Cidades

Entidades sociais lutam para garantir assistência a comunidades carentes

Muitas famílias em situação de vulnerabilidade dependem desse auxílio para se manter

Correio Braziliense
postado em 03/08/2020 06:00

O Instituto Social Renascer Vovó Divina Macedo, na Estrutural, doa roupas, sapatos e brinquedos para as famílias de crianças que estudam na instituiçãoA crise financeira gerada pela pandemia do novo coronavírus impactou várias famílias de baixa renda no Distrito Federal. As entidades sociais, que atendem a essas comunidades carentes se tornaram uma aliada para muitas mães e chefes de família, que tiveram a fonte de renda impactada pelo desemprego  ou por não poderem exercer a sua função — como os catadores de recicláveis. Cestas básicas, produtos de higiene, roupas e cobertores estão sendo doados rotineiramente por pessoas ou grupos solidários.

 

Na estrutural, a Creche e Instituto Renascer tem beneficiado 244 famílias carentes com a doação de insumos e itens pessoais. “Esse é um momento muito difícil e a gente tem buscado ajudar com o que podemos. São pessoas que moram em uma região periférica e que estão passando por necessidade, não poderíamos deixá-las desassistidas”, destaca Leila de Fátima Paranelli, 66 anos, coordenadora-geral da instituição sem fins lucrativos.

 

Leila conta que o trabalho de doação era algo que o instituto já fazia, no entanto, com a pandemia, foi intensificado. “Fazíamos de forma esporádica, com ações pontuais. Mas, percebemos que essas famílias estavam precisando, principalmente de cestas básicas e produtos de higiene”, relata.

 

De acordo com a diretora geral da Ação Social Renascer, Ana de Fátima Dias Henriques, 60, a maioria dos beneficiados são pessoas que foram dispensadas do emprego. “São autônomos, pedreiros, manicures, a situação está muito difícil. Não estão pedindo porque querem ganhar sem fazer nada, eles estão pedindo por necessidade. E o retorno que nos dão é muito gratificante. Percebemos que estamos fazendo o bem”, pontua Ana.

 

Além da comunidade atendida na instituição, a ação também se estende para as famílias contempladas na Creche Estrela do Cerrado, em Ceilândia. Virou uma rede de solidariedade que sobrevive em prol das doações. “Estamos fazendo o que podemos. Temos percebido que a cada dia o número de pessoas que bate à nossa porta tem aumentado. Muitas famílias estão com dificuldade de receber o auxílio do governo e elas não podem ficar sem alimentação”, ressalta Ana de Fátima.

 

Um bazar social também é feito para a doação de roupas e brinquedos. Todos os itens recebidos são repassados, sem custo, para quem precisa. A entrega é feita no próprio instituto, respeitando o distanciamento e as medidas de proteção contra a covid-19. É realizada, também, a entrega de máscaras de tecidos.

 

Na Expansão de Samambaia, o Instituto Embalando Sonhos tem ajudado cerca de 600 famílias em vulnerabilidade social. De acordo com a pedagoga e idealizadora da instituição, Lady Laura Caetano de Souza, 42, o projeto Desapega Social tem como principal intuito chegar às pessoas que realmente estão precisando de ajuda. “Não é só alimentação, mas, também, roupa de frio, brinquedos, fraldas. Recebemos até doações de sofá, cama. Estamos abertos para qualquer tipo de doação, pois será bem-destinada”, conta Lady Laura.

 

Segundo ela, essa foi uma forma de deixar a instituição viva, em movimento. “Nós atendemos  a crianças e adolescentes com atividades de balé, aula de reforço, teatro, incentivo a leitura, artes marciais… Mas, com a pandemia, estamos com as atividades suspensas, e não queríamos perder o vínculo com essas famílias. Hoje em dia, estamos mais próximos das mães, avós, dando esse suporte. E está sendo essencial nesse momento”, ressalta.

 

Na sexta-feira passada, a entidade doou mais de 300kg de filé de frango para 150 famílias da região. A doação foi em parceria com a empresa JBS, que deu as carnes para a instituição. “Nem toda família pode comprar proteína para o almoço. E esse tipo de ação faz toda a diferença”, afirma.

 

Portas abertas

Grávida de sete meses, Silvana de Sousa Ferreira, 28, sente-se muito grata pela assistência que o Instituto Embalando Sonhos tem dado para a sua família. Ela conta que perdeu o emprego durante a pandemia. “A empresa fez corte de gastos e, atualmente, apenas meu esposo trabalha”, relata. Para Silvana, a ajuda das cestas básicas e de alguma carne ou leite tem um impacto bastante positivo. “Se não fosse as doações, não sei o que faria. Ia faltar algo, tenho duas crianças em casa, contas para pagar, o aluguel. Sou muito grata por toda a ajuda que estão dando”, pontua a moradora do Setor Expansão Samambaia.

 

Para quem quiser doar, a instituição continua com as portas abertas. O espaço fica na QR 629, Conjunto 4, Chácara 1, na Expansão Samambaia. Lady Laura conta que percebeu uma queda no número de doações ao longo dos meses de pandemia. “No começo, em março, a gente teve um bom apoio. Entendemos a dificuldade econômica das pessoas e até o receio, se essa doação está sendo realmente destinada a quem precisa. Buscamos ser transparentes sempre com tudo que foi doado. O nosso principal foco é ajudar”, relata.

