Cidades

Caso naja: investigações indicam que PMs teriam tentado proteger acusados

As informações foram confirmadas por fontes policiais ao Correio. Pedro Henrique dos Santos Krambeck Lehmkuhl, estudante picado pela naja, foi preso na manhã desta quarta-feira (29/7)

Pedro Henrique dos Santos Krambeck Lehmkuhl, de 22 anos, não seria apenas mero colecionador e admirador de animais exóticos, como demonstrava nas redes sociais. Em documento a que Correio teve acesso, a Justiça avaliou que as diligências realizadas até o momento e as denúncias anônimas recebidas apontam para a existência de rede de criadores, importadores e traficantes de animais silvestres. Fontes policiais também afirmaram ao Correio que policiais do Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA) estariam tentando proteger os alvos da operação da Polícia Civil do DF.
 
O jovem, que foi picado por uma naja no início do mês, acabou preso na manhã desta quarta-feira(29/7), por suspeita de envolvimento em esquema internacional de tráfico de animais.

naja só foi encontrada um dia depois do incidente, em 8 de julho, próximo ao shopping Pier 21, após Gabriel Ribeiro tê-la soltado no local. Policiais civis estavam em contato com o jovem para a entrega da serpente. A princípio, estava tudo combinado para ele devolver a cobra, mas, em determinado momento, o estudante mudou de ideia e informou aos agentes que só entregaria o animal aos policiais militares. 

Em depoimento, o policial responsável afirmou que Gabriel teria dito para a equipe ir a vários outros locais onde, supostamente, estaria a cobra. Os militares seguiram, então, para a Ponte Alta do Gama, Lago Norte, Lago Sul, Setor de Mansões Lago Norte, Guará e, por fim, o estacionamento do shopping, onde a cobra foi encontrada em um recipiente plástico e conduzida à delegacia.
 
Gabriel não foi detido neste dia, o que aumenta os indícios de ocultação de provas. Essa hipótese, no entanto, será investigada com cautela.
 
O Correio entrou em contato com a PMDF e aguarda retorno.

 
Preso por atrapalhar investigações 

O estudante Gabriel Ribeiro foi preso na quarta-feira passada (22/7) por atrapalhar as diligências e teve a prisão prorrogada por mais cinco dias. Ele deve ficar na carceragem da PCDF até este domingo (2/8) e esteve na delegacia na manhã desta quarta-feira (29/7) para prestar um novo depoimento. A advogada dele, Juliana Malafaia, informou apenas que “Gabriel  prestou novos esclarecimentos”. 

Outro alvo investigado pela polícia é a clínica Exotic Life, localizada na Asa Norte. Em relatório, o Ibama considerou que o estabelecimento apresenta inúmeros espécimes exóticos e silvestres, para servirem de animais de estimação. Segundo o órgão, todos seriam “indubitavelmente” ilegais, tais como naja, jararaca-do-cerrado, uma espécie de jararaca que vive na amazônia, pítons, porco espinho pigmeu e um camaleão. Em um dos comentários escritos na página da Exotic Life, um cliente diz que “foi aí que peguei minha cobra nova”.

A clínica veterinária esclareceu que a acusação “é novidade” e que não teve acesso ao relatório. “Estamos sabendo dessas informações apenas por meio de reportagens. O advogado da Exotic Life está se inteirando do assunto. Iremos nos manifestar assim que tivermos acesso a mais informações”, afirmou.