Cidades

Tripulantes sobrevivem a desastre

Helicóptero do Corpo de Bombeiros perde o controle, atinge prédio desativado de faculdade e cai no estacionamento da instituição. Queda assustou moradores e trabalhadores de Vicente Pires. Das cinco pessoas que estavam na aeronave, apenas o piloto se feriu

Correio Braziliense
postado em 31/07/2020 04:06
Bombeiros isolaram o local da queda e jogaram espuma sobre o combustível que vazou do helicóptero para evitar o risco de explosão


Cinco socorristas viveram momentos de pânico quando se preparavam para atender a uma vítima de parada cardíaca, na manhã de ontem, em Vicente Pires. Três militares do Corpo de Bombeiros, um médico e uma enfermeira do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegavam à Rua 4 em um helicóptero, para dar suporte ao atendimento de uma ambulância, quando o piloto perdeu o controle da aeronave, e ela caiu. O acidente aconteceu no estacionamento de uma faculdade privada que está desativada. Vídeos gravados por servidores da Unidade Básica de Saúde (UBS) 1, que fica ao lado do local, mostram que a hélice do helicóptero colidiu com uma parede da instituição. Apesar do susto, ninguém sofreu ferimentos graves.

Todos os tripulantes foram encaminhados a hospitais para exames. Eles estavam conscientes e quatro não apresentavam lesões aparentes. Somente o médico do Samu, levado a uma unidade de saúde particular, sofreu um corte leve na testa. “O helicóptero estava em procedimento de pouso para atendimento da ocorrência de parada cardíaca quando o fato aconteceu. Nossas equipes realizaram o socorro, e não houve lesões a civis ou grandes danos à estrutura da faculdade. Houve, apenas, o choque com a lateral da instituição, mas sem gravidade”, detalhou o coronel Cláudio Faria Barcelos. O militar acrescentou que fotos, vídeos e depoimentos foram colhidos para entender o que ocasionou a queda.

A vítima de parada cardíaca que aguardava socorro foi atendida pela ambulância, que já estava no local. Após o acidente, os militares isolaram a região para contenção de um possível foco de incêndio, pois uma quantidade significativa de gasolina foi derramada. Os bombeiros utilizaram uma espuma específica para esses cenários, que resfria e cobre o combustível, evitando o risco de explosões. A Defesa Civil também atuou no caso, realizando uma inspeção no prédio desativado. “De início, nosso trabalho foi garantir a segurança da população. Realizamos uma avaliação na edificação e percebemos que não há risco de desabamento. Depois, demos apoio ao Corpo de Bombeiros para retirada da aeronave”, explicou o coronel Alan Araújo. O helicóptero foi levado para o Batalhão do Corpo de Bombeiros Militar de Águas Claras.

Nuvem de poeira
Quem presenciou a queda relata a tensão do acidente. Wellington Silva, 40 anos, trabalha em uma gráfica a poucos metros do estacionamento. Por volta das 7h, ele estacionou no local e começou o serviço. Às 10h, ouviu um barulho muito forte. “Saí da gráfica correndo e vi aquela nuvem de poeira e o helicóptero, caído em cima do meu carro. Os bombeiros que estavam dentro da aeronave correram para uma marquise ali perto, e os outros que estavam na ambulância começaram a pedir para a gente sair, porque tinha risco de incêndio”, relatou o designer.

As primeiras preocupações de Wellington foram quanto às vidas dos tripulantes. “Foi algo assustador, dei graças a Deus quando vi que ninguém se machucou. Também lembrei que esse lugar era uma escola ano passado e fiquei imaginando que a queda tinha acontecido no horário que costumava ser o intervalo. Isso tudo passa pela cabeça”, diz. Ele conta que o estacionamento costuma receber pousos de helicópteros dos bombeiros, e que nunca havia testemunhado algo igual. “Agora, vou respirar um pouco depois de tudo que aconteceu. Fico triste, porque o meu carro tinha acabado de sair da oficina, gastei mais de R$ 3 mil com suspensão e pintura, e não tenho seguro. Mas, vamos ver como vai ser para reparar esses danos materiais”, lamenta.

Luiz Augusto Barros, 22,  estava perto do local do acidente e viu o momento exato da queda do helicóptero. “Nunca passei um susto tão grande. Fiquei tremendo”, desabafa o lavador de carros. Ele conta que estava trabalhando, pela manhã, quando viu a primeira viatura da corporação chegar, para avaliar o espaço para o pouso. “Eles ficaram sobrevoando e, depois, foram pousar, mas aí ouvi um estouro grande e subiu muita poeira. Nessa hora, vazou muito combustível e os bombeiros pediram para que a gente se afastasse. Foi um nervosismo grande”, detalha Luiz.

Perícia
A dinâmica do acidente será esclarecida após o resultado da perícia. Equipes do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) realizaram coletas de dados no local. “O começo do processo de investigação é fotografar cenas, retirar partes da aeronave para análise, reunir documentos e ouvir relatos de pessoas que possam ter observado a sequência de eventos”, informou o Cenipa, em nota oficial. Diversos vídeos foram gravados pela população. Essas imagens podem ajudar a elucidar o caso. “O objetivo da investigação é prevenir que novos acidentes com características semelhantes ocorram. A necessidade de descobrir todos os fatores contribuintes garante a liberdade de tempo para a apuração. A conclusão de qualquer investigação conduzida pelo Cenipa terá o menor prazo possível, dependendo, sempre, da complexidade do acidente”, finalizou o texto.





Memória

Três mortos
Em 2007, três militares do Corpo de Bombeiros morreram após a queda de um helicóptero da corporação. A tragédia aconteceu durante operação de remoção de um corpo em uma usina de lixo, no P Sul, em Ceilândia. Na ocasião, o Governo do Distrito Federal decretou luto oficial, de três dias, pelas mortes de Luiz Henrique Andrade, José Frederico Assunção e Lélio Antunes da Rocha.





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