 

No Paranoá, a ONG Amor em Ação tem criado uma rede de apoio para a comunidade local e de outras regiões do Distrito Federal. A arrecadação de alimentos ganhou uma frente própria da entidade com a Ação Solidária Covid-19. Foram arrecadados mais de seis toneladas de alimentos e distribuídos com cerca de 600 famílias. “Nós percebemos que algumas famílias estavam precisando de ajuda, e resolvemos fazer campanha”, explica Oneide Santos, sócia-fundadora da ONG, que atua desde 2006.

 

De acordo com ela, a procura dobrou nos meses de pandemia. “Antes, tínhamos cerca de 300 famílias cadastradas na ONG, nas quais ajudávamos com várias ações. Desde abril, o número foi para 600”, relata. No entanto, o número de pessoas contempladas em cada ação depende do que foi arrecadado. “Quando não temos a quantidade de cestas básicas para suprir a demanda, fazemos um filtro de quem está precisando mais”, destaca o presidente da ONG, Walter Santos.

 

Em junho eles conseguiram uma doação grande, de quase quatro toneladas de alimentos que ajudaram a atender a todas as famílias cadastradas. Neste mês de julho, conseguiram manter, mas o receio de não ter uma demanda suficiente é constante. “Se, antes da pandemia, tinha uma procura grande, imagina agora, com pessoas desempregadas. O benefício do governo não é suficiente. Quem procura a cesta é quem realmente precisa e buscamos ajudar o máximo de pessoas que conseguimos” pontua Oneide.

 

Leila de Fátima:

 

Acompanhamento

No Recanto das EmaNG duas ações mantêm uma frente ativa de ajuda à comunidade local. A ONG Pró-Vida DF e a Associação Viva Vida Kardec têm uma rotina de arrecadação ativa para as famílias da região e de cidades próximas. Cestas básicas, cestas verdes, proteínas e produtos de higiene que são ofertados para a população em situação de vulnerabilidade.

 

O Projeto Integral de Vida — Pró-Vida tem dois pilares principais: a educação infantil para 198 crianças de 3 a 5 anos e o serviço de convivência e fortalecimento de vínculos com a escolinha de futebol e rugby, para 150 crianças e adolescentes, de 6 a 14 anos. Com a suspensão das atividades, por meio do decreto do Governo do Distrito Federal em razão da pandemia de covid-19, a entidade tem assegurado a alimentação de três mil famílias. São moradores do Recanto das Emas, Samambaia, Riacho Fundo, Sol Nascente, Paranoá, Gama, São Sebastião, Taguatinga e também do Entorno, como Santo Antônio do Descoberto e Valparaíso.

 

Por outra vertente, a Associação Viva Vida Kardec tem mantido um diálogo próximo com a comunidade do Recanto das Emas. De acordo com Caio Márcio de Barros Filho, 58, frequentador do centro espírita que está ajudando com as doações, por dia, são distribuídos cerca de 150 a 200 alimentos a famílias que precisam. “Acompanhamos as necessidades diárias das famílias. Não é só comida, mas roupa, gás. Tem gente que paga aluguel e perdeu o emprego e não tem como se sustentar. Vamos ajudando com o que temos”, relata Caio.

 

A forma de distribuição é diferente. Para conseguir atender ao máximo de pessoas possível, eles não entregam a cesta básica inteira, mas os itens que cada família está precisando no momento. “Claro que, se chegar alguém que realmente precise da cesta, vamos dar a cesta. Pensamos nos itens para que todos tivessem acesso. Mas, o que a gente está preocupado, mesmo, é com a pessoa, com a necessidade de cada família”, destaca Caio, que se sente gratificado com o sorriso de quem recebe os itens. “É um bem que retorna para a sociedade”, pontua.

 

 

 

 

“Se, antes, da pandemia tinha uma procura grande, imagina agora, com pessoas desempregadas. O benefício do governo não é suficiente. Quem procura a cesta é quem realmente precisa e buscamos ajudar o máximo de pessoas que conseguimos”

Oneide Santos, sócia-fundadora da ONG Amor em Ação

 

“Temos percebido que, a cada dia, o número de pessoas que bate à nossa porta tem aumentado. Muitas famílias estão com dificuldade de receber o auxílio do governo e elas não podem ficar sem alimentação”

Ana de Fátima Dias, diretora-geral da Ação Social Renascer

 

Itens com maior demanda

 

Alimentos

 

Roupas de frio e cobertor

 

Material de limpeza e higiene

 

 

Como ajudar

 

Instituto Social Renascer

Contato pelos números: 3028-4893 e 9 8356-6709.

 

Instituto Embalando Sonhos

Contato pelo número: 9 8580-6864

 

ONG Amor em Ação

Contato pelos números: 984096486 (Walter Santos) / 981578653 (Oneide Santos)

 

Associação Viva Vida Kardec

Contato pelo número:  9 8118-1087

 

ONG Pró-vida

Contato pelo número: 9 9298-6487


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