Correio Braziliense
postado em 27/07/2020 04:16
O sepultamento de uma idosa de 89 anos, morta pelo novo coronavírus na sexta-feira, teve um desfecho constrangedor e arriscado, ontem, no Cemitério Campo da Esperança de Sobradinho 2. Segundo um dos netos da vítima, Emerson da Rocha Barros, 22, ele tinha escolhido um design de caixão. No entanto, na hora do sepultamento, recebeu outro modelo. O erro fez com que a família questionasse a identidade do cadáver. Diante da reclamação, uma funcionária da funerária foi enviada ao local e abriu o caixão para confirmar: era Sely.
Vídeos aos quais a reportagem teve acesso mostram os sacos sendo abertos por uma mulher de máscara e luvas. Por fim, ela tira uma foto para a família reconhecer o cadáver. A atitude contraria o protocolo de segurança estabelecido pela Subsecretaria do Sistema de Defesa Civil, segundo o qual, o caixão deve ser lacrado e o enterro deve ocorrer no menor tempo possível, evitando assim a possibilidade de contágio.
Para a família, que registrou um boletim de ocorrência, a situação fez o adeus ser ainda mais triste. “Minha mãe não conseguia nem falar”, lamenta Emerson.
De acordo com a mulher de um dos netos de Sely, Ana Paula Sena, 25, quando a funcionária da funerária chegou ao cemitério, ela explicou que a troca de cadáveres era muito difícil de acontecer, mas, depois de falar por telefone com o dono da funerária, decidiu se oferecer para abrir o caixão. “O cemitério forneceu um par de luvas e ela começou a abrir”, relata Ana Paula.
O Correio entrou em contato com a funerária, entretanto, o funcionário que atendeu à reportagem informou que não tinha informações sobre o caso. Em nota, o Cemitério Campo da Esperança explicou que, em hipótese alguma, retira o lacre dos caixões de vítimas e de casos suspeitos da covid-19, e que também não cabe à concessionária autorizar esse tipo de procedimento. “A identificação dos caixões é de responsabilidade da funerária contratada pela família da pessoa falecida. O impasse ocorrido neste domingo, 26 de julho, no cemitério de Sobradinho, foi resolvido entre a funerária e a família”, declarou.
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