Correio Braziliense
postado em 24/07/2020 12:55
A entidade umbandista Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino (OICD) foi vítima de ataques de intolerância religiosa enquanto manifestava a religiosidade em uma live nas redes sociais, realizada pela Mãe Maria Elise Rivas, Mestra-Raiz da OICD. A casa, que atua em Planaltina desde 1998 e também tem sede em São Paulo, recebeu ofensas e xingamentos no início desta semana.
“Agora virou festa por conta da liberdade de crença, pessoas vad*** e sem ocupação fazem disso um meio de vida. Nunca vou respeitar”, escreveu um homem. O crime foi registrado na Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin), na última quinta-feira (23/7).
Mãe Leila Lima, umbandista da casa e membra do Comitê Distrital de Diversidade Religiosa (CDDR) da Subsecretaria de Políticas de Direitos Humanos e Igualdade Racial da Secretaria de Justiça e Cidadania, conta que os ataques fazem com que as religiões de matrizes africanas sejam vistas por intolerantes como de menor valor em relação às outras crenças. “Me senti muito ofendida, desrespeitada. Atacaram não só a mim, mas toda comunidade de santo. Me sinto maculada no que é mais sagrado para mim, que é minha relação com os orixás, com o terreiro, com minha mãe de santo e meus filhos de santo”, desabafou.
“E os ataques com mulheres são diferentes, xingaram de vad***, disseram que aquele ataque não era crime, que crime era o que fazemos, roubando dinheiro. Ou seja, são pessoas que vinculam religiões afrobrasileiras com charlatanismo, como se o nosso sagrado não merecesse respeito somente por ser de uma religião afrobrasileira”, comentou a mãe Leila.
Levantamento
Apenas 0,2% dos moradores da capital seguem religiões de matrizes afro-brasileiras, segundo dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), porém, eles são alvos de 59,42% dos crimes de intolerância, somando todas as religiões. Atualmente, a capital tem cerca de 400 terreiros, de acordo com a Federação de Umbanda e Candomblé de Brasília e Entorno.
Em nota, a Secretaria de Justiça e Cidadania do Distrito Federal (Sejus) informou que "repudia qualquer tipo de discriminação e preconceito religioso, e está acompanhando o caso".
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