Correio Braziliense
postado em 26/07/2020 04:12
Mais uma vez, entregadores por aplicativo foram às ruas protestar por melhores condições de trabalho. A ação ocorreu em todo o país e, no Distrito Federal, foi coordenada pela Associação de Motoboys, Autônomos e Entregadores do Distrito Federal (Amae-DF). Essa é a segunda vez que a categoria se mobiliza nacionalmente em relação à pauta. O primeiro ato foi no início do mês, com a participação de 400 trabalhadores.
Desta vez, no DF, houve menor adesão e o grupo seguiu em carreata da Torre de TV até o Congresso Nacional.A manifestação também foi organizada no Rio de janeiro, em São Paulo e em Belo Horizonte. Para o secretário da diretoria da Amae, Magno Moura, a mobilização é de extrema importância.
“Com a pandemia, os entregadores passaram a ter um papel essencial para a população. Aumentou a demanda por entregas, porém não houve aumento no ganho. Muitos trabalham com poucas condições. Não dá para continuar dessa forma”, afirma.
Entre os pontos reivindicados pela categoria está a fixação de taxa mínima para remuneração das entregas, reajuste anual do pagamento aos entregadores, acompanhando os índices da inflação, além do fim do sistema de ranqueamento com fins de direcionamento de entregas e seguro de vida, acidente e danos materiais.
Dificuldades
Para o entregador Gabriel Claro, 25 anos, as condições de trabalho não são as melhores. “As empresas não querem saber se você está bem, se sofreu um acidente, nem nada. Só se entregou o pedido”, diz. Ele trabalha há seis anos no ramo e não se sente seguro. “Em maio, sofri um acidente de trânsito, ninguém se importou. Só perguntaram se poderia deixar a encomenda e retornar quando estivesse bem”, relata.
Para o Leandro Jesus Feitosa, 28, o sistema de pontos é uma das principais problemáticas. “Se eu fico um dia sem acessar o aplicativo, o ranqueamento me coloca lá para baixo e a gente perde corrida. Então, para conseguir meu sustento, preciso trabalhar todos os dias sem descanso”, desabafa.
Resposta dos APPs
Em nota, empresas responsáveis por aplicativos informaram que oferecem apoio aos entregadores e que estão abertas ao diálogo com os trabalhadores. A Rappi ressaltou que reconhece o direito à livre manifestação pacífica. “Somos um superapp, que conecta quatro elos — o cliente final, os estabelecimentos comerciais, a indústria e os entregadores parceiros — e estamos sempre muito atentos a melhorias operacionais, e só conseguimos isso ouvindo todas as pontas e aprendendo sempre”, afirmou.
A empresa também destacou que, desde o ano passado, oferece seguro contra acidente pessoal, invalidez permanente e morte acidental. O iFood informou que atende à maioria das reivindicações feitas pelo movimento. De acordo com a empresa, o sistema de aplicativo opera com valor mínimo de entrega de R$ 5, independentemente da distância percorrida, distribui equipamentos de proteção individual e, para quem não retirou os kits de proteção, a empresa repassou o valor de R$ 30 para compra de materiais, além de oferecer seguros de vida e contra acidentes. “O iFood reconhece que há muito a ser feito e continua, como sempre esteve, aberto ao diálogo”, ressaltou.
O Uber Eats, por meio da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), afirma que, desde o início da pandemia, vem implementando ações de apoio aos entregadores parceiros, “como a distribuição gratuita ou reembolso pela compra de materiais de higiene e limpeza, como máscara, álcool em gel e desinfetante, e a criação de fundos para o pagamento de auxílio financeiro para parceiros diagnosticados com covid-19 ou em grupos de risco”. A nota também informa que “os entregadores parceiros cadastrados nas plataformas estão cobertos por seguro contra acidentes pessoais durante as entregas”.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.