ninguém conhecia os deputados e ninguém os tinha chamado. Pelo que falaram, os deputados ouviram o barulho dentro do restaurante e pediram pro segurança para deixar entrar, se não, eles chamariam a fiscalização”, disse Helvídio.
À época, o funcionamento de bares e restaurantes estava proibido em razão das medidas de isolamento adotadas pelo Governo do Distrito Federal para conter a disseminação do novo coronavírus.
Em 8 de julho, o então responsável pela defesa de Helvídio, Thiago Leônidas — que não o representa mais — disse ao Correio que três deputados estaduais estiveram no evento que terminou com o tiro: Rodrigo Amorim, Gustavo Schmidt e Alexandre Knoploch.
Após o ingresso dos parlamentares no restaurante, teria começado um desconforto entre os presentes por causa do comportamento dos deputados que, de acordo com o relato de Helvídio, mexiam com as mulheres que estavam ali, todas acompanhadas. A confusão teria começado quando um dos deputados deu um soco em um amigo de Helvídio. O advogado partiu pra briga e revidou a agressão no homem que correspondia com a descrição apresentada pelo amigo, “um moreno de óculos”.
Depois de ser atingido no olho esquerdo por Helvídio, o deputado Alexandre Knoploch sacou a arma e atirou no advogado. A vítima baleada correu para dentro do restaurante mas afirma que foi retirada do local. “O responsável pelo restaurante pediu para a gente não chamar a polícia nem a ambulância. Eles me obrigaram a sair, ir pulando num pé só para a esquina e esperar a ambulância. Todo mundo foi embora e me deixou na rua. Só ficou um amigo do dono bar e ele fez a cabeça da moça que estava comigo para que ela falasse que estávamos na rua, vimos uma briga de casal e que, quando tentei ajudar, fui atingido pelo tiro”, afirma.
Outro lado
No dia seguinte ao ocorrido, o deputado Gustavo Schmidt emitiu nota repudiando “as acusações e estranha o envolvimento de seu nome, num momento em que se decidem questões políticas importantes no Estado do Rio. Ele ressalta que, na hora do disparo contra o advogado, sequer estava no local, de onde já havia se retirado”.
Também por meio de nota, à época, o deputado Rodrigo Amorim informou que “foi testemunha, na noite de quarta-feira (01/07) de uma agressão física gratuita ao deputado Alexandre Knoploch e da posterior resposta do parlamentar, em via pública, defronte a um restaurante onde havia acontecido um encontro privado de caráter político. O agressor foi neutralizado por um disparo que o atingiu em um dos pés. Amorim aparece como testemunha no registro da ocorrência feito na Polícia Civil do Distrito Federal”.
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