Correio Braziliense
postado em 20/07/2020 17:12
O deputado estadual do Rio de Janeiro Alexandre Knoploch (PSL/RJ), acusado de disparar um tiro de arma de fogo no pé de um advogado identificado como Helvídio Neto, de 39 anos, nega que tenha oferecido R$ 15 mil para que o homem mudasse as versões do caso à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Em entrevista ao Correio, o parlamentar afirma que o valor teria sido um acordo firmado entre as partes para despesas médicas de fisioterapia. O caso ocorreu em 3 de julho, em frente a um bar localizado na 408 Sul. Segundo o deputado, a situação ocorreu após uma reunião com outros parlamentares do estado da região Sudeste, e um amigo, de Brasília. Ele frisa que, à época, não tinha conhecimento de que bares e restaurantes estavam com funcionamento proibido por conta da pandemia da covid-19. “Eu estava em um jantar, com o intuito recursos para o Rio de Janeiro, em decorrência à crise da pandemia. Fui convidado a conversar com um amigo em um restaurante. Ele chegou cerca de 10 minutos depois de mim e passamos a conversar. Após 1h30, houve uma discussão entre um rapaz e outro deputado”, explica.
“Meu amigo tentou apartar a briga, momento em que ele levou um soco do deputado, que saiu do restaurante. Eu saí do restaurante para procurar o parlamentar, mas não o encontrei. Naquele momento, já de costas para o restaurante, levei um soco no rosto. Fui arremessado por cerca de cinco metros, machucando os braços e as pernas, meu terno rasgou e meu óculos quebrou. Ao chão, vi esse homem (Helvídio Neto), grande, vindo à minha direção”, relata Alexandre Knoploch.
O parlamentar alega que temeu continuar sendo agredido e, “automaticamente, saquei minha arma, que é devidamente legalizada. Eu deferi um único disparo, no pé dele. O objetivo era repelir a injusta agressão, não colocar em risco a vida dele e dos demais. Foi isso que ocorreu. Não agi com força desproporcional, se isso tivesse ocorrido, ele não estaria aqui para dar a versão dos fatos.”
Depois do caso, o deputado disse que procurou um advogado e seguiu para registrar a ocorrência na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul). “Qual é a lógica de eu tentar comprar uma versão e modificar a história, se eu fui o primeiro a procurar a polícia?”, questiona Alexandre Knoploch.
Despesas médicas
Saiba Mais
“Depois de firmado o acordo para auxiliar as despesas médicas, eu pedi que ele só contasse à delegacia a verdade. Todas as testemunhas e os vídeos obtidos pela Polícia Civil corroboram com a minha versão”, reflete.
Por fim, o parlamentar Alexandre Knoploch frisa que o valor pago a Helvídio Neto “não tem nenhuma relação com mudança de depoimento à polícia. Esse acordo foi com as despesas médicas, apenas isso. Agora, ele diz que eu tentei comprá-lo com R$ 15 mil? Isso é um absurdo. Eu sofri uma injusta agressão, estava ao chão e deveria ficar ao chão esperar ser espancado? Não agi com força desproporcional e, sim, em legítima defesa.”
Em nota, o advogado Helvídio Neto falou sobre a tentativa de acordo com o deputado. Leia a íntegra da nota:
"Quero declarar que estava completamente abalado emocionalmente, em confusão mental, medicado 24hs por dia durante minha internação no hospital de base, quando durante a mesma internação procurei a tentativa de acordo. Muito mais por medo do deputado do que qualquer outra coisa.
Estava aterrorizado, sem noção do que estava vivendo e sem ideia do risco que estava correndo por sofrer fraturas expostas no 1º e 2º metatarso, com falha óssea, e no momento ainda não tenho noção exata, pois a definitiva cirurgia ocorrerá dia 07/08, mas os médicos não escondem que corro risco de perder o pé ou ter sequelas pro resto da vida.
Em relação à pressão do deputado para modificar o depoimento, naturalmente ela foi velada. Através do meu próprio ex-advogado.
Por telefone e presencialmente após a reunião onde o meu ex-advogado aceitou a oferta de 15 mil para composição amigável o mesmo estranhamente insistia que eu teria que mudar meu depoimento na 1ª DP no inquérito que investiga o ocorrido.
Eu sempre neguei a modificação no meu depoimento à polícia pois jamais alteraria a realidade pura do que ocorreu. Jamais agredi o deputado pelas costas, foi na têmpora dele, ele de lado, acima do olho esquerdo e não quebrei o óculos dele. Jamais fui pra cima dele após essa primeira agressão. O deputado não atirou no meu pé, ele atirou na minha direção no meio de 10 pessoas, assumindo risco de me matar, reação totalmente desproporcional ao cascudo que desferi no deputado acreditando estar socorrendo um amigo na confusão no bar NOAH.
Somadas às reiteradas insinuações por telefone e quando foi buscar minha assinatura na procuração no hospital para modificar meu depoimento na polícia, meu ex-advogado disse expressamente no WhatsApp, conforme prints que encaminho, que para o acordo ser firmado com o deputado eu precisaria modificar meu depoimento.
Essa pra mim foi a forma velada do deputado me Obrigar através dos 15 mil me fazer mentir pra polícia. O que jamais irei aceitar.
Por isso devolvi o dinheiro e irei processar o deputado e o bar por danos morais e para ressarcir toda via Crucis de tratamento médico que mal começou a assombrar minha vida."
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.