postado em 23/06/2009 11:30
Quem nunca tomou chá de boldo para aliviar uma dor de barriga ou curar ressaca? É tiro e queda, como dizem os mais velhos. As mulheres também agradecem a existência da camomila, erva utilizada no tratamento de cólicas uterinas, e, pelos egípicios, para combater a malária. Mas não é de hoje que essas e outras plantas são conhecidas pelo poder de cura. No Riacho Fundo I, em uma área do Instituto de Saúde Mental, localizado no Km 4 da Estrada Parque Núcleo Bandeirante, funciona a Oficina Farmacêutica de Fitoterápicos. No local, são produzidos remédios à base de plantas que atendem de 5 mil a 10 mil pessoas todos os anos.
O projeto pioneiro no país, que já existe há 10 anos, é responsável pela distribuição de remédios e pomadas naturais em 13 centros de saúde e mais o Hospital de Base. E a demanda cresce a cada ano. Em 2007, foram produzidos 16.522 frascos de medicamentos diversos. Em 2008, a produção foi de 18.613, ou seja, 12% a mais. Ao todo, nove espécies são cultivadas em uma horta orgânica. Entre elas, Guaco, Boldo, Mentrasto, Alecrim-Pimenta e a Babosa. Elas são extraídas da natureza e, em seguida, passam por um processo de desidratação e secagem em laboratório.
Há um ano, a estudante de enfermagem Ana Carolina Campolina, 26, trocou os remédios formulados com substâncias químicas por aqueles feitos à base de plantas. No armário de casa, ela guarda diversos medicamentos para acabar com a tosse, gripe e curar recorrentes crises alérgicas do filho Guilherme, de 4 anos. "Acho os remédios alopáticos muito agressivos", diz.
O médico e diretor do Hospital Regional de Planaltina (HRP), Carlos Alberto Campos, alerta que é preciso ter cuidado na hora de usar qualquer medicamento. "Não existe erva milagrosa. Até mesmo as naturais podem causar efeitos contrários ao desejado", avisa.
Segundo o farmacêutico e chefe da Oficina de Fitoterápicos, Nilton Neto, a rede de saúde precisa aumentar a distribuição dos remédios terapêuticos, uma vez que a demanda atual exige a produção de pelo menos mais 13 mil frascos anuais para atender a todos os pedidos. Os fitoterápicos também custam menos. O xarope de Guaco, por exemplo, sai por R$ 2 para a Secretaria de Saúde e é repassado gratuitamente aos pacientes. Os expectorantes comprados em farmácia custam seis vezes mais e saem ao preço de R$ 12 a R$ 15.
Os cuidados
- O chá de Confrei, muito utilizado para curar doenças gastrointestinais, tratar desinterias e reumatismos, por exemplo, pode gerar corrosão no fígado, quando consumido em excesso.
- Também é necessário prestar atenção à preparação das ervas, que devem estar livres de produtos tóxicos, como defensivos agrícolas
MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS MANIPULADOS
Alecrim-pimenta
Nomenclatura botânica: Lippia sidoides cham
Indicações/Ações terapêuticas: Antiséptico, antimicótico, escabicida
Babosa
Nomenclatura botânica: Aloe vera
Indicações/Ações terapêuticas: Queimaduras térmicas (1º e 2º graus) e de radiação
Boldo
Nomenclatura botânica: Plectranthus barbatus Andrews
Indicações/Ações terapêuticas: Antiséptico e antiácido. Indicado no combate de dores estomacais, males do fígado e diarreia
Guaco
Nomenclatura botânica: Mikania glomerata Spreg
Indicações/Ações terapêuticas: Expectorante e broncodilatador
Mentrasto
Nomenclatura botânica: Ageratum Conyzoides
Indicações/Ações terapêuticas: Analgésico em processos inflamatórios articulares