Jornal Correio Braziliense

DebateGDF2018

No primeiro debate do segundo turno, Ibaneis e Rollemberg vão para o ataque

No encontro promovido pelo Correio, os dois candidatos trocam farpas e abordam temas espinhosos para o adversário

O Correio Braziliense, em parceria com TV Brasília, deu a largada para a temporada de debates no segundo turno da eleição para governador do Distrito Federal. Durante quatro blocos, Ibaneis Rocha (MDB) e Rodrigo Rollemberg (PSB) ficaram cara a cara e trocaram alfinetadas. O governador chamou o adversário de "grileiro vertical" e disse que ele "topa tudo por dinheiro" por defender corruptos e grileiros de terras. Ibaneis revidou, disse que Rollemberg tem "memória curta" sobre a corrupção na construção do Mané Garrincha e que ele "tenta enganar a verdade".

No primeiro bloco, os dois candidatos responderam a perguntas de jornalistas do Correio. Rollemberg foi questionado sobre o aumento de cargos comissionados em ano eleitoral e sobre a postura neutra adotada na disputa presidencial, em que decidiu não apoiar nem Jair Bolsonaro (PSL) nem Fernando Haddad (PT). "Este aumento de cargos comissionados foi irrelevante perante o Orçamento geral", afirmou. Sobre a eleição presidencial, afirmou que "qualquer posicionamento, neste momento, demonstraria apoio à radicalidade".

Ibaneis foi questionado sobre a ação civil pública, movida pelo Ministério Público Federal, contra o pagamento de R$ 3,3 milhões em honorários ao escritório dele com recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef). Na quarta-feira (10/10), o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que é proibido o uso de recursos da educação para o pagamento de honorários. "Até ontem, era legal. Na data que recebi, estava como legal. O STJ decidiu também que os honorários são devidos. Se o pagamento for julgado como ilegal, eu irei devolvê-lo", garantiu. Ibaneis também foi questionado se nomearia aliados políticos envolvidos em escândalos de corrupção, como Tadeu Filippelli, para cargos no governo, caso seja eleito. "O fato de eu estar filiado a um partido político que tem pessoas investigadas por corrupção não quer dizer que eu seja corrupto", comentou, afirmando que não tem problema em firmar, em cartório, um compromisso de não nomear pessoas com problemas na Justiça.

Bate e rebate

No segundo bloco, os dois concorrentes ao Palácio do Buriti responderam a temas perguntados pelo oponente. Os assuntos eram sorteados. Rollemberg questionou Ibaneis sobre o combate à grilagem de terras públicas, afirmou que o emedebista é "um dos maiores grileiros do Brasil" e citou a suposta vontade de Ibaneis de acabar com a Agefis. "É importante que os eleitores conheçam o Ibaneis. Você é um grileiro vertical no Distrito Federal", acusou Rollemberg. Ibaneis respondeu que a acusação de Rollemberg é sinal de "desespero do governador". "Todos os meus empreendimentos estão em áreas em processo de regularização. Por isso, digo: ;População, vocês já votaram errado uma vez, não votem errado de novo;", completou.

Na sua vez de perguntar, Ibaneis tocou em um dos temas mais sensíveis ao governador: funcionalismo público. "O senhor deixou de pagar servidores e os maltratou. Assume o compromisso de voltar a valorizar os servidores do GDF e pagar a última parcela do reajuste?", questionou o candidato do MDB. Rollemberg disse que o diálogo sempre esteve presente no relacionamento com os servidores e afirma que todos os pagamentos foram feitos em dia no DF. "Teremos condições de pagar a terceira parcela das 32 categorias, sim, a partir de meados do ano que vem", garantiu.

O momento de maior tensão ocorreu quando Rollemberg voltou a questionar Ibaneis sobre a proposta do adversário de acabar com a Agefis. Ibaneis respondeu que quer uma Agefis "do bem", não a atual. Relembrou do Teatro Nacional, fechado há quatro anos, e da Rodoviária do Plano Piloto, que teve 10 cabos de sustentação e uma viga danificados por uma operadora de telefonia no momento em que instalava antenas de internet, como modelos de má administração dos prédios públicos do GDF. "Vamos cuidar dos nossos monumentos, governador." Na réplica, Rollemberg disse que Ibaneis está defendendo o interesse privado em detrimento do interesse público. "Quem sabe a Vivo não vai te contratar como advogado?", alfinetou o governador. Na tréplica, Ibaneis subiu o tom e disse que Rollemberg foi omisso quando senador na época da construção do Estádio Nacional Mané Garrincha. "Foi várias vezes ao estádio e se omitiu na fiscalização."

No terceiro bloco, reservado para temas livres, os candidatos voltaram a abordar temas sob suspeita de corrupção. Ibaneis perguntou a Rollemberg sobre o funcionamento do Centro Administrativo de Taguatinga (Centrad). "Se você for eleito, o que eu duvido muito, o senhor vai inaugurar ou dar outra destinação a ele?" O governador respondeu que o Centrad é mais um caso de polícia produzido pelo padrinho político de Ibaneis. "Até aqui, no nosso governo, não foi utilizado nenhum tostão no Centrad. Tadeu Filippelli é citado como um dos beneficiados. Rollemberg diz que R$ 60 milhões por ano são gastos com os custos do Centrad. O Hospital da Criança, por exemplo, custou R$ 106 milhões", diz. Na réplica, Ibaneis disse que, se houve caso de corrupção, cabe ao Ministério Público investigar e denunciar à Justiça os envolvidos. "Se tiver que regularizar a obra, irei regularizar. A população precisa muito disso."

Considerações finais

No quarto bloco, nas considerações finais, as alfinetadas continuaram. Ibaneis disse que a transparência permite que a população verifique no site do STJ a quantidade de municípios, de escritórios de advocacia e decisões transitadas em julgado, em nome de Gabriela Rollemberg, filha do governador, em relação à mesma acusação que é feita a ele. "E ela está certa, governador. Ela tem de trabalhar e receber seus honorários, ao contrário do senhor." Rollemberg respondeu que Ibaneis deveria respeitar sua filha. "O senhor tem demonstrado um comportamento muito agressivo em relação às mulheres", afirmou. Por fim, o governador pediu que os eleitores pesquisem a vida dos candidatos e com quem anda, lembrando as parcerias do opositor com políticos com problemas na Justiça.

Confira abaixo o debate transmitido pela TV Brasília
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